Ninfomaníaca - Volume 1

1/18/2014 05:49:00 PM |

Se tem uma coisa que me impressiona no mundo do cinema é como alguns diretores, e claro seus estúdios conseguem fazer tanta propaganda pra lotar salas e não entregar nem metade do que falaram, será que eles fizeram aula com alguns de nossos políticos? Pois bem, com isso em mente, como falei pra alguns amigos e coloquei também no Facebook, se você estava com algum receio de ir ao cinema ver "Ninfomaníaca - Volume 1" por conter muito sexo explícito e talvez ser um filme pornô, pode apagar todos os seus preconceitos e ir de boa que tirando as cenas do Capítulo 5 e uma ou outra cena espalhada, o filme é bem leve, com ótimas sacadas e se o diretor não quisesse polemizar tanto colocando essas cenas, o filme seria completamente bem explicado sem elas somente pelo diálogo genial da protagonista com a pessoa que lhe ofereceu socorro quando precisou. Claro que com o trailer do Volume 2 que passa durante os créditos dá pra ver que a coisa vai ficar bem pesada, então em Março saberemos se vai ser tudo que falaram mesmo, ou se o exagero de cortes da censura deixou o filme mais leve que muita coisa que víamos na madrugada da Band nos velhos tempos.

O filme conta a história de uma mulher desde seu nascimento até seus 50 anos, contada pela personagem principal, a auto-diagnosticada ninfomaníaca Joe. Numa noite fria de inverno, Seligman, um velho solteiro, encontra Joe machucada e semi-inconsciente num canto. Após a levar para seu apartamento ele observa as feridas dela e tenta compreender como é que as coisas podem ter corrido tão mal. Ele escuta atentamente, enquanto em 8 capítulos ela reconta a multifacetada e luxuriante história de sua vida.

Essa primeira parte compreende 5 dos 8 capítulos e mostra o lado mais "normal" da jovem com cenas leves de sexo e bem amarradas principalmente pela conotação sexual que conseguem juntar com referências à pescaria, música, comida, animais, árvores e tudo mais que vêm a mente no roteiro desse maluco que se chama Lars Von Trier. Porém os produtores resolveram que para não chocar tanto nos cinemas foi cortado material excessivo, afinal foram 100 horas de gravação, que resultaram num corte final de 5 horas, que limado comercialmente sairá em 2 partes de 2 horas, ou seja, embora não tenha perdido a essência, o que vemos é apenas 80% do que o diretor concluiu como sendo seu filme realmente. Além de maluco no roteiro, o cinema de Lars é interessante de ver pela forma que incorpora os personagens nos atores, claro que quem for ver e achar que os atores renomados realmente botaram pra lascar é ingenuidade demais, mas as interpretações faciais são suas, ou seja, o pessoal soube mandar muito bem na expressividade, e isso somente um diretor muito bom conseguiria arrancar de seus atores sem que eles precisassem realmente mandar ver nas filmagens.

Falar de atuação num filme desse estilo seria um pouco complicado, principalmente se fosse visto no cinema a versão original, que como disse deve ter muito mais cenas de "ação", pois geralmente em filmes do gênero com atores famosos sabemos que quem vai pra ralação nem sempre são eles, e sim atores pornôs com uma cabeça verde para ser eliminada depois, mas nessa versão foi possível analisar e bem a atuação dos atores. Charlotte Gainsbour já virou a musa de Lars, afinal está em todos os seus últimos filmes esteve presente fazendo todas as loucuras do diretor, mas aqui está tão bem de diálogos que nem parece a chata que vimos em "Melancolia" virar uma narradora de fatos, juntando tudo com supostos elementos do próprio cenário que ficou perfeita no papel, algo que será digno de ser lembrado pelo cinema afora, por enquanto não entrou ainda no rala e rola, mas veremos na parte 2 como ela chegou ao ponto em que foi encontrada. Stacy Martin que foi realmente pras cenas mais difíceis, fez uma iniciação perfeita no cinema já que é seu primeiro filme, e com isso já começa a ganhar mais filmes para seu currículo, suas cenas iniciais no trem principalmente são perfeitas, mas a cada capítulo vai melhorando mais e mais no quesito atuação que mesmo onde não está com sua sede de sexo consegue eximir uma interpretação perfeita para a personagem, além claro de suas caras de orgasmo que como disse antes ela não está sendo penetrada, então mostrou ao mundo que sabe fingir muito bem um orgasmo, ou seja, homens fujam de atrizes. Quem falava mal de Shia LaBeouf pode morder a língua ao ver como o jovem fez um papel bem colocado e soube administrar bem suas cenas fazendo dele alguém mais diferenciado na produção. Agora a melhor atuação impossível ficou para ficou a cargo de Uma Thurman como Mrs. H, fazendo algo que nunca na vida imaginaríamos ver uma mulher fazer, colocando seus diálogos num patamar incrível e mostrando porque ainda é uma das top atrizes que temos no cinema, acaba sendo um momento de diversão pelo absurdo de tudo, mas é genial o que faz em cena. Vale destacar também ainda que pouco os momentos de Stellan Skarsgård com as boas sacadas que dá para a história ser ligada, e a cara que faz no momento de imaginar a educação que a moça teve, mas nas demais cenas poderia ter colocado mais interpretação na sua face, pois parece um espectador de um filme que não está prestando nem atenção por não demonstrar vontade na cara. No geral todos agradam bem em suas cenas, mesmo que pequenas e passaria horas discutindo cada um, mas ficaria um texto imenso e não gosto disso, então vou apenas falar mais um bom destaque que foi Christian Slater principalmente em suas cenas no capítulo 4, que mostra tão bem a loucura que um ator sabe fazer, mas a doçura que teve nos momentos embaixo da árvore também foram bem cativantes para mostrar seu potencial.

