Tem filmes que vamos conferir meio que já sabendo o que esperar deles, e assistimos completamente sem passar nenhum sentimento, logo saímos da sessão prontos sabendo exatamente o que escrever e o texto fica enorme. Mas e quando você vai esperando ver mais um longa americano com temática de colégio, descoberta da sexualidade e coisas banais que se passam num trailer, e te derrubam com algo tão bem colocado, cheio de emoção, e que mesmo que você nunca tenha acontecido algo do estilo acaba se conectando tanto ao ponto de nem saber o que escrever? Pois bem, esse é "Com Amor, Simon", um filme que muitos vão odiar (principalmente quem não se conectar com qualquer ponto do filme), mas quem já brigou com amigos, quem já se apaixonou qualquer vez, quem já teve algum segredo revelado fora de hora, e principalmente quem gostar de ver um bom filme, acabará como a maioria do público na sessão que estive, aplaudindo, chorando, se emocionando com algum momento, tendo revolta com algo, alguns vão gritar o famoso "eu sabia", alguns vão se assustar com alguns momentos, mas o principal, todos que forem conferir irão sair da sessão com algum sentimento, e isso é cinema e ponto final, não dá pra ir conferir um longa, passar mais de uma hora da sua vida assistindo algo e sair da sessão apenas com um "foi bom", mas sim quando o filme te pega, é a diferença, e esse mais do que indico, pois souberam dosar tudo o que tinha para virar um filme horrível, chato e cheio de clichês, mas reverteu tudo para o lado perfeito que uma trama poderia pedir.
A sinopse nos conta que todo mundo merece uma grande história de amor. Mas para Simon Spier, de dezessete anos, é um pouco mais complicado: ele ainda não contou para a sua família ou amigos que é gay, e não faz ideia de qual seja a identidade do seu colega anônimo que divide o mesmo segredo. Resolver as duas questões se mostra divertido, aterrorizante e uma mudança de vida definitiva.
Muitas vezes decidimos que um filme complicado, cheio de termos e dramas é algo bom para expressar um sentimento ou causar algo nas pessoas, mas pelo que vi na maioria dos fãs do livro no qual o longa se baseia, "Simon vs. The Homo Sapiens Agenda" de Becky Albertalli, a grande faceta do livro é ser divertido, espontâneo e com boa montagem, então recaiu completamente nas mãos dos roteiristas e claro do diretor Greg Berlanti que o filme ficasse no mesmo tino para funcionar, e felizmente foi exatamente isso o que ele nos entregou, um longa que o público se diverte do começo ao fim, que trabalha as emoções na medida certa, que até tem um leve enrosco no miolo que chega a cansar um pouco, mas que rapidamente já dão um jeito de resolver e finalizar com chave de diamante, pois de ouro foi pouco para as grandes revelações finais e com tudo o que o público esperava ver realmente. Ou seja, após 8 anos sem dirigir um longa, mas produzir vários e escrever diversas séries, Berlanti voltou com um timing tão perfeito que mesmo a temática da trama sendo gay, e com um estilo teen, o resultado completo do longa é emoção por demais e que contou com tantos acertos, que chega a ser difícil até pontuar erros, que existem e por isso talvez não dê a nota máxima para o longa, mas certos detalhes exagerados poderiam até ser amenizados, mas com isso acabaria tirando o humor em certos momentos, então como já disse uma vez é preferível errar, do que deixar o longa chato por omitir detalhes.
