Certamente você já assistiu diversos longas de perseguição e assalto, mas garanto que com a essência de "Em Ritmo de Fuga" nenhum passou pela sua imaginação, e não digo pela ótima ação de carros fazendo manobras impossíveis, mas sim pelo conteúdo completo da beleza no coração do protagonista para com seu pai adotivo, pela forma de amor que ele demonstra, e principalmente pelo ótimo estilo que desenvolve junto com os demais personagens da trama. De modo que o filme flui fácil, é sim pesado para quem não está acostumado com jargões criminosos, mas funciona em demasia do começo ao fim, mesmo tendo alguns momentos mais leves no miolo para acalmar um pouco os ânimos, e talvez algumas repetições pudessem ser evitadas, mas ao final vemos que é algo que a memória afetiva do protagonista necessita, então se faz por valer. Ou seja, um filme completo que agrada quem for esperando muita ação, e também convence quem espera ver um policial romanceado, divertindo e comovendo na mesma medida, ainda que o protagonista seja teen demais ainda, e certamente vai crescer muito no cinema para impactar realmente como um ator completo mesmo.
A sinopse do longa nos conta que Baby consegue entrar numa gangue de assaltantes de banco. Ele fica com a função de dirigir o carro de fuga e fica em perigo quando decide deixar a vida de crimes para trás. Dessa forma, o jovem tenta escapar do chefão com a ajuda de uma garçonete, por quem é apaixonado.
É difícil vermos algum filme de Edgar Wright sem ser algo completamente maluco e com essência jovial, pois sempre trabalha esse estilo de maneira tão bem apropriada que nos deixa até sem fôlego de imaginar o que ele pode entregar, porém se compararmos com outro longa eletrizante de essência maluca "Kingsman" (que nada tem de referência aqui, apenas para citar como exemplo de diferença técnica), o que faltou para a perfeição desse novo longa foi menos coreografias marcadas, pois principalmente nas cenas finais vemos os artistas bem duros fazendo passos sequenciais bem falsos, o que mostra talvez a ordem de filmagens não tão boa (pode ser que as últimas cenas tenham sido feitas primeiro e o elenco ainda não estava no gás) ou o cansaço de muito tempo de filmagem, mas isso é algo que muitos nem devem ligar, pois se pararmos para pensar é apenas técnica, já que o contexto de história bem feita, com diversos estilos em apenas um longa, ótimas atuações, uma pegada clássica de estilo, e principalmente uma ótima trilha sonora, resultaram num completo composto bombástico para que todos vejam e saiam com a adrenalina a mil, mostrando que esse jovem diretor ainda vai explodir um blockbuster do melhor estilo e ganhar muitos prêmios com isso, é questão de tempo e aguardaremos para ver.
Como disse acima, o longa está repleto de boas atuações, e mesmo com um ar bem adolescente, Ansel Elgort conseguiu entrar no clima perfeito para seu Baby e criando dinâmicas bem coreografadas, e esbanjando um excesso de confiança extremo acabou saindo melhor do que a encomenda, claro que ainda vai crescer muito no cinema com papeis que lhe exigirão muito mais rigor, mas aqui já mostrou que tem potencial para protagonizar com níveis altíssimos de bons trejeitos e diálogos somente na medida. Jamie Foxx trouxe um ar mais rigoroso (para não falar criminoso) para o longa com seu Bats, mostrando que não entrou no longa para brincar e ser bonzinho (no melhor estilo de seu Django), e com muita desenvoltura chega a dar nervoso com tudo o que acaba fazendo em poucas cenas. Kevin Spacey trouxe um ar mais administrativo para o seu Doc, mas ainda assim soube entregar uma personalidade bem colocada e interessante de ver. As cenas do protagonista junto de CJ Jones falando através da linguagem dos sinais, e mostrando todo um sentimento gostoso de pai/filho com um querendo proteger/dar o melhor para o outro é a coisa mais linda de ver, e o ator (que é surdo realmente) soube trazer uma roupagem bem interessante de olhares com muito estilo e personalidade, agradando demais em suas poucas cenas. Jon Hamm recebeu um visual bem diferenciado para seu Buddy e com trejeitos fortes acabou mostrando um