O visual do filme está tão bem trabalhado que ficamos impressionados com o que vemos, já que fazer filmes desse estilo geralmente gera uma insegurança por parte da equipe e alguns costumam fugir para acabar não caindo no preconceito de outros diretores mais moralistas que eliminam bons profissionais somente por terem trabalhado com tal estilo de filme. O longa conta com ótimos elementos cênicos à todo momento que acabam sendo usados até mais do que deveriam, passando a fazer parte do contexto do filme para que os protagonistas utilizem eles nos diálogos com forte conotação sexual, então uma simples música de Bach acaba tendo sua forma de tocar de maneira diferenciada, como já vimos em alguns trailers, um simples modo de comer um doce, um anzol decorado, e por aí vai, sendo perfeito a forma que utilizam tudo. Os figurinos escolhidos sempre bem pautados com a época em que se passa, mas o destaque da roupa no capítulo 1 no trem foi de arrepiar junto da música escolhida. A equipe de fotografia utilizou algumas formas de iluminação incríveis e sempre no ângulo escolhido acabamos tendo um encaixe perfeito para que a obra fosse sutil onde precisava e forte onde seria marcante. Além disso, utilizaram um filtro Preto e Branco no capítulo 4 que colocou a nostalgia acima de tudo, dando um ar noir perfeito para o que o momento pedia.

Com músicas bem variadas, vamos de "Born to be wild" num dos momentos mais perfeitos para ser usada a canção, à Bach também muito bem colocado virando praticamente um modo de expressar o filme, e incluindo nisso tudo a banda de rock pesado Rammstein com algo perturbador para nossos ouvidos, mas que acaba simbolizando tudo, o longa acaba acertando em cheio nas escolhas musicais, transformando a sinestesia das canções em algo além do que poderíamos esperar ouvir e ver nas telas.

Enfim, o filme é extremamente bem feito, gostei muito das sacadas e Lars conseguiu mais uma vez fazer o que mais gosta, que é mostrar a realidade nas telas do cinema. Eu particularmente não tenho nada contra mostrar sexo explícito no cinema, mas se os produtores quiseram limar 20% do que achavam que chocaria, porque não arrancar tudo e deixar apenas como subentendido que cairia bem e não daria o mínimo da confusão que deu em diversos países? Essa é apenas uma ideia, pelo pouco que foi colocado nesse, não sei se na versão 2 será mostrado mais, então o jeito é aguardar o final de março para fechar com as conclusões efetivas. Por enquanto recomendo o filme pra qualquer um que possua mais de 18 anos e que não esteja com expectativa acima da média de ver um pornô nos cinemas, pois vi muitos jovens saindo frustrados da sala com o que viram. O longa possui sim alguns defeitos, mas felizmente nenhum deles atrapalha uma boa sessão e claro que teremos inúmeras discussões em torno dele e quem sabe até aqui no blog como aconteceu em outros filmes polêmicos. Por enquanto fico por aqui no aguardo do capítulo final do longa, mas nessa semana ainda tenho mais duas estreias por aqui, então abraços e até breve pessoal.


2 comentários:

Anônimo disse...

tem que colocar AS ESTRELAS CARA! e tambem ta muito grande

Fernando Coelho disse...

Olá Amigo, tá aqui logo antes do trailer a nota, agora do texto o resumo está logo na primeira página, quem entrar lerá completo se quiser apenas, essa foi uma das mudanças que mais me pediram! Abraços!

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...