Chega a ser engraçado comparar uma animação de nível da Pixar/Disney com qualquer outra produtora, pois sempre nos é entregue tantas cores, tantas texturas, tantas emoções, personagens diferenciados, que para nós adultos, quando vamos ver um filme deles já sabemos que vamos encontrar muitas metáforas, sentimentos e simbologias para todos os lados, e ainda assim poderemos levar os pequenos que eles se encantarão com muitas cores e por vezes acabarão se divertindo com um ou outro personagem. Esse é o selo Pixar, e você verá ele com muito afinco em "Viva - A Vida É Uma Festa", e digo bem mais, o longa além de emocionante é forte ao trabalhar não com a morte em si, pois esta como bem sabemos na cultura mexicana é algo para ser celebrado, e aqui é entregue de maneira delicada e interessante, mas o impacto surge no último ato com personagens principais, e desde o ponto de virada é um choque atrás do outro, ou seja, certamente embora estará sendo vendido como uma animação infantil para levar as crianças, com brindes fofos e tudo mais, recomendaria ele para no mínimo de 10 a 12 anos, e talvez até mais, pois sim temos boas metáforas familiares, muita simbologia de união pela família e tudo mais, mas vi tantos pequeninos chorando nos cinemas, que acredito que somente as cores e o cãozinho fofo Dante não serão suficientes para segurar eles no cinema. Mas, para os adultos, como sempre o resultado é incrível, possui excelentes camadas de história, de texturas, de cores, e claro de músicas que vamos nos encontrando em tudo e o resultado no final dá até um nozinho na garganta.
A sinopse nos conta que apesar de a música ter sido banida há gerações em sua família, Miguel sonha em se tornar um grande músico como seu ídolo, Ernesto de la Cruz. Desesperado para provar o seu talento, Miguel se vê no deslumbrante e pitoresco Mundo dos Mortos seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho ele conhece o trapaceiro encantador Hector, e juntos eles partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel.
Depois de ter feito muito marmanjo chorar com seu último filme, "Toy Story 3", o diretor Lee Unkrich, vem agora trabalhar uma mensagem mais ampla e para isso recorreu à simbologia da morte pelo lado mexicano desse misticismo, aonde essa fase, e principalmente o dia dos mortos é uma celebração de encontro afetivo e de memória com os que já foram embora, e só essa deixa já é algo emocionante para ser trabalhada, mas aqui o diretor optou por trabalhar tanto a busca de um sonho, como também duas outras vertentes, a quebra da inocência (que chega a ser uma das cenas mais fortes que já vi em uma animação) juntamente com um antagonista que ninguém esperava ver acontecer, e o melhor, ele consegue surpreender de forma mais e mais impactante, ou seja, ao direcionar dessa forma o diretor/roteirista não só criou toda uma mítica como também incorporou mais ainda o símbolo de seguir o sonho junto com a família, nunca abandonar esse elo, e assim sendo o resultado que seria apenas bonitinho, ficou forte e bem colocado como um filme mais sério para ser tratado.
Claro, que mesmo tendo essa ousadia, o diretor não nos decepcionou em nada, criando nuances visuais incríveis, destaque para o plano aberto na hora que o garotinho chega na cidade dos mortos, temos muitos, mas muitos mesmo, personagens bem desenhados passeando para todo lado (chega a lembrar "Zootopia - Essa Cidade É O Bicho"), cores vivas espalhadas, espécies de teleféricos voando para cima e para baixo, e nesse misto de cores, muita textura misturada com boas expressões, e claro, símbolos e mais símbolos, tornando sim o longa ao mesmo tempo visual para a garotada, e sério para os adultos refletirem, ou seja, um filme completo tanto no conceito de história quanto no conceito artístico.
Quanto dos personagens e da dublagem nacional, tivemos um garotinho ao mesmo tempo fofo e determinado, aonde com muita postura o Miguel dublado e cantado por Arthur Salerno encontrou trejeitos e determinações bem colocadas, ousando pouco em gírias e agradando muito no conceito da personalidade, envolvendo ao mesmo tempo que impõe, ou seja, na medida certa. O carisma do cachorrinho Dante é algo que mexe muito com o público, primeiro por colocar um vira-lata, e não um cão de raça para dar nuances bacanas de adoção que anda bem na moda, e ainda mais com o desenrolar que vemos mais para o fim, que agrada ainda mais com a personalidade do bichinho. O esqueleto Hector vamos gostando dele aos poucos, e ao nos revelar sua história completa ficamos de queixo caído, ainda mais depois de ter passado pela "favela" dos esquecidos que acaba ficando incrível, e a dublagem de Leandro Luna ficou ótima realmente. Agora se você quer falar de texturas de velhice, olhe para Mama Inez (Mama Coco no original) e certamente você verá todas as vovozinhas que conhecemos, de uma maneira tão perfeita que chega a dar medo do que podem fazer com animações. Ainda falando de personalidade, tivemos um Ernesto de La Cruz bem forte e cheio de compostura para chamar a atenção, desde sua história no começo, até o final bem incrível, ou seja, um personagem que a dublagem de Nando Pradho ficou na medida certa. Enfim, tivemos muitos bons personagens, e falar de cada um passaria por horas e daria até spoilers maiores, mas vale reparar em cada um para encontrar sua sina e seus atos.
Ou seja, o conjunto da obra surpreende! Não vi a trama em 3D hoje, optando pela conversão em Imax 2D que garantiu um conjunto mais incrível de cores, porém no final de semana irei rever em 3D para poder falar mais dos efeitos (que aparentemente pareceram interessantes com muitas pétalas de flores voando e alguns personagens também voando, ou seja, deve estar legal também), daí volto aqui nesse parágrafo mesmo para editar.
---> Voltando aqui para falar sobre o 3D da trama, hoje revi o filme e posso dizer que continuou lindíssimo, mas o 3D devido os óculos perde um pouco das cores magníficas que vi na Imax, e o que a tecnologia incrementa é maior profundidade cênica, de modo que as cidades parecem maiores, os personagens passam a ter formas melhores arredondadas, temos algumas sombras a mais, e alguns leves voos dos alebrites, mas nada que surpreenda como imaginava que poderia acontecer, portanto vá ver em Imax 2D que a garantia de cores é bem maior, e claro se você for adulto leve lencinhos, pois hoje a sessão quase foi alagada pelo público mais velho.
Quanto a musicalidade da trama, tivemos músicas bem interessantes, mas que como já falei em outro post, a Pixar diferentemente da Disney cria seus longas musicais mais centrados, e com isso não temos canções que adentram nossa mente e ficamos cantarolando sem parar, apenas são bem encaixadas para passar a nuance da trama e dar o ritmo que a cena precisa, mas ainda assim, como sou um bom amigo dos meus leitores, deixo aqui o link com as canções dubladas, e também algumas originais.
Enfim, é um filme muito bom para se refletir, para se emocionar e até para se surpreender, valendo a conferida. Como disse, talvez os pequenos não se conectem tanto, mas de certa forma passará uma boa mensagem para os não tão pequenos, portando fica a dica para saber se vai ou não levar o filhote para conferir a trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, com praticamente a única estreia da semana que não veio antes em pré, mas volto logo mais com o texto da outra animação que veio como pré-estreia, então abraços e até breve.
2 comentários:
lencinhos? eu nunca chorei vendo um filme
Rapaiz... minha irmã desidratou vendo esse filme... e vários amigos também... mas se você nunca chorou com nenhum, talvez esse só se lhe tocar por algum motivo específico... abraços!!
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...