estilo bem violento para as cenas finais do longa, de modo que trabalhou em três eixos no longa, um no primeiro assalto mais calmo e descolado, outro na preparação do assalto final, já mais rebelde mostrando seu ar malvado, e o maluco desenfreado que faz de tudo nas cenas finais, acertando em cheio nos três moldes. Sua parceira de cena Eiza González foi o ar sexy que todo longa de assalto necessita, de modo que sua Darling só serve para isso, até tendo um ar despojado na sessão de tiros, mas a beleza sobrepôs tudo. Falando em beleza, deram uma enfeiada em Lily James para que sua Debora fosse singela, mas não uma arrasa-quarteirão como foi em "Cinderela", fazendo até um papel meio insosso como garçonete e claro que mostrando que a paixão pode sim surgir de um bom papo maluco. Embora seja apenas uma leve participação especial, o baixista do Red Hot Chilli Peppers, Flea, saiu-se bem em cena com seu Eddie sem Nariz, demonstrando um bom tino interpretativo (e se não houver atrasos, semana que vem ele aparece em mais um longa!!). Dos demais, a maioria foi participativa em cena, apenas sendo bem colocado para que cada cena ficasse dinâmica e sem erros.
No conceito visual, o longa nem foi muito apelativo, afinal longas de perseguição não costumam ter muitos objetos cênicos e nem elaborar algo complexo em termos de direção de arte, deixando apenas carros rápidos, e claro muita destruição de vários outros carros, e aqui botaram pra quebrar, destruindo, trombando, correndo, jogando tudo para o alto, explodindo, atirando e por aí vai, criando algo muito dinâmico e bacana de acompanhar, e por mais incrível que pareça, não erraram nas iluminações, mostrando que a equipe de fotografia estava a postos para que toda cena criasse um ambiente bem pontual e charmoso (dando um ar de época para o filme), mas principalmente criando as nuances corretas para cada momento do longa nas perseguições policiais muito bem coreografadas de carros, luzes e tiros.
Por ser um longa bem musical, com a trilha sonora dominando praticamente todas as cenas, afinal é explicado em determinado momento o motivo do protagonista não tirar seus fones de ouvido em quase momento algum, as escolhas musicais foram determinantes para que o longa não ficasse cansativo e nem enjoasse em momento algum, mostrando que o protagonista também tinha boas habilidades de escolher o melhor para cada momento e para cada pessoa. E claro que não vou deixar vocês sem o link das canções do filme, pois seria muita tortura.
Enfim, é um filme divertido demais, com uma boa dose de violência, humor, adrenalina e estilo clássico, que empolga do começo ao fim, e que quem gosta de todos esses conceitos vai assistir sem reclamar de nada. Como disse possui alguns momentos que a coreografia ficou forçada demais, e com isso o longa se perde um pouco, mas é mero detalhe técnico que quem for apenas pela boa diversão e procurando um roteiro inteligente e interessante vai gostar demais do que verá na telona. O longa está com algumas pré-estreias em algumas cidades, mas dia 27 estreia em definitivo, então vá agora ou aguarde, mas não fique sem ver, pois é muito bom. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã confiro mais uma pré-estreia, então abraços e até mais tarde com mais um texto.
2 comentários:
A crítica do filme é interessante, é uma boa opção para uma tarde de filmes. Ansel Elgort esta impecável no filme Em ritmo de fuga. O ator tem tantos bons filmes, mas esse ressalta sobre os demais. Ele sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto.Sou um fiel seguidor de Edgar Wright filmes Apesar de não ser um diretor tão reconhecido na indústria do cine, ele é um dos poucos que conseguem boas obras cinematográficas de ação graças ao seu grande profissionalismo. Lo recomendo muito.
Olá Luciana, concordo demais com você... ele aqui melhorou demais as expressões, pois em muitos fazia cara de pidão demais, mas sempre colocando um ar expressivo ao menos... quanto ao diretor, ele é um dos poucos realmente que conseguem criar algo que nos prenda. Abraços e obrigado pelo comment!
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