O que acontece quando dublês e diretores de segunda unidade, que geralmente dirigem os dublês, resolvem dirigir por inteiro um filme? Saltos, tiros, coreografias de luta e tudo mais que uma boa dose de ação pode ser suprida numa tela de cinema. Pois bem, isso é o que ocorre em "De Volta Ao Jogo", que lá fora saiu com o nome do personagem principal "John Wick", que é o mais correto, já que o nome dele é o pavor que qualquer mafioso deveria ter em mente, e não sua volta ao crime. Não posso dizer em momento algum que é um filme ruim, afinal cumpre bem com sua perspectiva, mas já virou uma coisa tão manjada alguém fazer algo com a família, ou algo que represente isso, de alguém, e na sequência esse alguém ir atrás dos bandidos, que já quase sabemos cada cena de cor e salteado, além das cenas totalmente falsas, aonde o mocinho está na mira do bandido, pronto para ser morto, mas não, o bandido não atira, ele leva a pessoa para conversar, afinal é mais legal um bate papo. Do resto nem preciso falar mais nada, que todos vão saber exatamente o que esperar, então se esse estilo lhe diverte e você gosta de muitos tiros pra todo lado, esse pode ser uma boa diversão para o seu final de semana, agora se você já cansou de ver isso, fuja, pois é manjado na íntegra.
O longa nos mostra que John Wick é um homem solitário e antigo matador de aluguel, que perdeu tudo na vida. Um dia, Wick é forçado a voltar a ação quando um criminoso aparece em sua vida. Sem nada a perder, John decide voltar ao jogo e enfrentar a máfia com toda habilidade e crueldade que o tornaram uma espécie de lenda do submundo do crime.
Como falei no começo, a ideologia do filme já vimos muitas vezes nos cinemas, e por ser um estilo tecnicamente fácil de criar a história, mudando uma ou outra perspectiva, acabam saindo diversos roteiros parecidos que caem nas mãos de produtoras que resolvem fazer com algum ator que quem sabe dê retorno para eles. E geralmente novos diretores que acabam arriscando a mão nesses filmes, afinal nenhum grande nome se arrisca a repetir algo que já todos fizeram, e nem sempre deu certo. Aqui a dupla David Leich e Chad Stahelski, que foram diretores de segunda unidade em "Tartarugas Ninjas" e "Jogos Vorazes: Em Chamas", estreiam seu primeiro trabalho à frente da direção, e ao menos souberam pôr em prática o que mais sabiam fazer, que são coreografias enormes de lutas e tiros, onde tudo é milimetricamente calculado para agradar o espectador que goste de uma boa ação. E analisando o longa somente por esse estilo, é muito bom o que é passado, mas somente isso faz valer um ingresso de cinema, para alguns sim, para outros a reprise de tema acaba incomodando demais e irá apenas reclamar do que viu. Talvez se tivessem dado alguma nova vertente para a trama, o filme teria deslanchado mais, porém preferiram o modo seguro de fazer tudo, o que resultou em algo correto, mas longe de ser lembrado daqui alguns dias.
As atuações até são interessantes dentro da proposta do filme, mas não é nada que você pare e se surpreenda com algum feitio de qualquer um dos atores. Keanu Reeves ganhou muito dinheiro, fez atuações bem encaixadas, mas isso foi no passado, hoje ele é apenas um chamariz de fãs de seus filmes que trabalha corretamente, se esforçando para parecer interessante, mas não tem carisma, muito menos empolga em cena para que torçamos por ele, ficando apenas alguém que está vingando a cena mais triste do cinema dos últimos tempos. Willem Dafoe ficou tão em cima do muro com seu personagem Marcus, que inicialmente julgamos mal ele, mas com o decorrer da trama até tem boas cenas, mas não deslancha, ficando alguém que foi colocado meio que também pelo nome apenas. Michael Nyqvist faz o antagonista Viggo mais fraco que o cinema já viu, sabe socar bem, mas nenhum momento consegue convencer como líder da máfia russa, precisariam ter desenvolvido bem mais a história do passado dele e do protagonista para que algo justificasse o tanto que enche a boca para falar do que fizeram. Alfie Allen começou com tudo com seu Iosef, e parecia que seria daqueles vilões que iríamos odiar e ficar com muita raiva, porém virou apenas um ratinho que corre o longa inteiro pela casa e não incomoda ninguém, péssimo trabalho. Adrianne Palicki merecia aparecer mais em cena, afinal que moça de traços interessantes, mas serviu de base em duas cenas e já não quiseram mais utilizar, implicando um código ético apenas para tirá-la de jogo, o que é triste demais para um roteiro. Dos demais serviram apenas como base para tiros dos protagonistas, então nem temos muito o que falar, valendo apenas as sacadas irônicas do recepcionista do hotel, interpretado muito bem por Lance Reddick.
Por ser um filme bem ágil, onde o protagonista não economiza balas, o longa se passa em diversos cenários bem trabalhados para que o espectador adentre ao clima da história, e todos possuem elementos demais para servirem como arma tanto para o mocinho quanto para os vilões, e isso é interessante de acompanhar, mesmo que de forma totalmente clichê, até com pontos de virada tradicionais, mas que soaram bem desenvolvidos. A fotografia abusou do filtro roxo, sem motivo aparente algum, mas que deu um tom ao menos diferente na trama, meio sombrio, mas sem muito o que falar.
Um ponto excelente da trama ficou por conta da trilha sonora, de escolhas rítmicas impressionantes envolvendo blues e rock da melhor qualidade para dar o tom exato no ritmo do filme e combinar também com o tema da trama. E confesso que se não fosse por essas escolhas musicais, talvez o longa ficasse tão insuportável que ninguém acabaria ao menos curtindo o que foi mostrado.
Enfim, é mais do mesmo que ao menos por ter diretores da área coreográfica de ação, não cometeram atos falhos nas cenas mais ágeis, mas infelizmente a repetição de um tema que tem ao menos 2 a 3 filmes iguais a cada ano, já enjoou. Recomendo ele somente se você não tiver mais nada para ver e goste do estilo, pois mesmo sendo algo um pouco acima da média, não vai ser nada que irá surpreender. Bem é isso, fico por aqui agora, mas nesse final de semana ainda tenho muita coisa para conferir, então voltarei bastante com mais posts para vocês, então abraços e até breve.
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