A ideia original de Kauê Telloli que assumiu quase todas as funções do longa, passando de roteirista a diretor e inclusive atuando é algo que mostra que não é só em países com grandes faculdades de cinema que saem filmes simples aonde uma pessoa faz quase tudo e acaba ganhando as graças das grandes produtoras, pois ao trabalhar bem a ideia da câmera na mão (claro que depois de chegar no sitio, pois até chegar lá acontecem coisas bem bizarras de se ver em um filme) para controlar toda a dinâmica do filme, o jovem conseguiu agradar tanto a linha de história para criar drama e suspense quanto não deixar de lado uma linguagem bem condicionada para que seu filme ficasse bem interessante e não soasse estranho demais. É imprescindível dizer que a trama inteira usa do recurso da câmera sendo movida pelos personagens, então de repente estamos olhando a imagem, você vê eles pegando e muda o ângulo, dando uma falsa impressão de plano sequência, mas o que inicialmente incomoda, com o passar do tempo já estamos quase que pedindo para que eles coloquem a câmera em outra posição para podermos ver o que está acontecendo melhor, e isso é algo bem legal de acontecer. Um pequeno defeito da trama é o ritmo, pois o que inicialmente passa rápido, vai diminuindo de velocidade e cansando um pouco, e dessa maneira, o filme que tem 72 minutos parece ter no mínimo 100, e isso para quem prefere um longa mais agitado pode ser que não se empolgue com o que o diretor fez, mas é um mero detalhe de gosto.
Sobre as atuações, os três protagonistas conseguiram fazer uma dinâmica bem natural, quase que dando perspectivas de um reality show de jovens que gostam de filmar tudo, e isso é bacana, pois quanto mais natural pareciam, menos artificiais ficavam até os momentos em que interpretavam coisas que haviam ocorrido no sítio. Kauê até que saiu bem com seu papel de Guilherme, mas ainda não sou favorável à diretores atuarem em seus próprios filmes, prefiro que o comando de cena seja mais firme e que não se misture os dois lados da câmera, claro que ele não falhou em nada, mas também não deu o seu máximo, deixando algumas responsabilidades para os outros. Francisco Miguez já havia agradado bastante há 5 anos atrás no filme "As Melhores Coisas do Mundo", e agora caiu muito bem o papel de Thiago para ele, aonde pode trabalhar expressões e jogar a interpretação do personagem num nível incrível de ser visto, certamente ainda vamos ouvir falar muito dele. E para fechar o elenco Samya Pascotto deu todo um jeitinho sedutor para sua Priscila, segurando bem a onda entre os primos e com isso fazendo caras e bocas para desenvolver a personagem sem recair para um tom forçado, e isso mostra uma técnica bem bacana de ver já que a jovem ainda está bem no começo de sua carreira, ou seja, ainda tem muito o que aprender, mas tem futuro.
Sobre o conceito artístico da trama, até que a equipe de arte sofreu bastante para compôr o sítio, afinal são mostrado diversos elementos cênicos e muitos deles são usados nas histórias dos personagens, ou seja, tiveram de procurar muita coisa para remeter ao roteiro e isso funcionou bem. A fotografia usou bem pouca iluminação para deixar o tom rural do sitio sem muita tecnologia (ao menos até um telefone tocar e deixar um pouco confuso toda a história, que acabei ficando na dúvida de se tudo não passou de um golpe dos garotos ou se foi realmente um furo de roteiro, vou preferir ficar com a primeira impressão), e essa iluminação mais rústica deu um tom mais alaranjado para a trama, o que segura bastante um filme de suspense, mas o sentimento completo foi passado mesmo nos momentos em que tudo ficou preto, e isso foi certamente um grande trunfo da equipe.
Enfim, não vou dizer que é o melhor filme do gênero que já vi, mas confesso que fiquei muito feliz com a história, com o estilo escolhido pela direção e principalmente por conseguirem uma distribuição bacana, afinal sem ela o longa não chegaria ao interior. O longa claro que possui defeitos, afinal todo filme feito com câmera na mão fica estranho de ver, tem também a questão do ritmo, mas tirando esses, o resultado é incrível de ver. Torço agora com muita força para que junto de minha boa crítica, mais pessoas confiram o longa nos cinemas, afinal precisamos apoiar novos estilos dentro do cinema nacional, então fica aqui a dica para quem for de Ribeirão Preto e também nas demais cidades que estiverem passando, que vá e confira o trabalho bem bacana desse jovem diretor que quem sabe mais em breve ainda explodirá os cinemas nacionais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos no site, então abraços e até breve.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...