Não Aceitamos Devoluções

7/04/2014 01:29:00 AM |

Quem me conhece poderia dizer com toda certeza que numa semana com tantas estreias, o filme "Não Aceitamos Devoluções" não seria o primeiro que veria, mas por um acaso do destino, ou melhor dizendo horários ruins de exibições, essa foi a escolha para iniciar a semana. E o que pensar inicialmente de um filme que passou trailer apenas 1 vez durante todas as sessões que como sabem quase moro nos cinemas, além de descobrir que ele era integralmente mexicano por meio de um comentário no Facebook do site, ou seja, nem pesquisa havia feito antes de entrar na sessão, e que não conhecia nenhum dos atores antes de nada. Pois bem, quem não é louco por cinema ao ter todas essas informações julgaria na lata: fria total. Mas o Coelho aqui vê tudo e lá pela metade do filme já estava achando interessante, uma comédia levinha, com algumas pitadinhas de lições de vida, até surgir o dramalhão mexicano que conhecemos das novelas, séries e tudo mais que passou em nossas televisões, falei nossa que besteira aprontaram de colocar isso, "você não é quem eu achava que você seria ou será que você não era quem achei que você fosse sendo!" com todo um ar dramático imenso. Ok, deram uma quebrada no que ia e até ai tudo bem, já estava classificado como comédia/drama mesmo, e a nota já estava só que descia, aí resolveram nos lembrar de um problema citado lá pela metade do filme, que já tínhamos até esquecido, e queixos ao chão, choque total, e o filme se torna genial, tudo que havia acontecido durante os 110 minutos anteriores e revelados apenas nos 5 finais mudam completamente a vertente do longa e tinham muito motivo de estar acontecendo, e aí que saímos da sessão inconformados de não ter prestado mais atenção em diversos detalhes que quem sabe tivesse nos dado alguma dica melhor e pronto, o ator principal que é também o diretor do filme ganhou uns bons pontos.

O filme nos mostra que Valentin nunca se preocupou com a vida no México. Basicamente sua rotina era sair com várias mulheres e alternar em pequenos trabalhos. Porém, um dia, uma mulher bate em sua porta e lhe deixa um bebê, alegando ser sua filha. Valentin toma a decisão de se mudar para os Estados Unidos e criar a pequena Maggie durante vários anos, o que o faz se tornar um homem responsável. Seis anos mais tarde, a mãe de Maggie reaparece com a intenção de pegar a filha de volta.

Falei muito na introdução, e ao ler a sinopse vejo que muitos vão dizer que fiquei maluco de vez, ao dizer que uma comédia atuada pelo próprio diretor e roteirista Eugenio Derbez, o qual nem sei quem é, e no IMDB diz ser uma das estrelas mais conhecidas do México, (que pra mim era o Chaves, mas tudo bem se lá tá dizendo quem sou eu pra discordar). Mas aí é que muitos vão poder falar depois de conferir o filme, que a grande sacada do diretor foi nos ludibriar totalmente com a história paralela, a que consta inclusive na sinopse para que a real história não fosse mostrada tão facilmente, claro que com isso estou dando um imenso spoiler e muitos irão assistir até não tendo o mesmo choque que tive com o final, mas aqueles que caírem vão sair da sessão, fazendo uma comparação ridícula que nada tem a ver, como se tivesse assistido "O Sexto Sentido" e depois de saber que o cara estava morto, a história parece ser completamente diferente, não estou dizendo que ninguém está morto ok, antes que já falem que fiquei mais maluco ainda, apenas citando uma comparação maluca. E com isso, todos os planos estão ali para mostrar, todas as dicas faladas durante o filme estão ali para nos mostrar e só quem acabar entrando no clima vai ficar sem ver logo de cara tudo que ocorre, mas querem uma dica, deixe-se levar pela história e não procure as dicas tão facilmente, que é gostoso se chocar com um final atípico das comédias americanas, e nesse quesito temos de aplaudir o filme mesmo com tudo bem simples e bobo que é mostrado, afinal com o orçamento baixo que tiveram em mãos fizeram até muito milagre com uma ponta do Johnny Depp, ou alguém bem parecido com ele já que o nome não consta nos créditos, que deve ter levado o orçamento todo de 5 milhões.

No quesito atuação, não posso dizer que as facetas de Eugenio Derbez sejam tão boas quanto o que fez na direção, pois quando não estava com cara de cachorro pidão que caiu da mudança, estava tentando passar a impressão de que era alguém que estava superando seus medos de forma obrigatória, e por isso que insisto, quer dirigir, fique atrás das câmeras, quer atuar vá pra frente, mas não misture ao mesmo tempo que o risco é de não ficar 100% bom. Jessica Lindsey faz um papel bem mediano nos 2 momentos principais do filme e é responsável pelo dramalhão tradicional na cena do julgamento, poderia ter sido mais eloquente em algumas cenas, não deixando apenas para na cena final fazer uma personagem mais visualmente interessante. Daniel Raymont trabalha bem com as sacadas possíveis ao dar cara para um diretor maluco que só pega coisas estranhas para filmar, e tem bons momentos, mas poderia ter nas suas poucas cenas chamado mais atenção pra si. Loreto Peralta, sim isso é nome de uma menina, faz bem a garotinha nos momentos que precisa interpretar o roteiro, dando essência para o personagem, e por ser teoricamente sua estreia nas telonas fez bem, mas ainda precisa melhorar a expressão facial nos momentos mais tristes, pois parece sempre estar com a mesma cara de não estar entendendo o que está fazendo. Os demais são na maioria papéis pequenos e até bobos em sua maioria, não sendo tanto o que vai valer para o filme ser bom como foi.

A parte cênica e visual do filme é algo interessante de observar, pois trabalharam com poucos cenários, mas todos muito bem montados, com diversos elementos cênicos que enchem os olhos e nos levam a pensar diferentemente do que a história realmente trata, e com toda esse luxo que é mostrado de forma simples, as cores cenográficas agradam bastante e vai nos conduzindo para um final bem tradicional, o que não ocorre. Um fator bem bacana são os lobos que aparecem a todo momento, são de um primor genial e muito bonito de ver, o de óculos foi o mais divertido na minha humilde opinião, mas os demais foram bem colocados. A fotografia usou também de algumas artimanhas para nos pegar, usando cores invertidas as tradicionais, colocando momentos tristes com cores quentes puxadas para o amarelo, e momentos mais divertidos com tons escuros puxados para o marrom, e isso é algo incomum, mas que funciona bem para deixar o espectador entretido com o enredo que não é o principal.

Enfim, se você gosta de novela mexicana, irá amar o filme, mas se você não gosta também irá gostar bastante pelo único motivo, um final inesperado e que quebra todo o andamento do filme. Como disse no começo, estava preparado para dar notas abaixo de 5, rumando para o 4, mas ao entender tudo o que ocorreu, com o final impactante o filme subiu 4 pontos e me agradou bastante. Recomendo que caiam no que o filme propõe e aí sim mudar toda a opinião do longa apenas com os últimos 5 minutos. É algo completamente estranho, mas agora já sei que o México também pode nos surpreender com uma comédia dramática. Fico por aqui agora, mas nessa semana teremos muitos posts por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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