Quanto das atuações, este é o quarto longa que confiro de Nick Robinson e se lá em "Jurassic World" ele era apenas um garoto bobo e metido, no filme "A 5ª Onda" ele já demonstrou mais expressão, e em "Tudo e Todas as Coisas" já se mostrou um ator com boa expressividade, mas faltava ainda o amadurecimento de artista, e podemos dizer que ainda não está completo aqui, mas já é outro ator, e fez todas suas cenas com uma segurança que muitos grandes artistas não possuem, de tal maneira que seu Simon é simples e direto no que deseja passar, e isso agrada demais em todos os momentos. Do grupo de amigos, todos tiveram ao menos uma cena para se entregar, e felizmente fizeram isso com muita integridade, chamando para si a responsabilidade, e dividindo por igual as cenas com o protagonista, demonstrando não apenas auxílio para que a cena fluísse, como também atitude para que a trama não enroscasse, e sendo assim temos de ficar de olho em Alexandra Shipp com sua Abby metódica, mas que consegue ser singela nos momentos fortes, Katherine Langford com sua Lena, a amiga mais antiga que transmite segurança para o protagonista, e dosou bem olhares para não ficar forçada nas cenas de impacto, e Jorge Lendeborg Jr. com sua boa dinâmica para entregar mais dúvidas ainda para o protagonista. No caso da família, temos de pontuar que ter uma mãe terapeuta para o caso do garoto é algo que tem de ser melhor analisado, pois ô dificuldade hein, e ainda mais com o estilo próprio que Jennifer Garner conseguiu imprimir, foi algo incrível nos momentos de diálogo e a atriz foi única com sua Emily. Josh Duhamell é antigo conhecido do diretor, trabalhando em seu segundo filme, e aqui foi icônico tanto nas piadinhas tradicionais quanto nos momentos mais fortes como o pai Jack, de modo que acaba nos conquistando com simplicidade e a autenticidade característica dentre muitas das reações que poderia expressar. A garotinha Talitha Eliana Bateman entrou para o longa por questões de que existe a personagem no livro, pois no filme sua Nora só serve para ficar cozinhando comidas diferentes e se assustar ao descobrir que o irmão é gay, pois de resto não fez nada demais. Outro que tentou e muito acertar, mas exagerou demais em trejeitos foi Logan Miller, que possui um estilo forte, mas seu Martin acaba ficando mais forçado do que interessante, e embora melhore demais no segundo ato, poderiam ter trabalhado ele como alguém mais impactante.
Dentro do conceito artístico, a produção não vem errando em filme algum dos últimos que pegou para fazer, procurando colocar nas telonas detalhes claros e nítidos de cada página dos livros que pegou para adaptar para a telona, ou seja, é tão bonito ver detalhes de como o lençol está posto, como luzinhas fazem diferença, como uma parede de lousa cheia de escritos consegue mostrar a personalidade do personagem, como até uma personagem fica apenas cozinhando para servir como objeto cênico as vezes, um diretor passeando pelo pátio, entre outros detalhes, de modo que certamente a equipe de arte precisou ler o livro umas 10x e mais o roteiro diversas outras para não falhar em nada nem com o filme, muito menos com os fãs do livro que esperavam ver cada detalhe na telona, ou seja, um trabalho impressionante e muito bem feito. A fotografia não brincou muito com sombras, mas deu tons fortes para que cada personalidade sobressaísse e isso é algo diferente do usual nos longas teen, pois geralmente usam cores leves ou modernas para realçar a dinâmica, e aqui o filme procura inverter isso em todas as cenas, deixando que os personagens falassem mais de si, quase como em uma série, o que é bacana de ver com ângulos digamos até ousados.
Claro como todo bom longa do estilo, a trilha sonora é daquelas que queremos ouvir muito, e infelizmente não colocaram todas as canções no álbum do filme, mas deixo aqui pelo menos o link para essas, pois deram ritmo e principalmente serviram para criar as nuances que a trama pedia.
Enfim, fui completamente pego pelo longa, não esperava que fosse ver algo tão bonito e bem feito, e assim como gosto, fui surpreendido pelo resultado final, que volto a frisar que vai incomodar alguns, mas relevem e saia bem feliz com a proposta de um longa que enaltece amizade, enaltece atitudes e principalmente enaltece ser você mesmo sem usar máscaras para disfarçar seu verdadeiro eu, então vá aos cinemas e confira nas pré-estreias que já estão rolando, ou quando o longa for realmente lançado em circuito nacional no dia 5/4, pois recomendo ele com toda certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a crítica da última estreia dessa semana, então abraços e até breve.
2 comentários:
excelente comentario kk
Obrigado amigo Anônimo!
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