Muitas vezes ficamos nos perguntando: "Nossa, tal filme estreou nos EUA em determinado festival no começo do ano, já não era para ter aparecido por aqui?", e alguns filmes até temos de reclamar, pois é apenas firula da distribuidora para ver o desempenho por lá para imaginar quantas cópias vai jogar no mercado nacional, mas quando vemos o trabalho técnico feito em um filme como o que ocorreu em "Buscando..." diria que poderiam demorar quanto tempo quisessem, pois é INCRÍVEL ver TUDO traduzido na tela, de modo que se você for pego desavisado entrando numa sala dublada, vai achar que o John Cho é brasileiro e o longa foi gravado aqui, pois vemos a tela tradicional do Windows e do Mac aparecendo toda hora na tela com as páginas todas traduzidas, com comentários aparecendo em português par lermos, mensagens nos vídeos subindo tudo traduzido com minúcias, os letreiros dos vídeos, e tudo mesmo que quem nem quiser prestar atenção no longa pode ficar perdido lendo sem parar tudo o que aparece na tela, mas isso não ocorrerá, ou melhor, ocorrerá parcialmente, pois a história investigativa é tão boa, que nos vemos junto com o protagonista analisando detalhes dos vídeos e conversas para tentar "ajudar" na busca pela garota desaparecida, quem foi o responsável, quem é culpado, quem poderia estar blefando, torcemos para que o pai soque quem ofende, e na melhor forma que andamos discutindo política nas redes sociais acusando tudo e todos, e brigando até mesmo por algo que não nos faz jus, a trama consegue ir se modelando (e volto para o começo do texto) toda traduzida para que pudéssemos brincar realmente de detetives, criando tensão, se especulando muito de tal forma que ao chegarmos na revelação final, e na forma calma com que tudo é entregue, até brochamos um pouco, pois como somos um pouco mais estourados (e não temos o sangue oriental zen do protagonista) certamente socaríamos todo mundo e no mínimo explodiríamos tudo ao redor, pois é de dar muita raiva com tudo.
A sinopse é simples e também vou evitar falar muito, pois qualquer coisa que disser estragará a experiência, então o que o longa nos conta é que David Kim (John Cho) fica em pânico com o desaparecimento de sua filha adolescente. As horas vão passando e nenhuma pista do que aconteceu. O pai então decide verificar o computador da jovem em busca de pistas antes que seja tarde demais.
Como todo bom filme de suspense/investigação policial falar qualquer detalhe é entregar o resultado final, e felizmente será bem raro alguém que mesmo lendo tudo o que aparecerá na tela, ouvindo os personagens falando, e tudo mais, conseguirá decifrar a trama por completo, mas também felizmente não somos jogados de bobos com o resultado final, e isso é o que mais surpreende e/ou emociona, e por ser seu primeiro longa como diretor e roteirista, o indiano Aneesh Chaganty está colhendo resultados incríveis nos diversos festivais que passa seu filme, como por exemplo Sundance aonde abocanhou dois excelentes prêmios, e é fácil conseguir entender o motivo das premiações, pois o longa é completo, é polêmico e mesmo não querendo se envolver, a pessoa na segunda tela que o pai abre já está lá lendo e falando: "foi essaí... não não, foi aquela... esse é suspeito demais" e vamos juntando cada detalhe para tentar ser até mais rápido que a polícia e o pai da garota juntos, ou seja, difícil quem nunca tenha brincado de detetive quando criança, e o longa é um deleite para todos fazerem isso, pois volto no quesito técnico da produção que foi caprichosa demais em traduzir tudo (detalhe, nem no pôster, muito menos no trailer abaixo está tudo traduzido, e no filme tudo foi incrivelmente transformado!!), e com isso o resultado da história fica melhor ainda. Não vou entrar fundo no conceito da trama em si, pois dizer qualquer coisa sobre o que mais me incomodou, que foi a forma calma do fechamento, estaria estragando a conferida de todos, e quero que todos vejam, e saiam surpreendidos com o que o diretor fez, pois é um longa para ficar na memória.
Sobre as atuações, basicamente temos de pontuar toda a serenidade de John Cho para com seu David que tirando algumas cenas mais exaltadas, foi extremamente sereno, investigativo e perfeito nas estratégias para descobrir o que aconteceu com sua filha, como qualquer pai faria, e trabalhando bem as expressões, movimentos de mãos no computador (a análise do movimento do mouse também conta) e tudo o que vai entregando nos diálogos com os demais personagens, fez com que se mostrasse um ator exemplar. Debra Messing também faz um excelente trabalho como a Detetive Vick, sendo sempre serena com interjeições claras, auxiliando na medida o protagonista na busca, e criando ótimas conversas pontuadas para cada ato, de modo que a atriz que sempre fez comédias românticas mostrou personalidade para um papel mais denso também. Todas as atrizes que fizeram Margot em suas diversas idades também se mostraram bem interessantes para ressaltar os momentos felizes e tristes da família, mas Michelle La que finaliza as cenas de desaparecimento entregou uma personalidade bem séria e dura nos seus últimos momentos que ficamos pensando em muitas possibilidades, de forma que conseguiu entregar a expressão completa de ponto de interrogação para que não descobríssemos quase nada, ou seja, foi muito bem também.
É até engraçado falar bem do conceito visual da trama, pois praticamente só temos parte da casa do protagonista, o quarto da detetive, a sala e cozinha do irmão do protagonista, o lago, um memorial de velório, e algumas cenas espaçadas na rua, nos quartos de estudantes, e por aí vai, mas a interligação tecnológica é tão grande, mostrando tantos aparatos, redes sociais, e conexões da internet que estamos tão acostumados a ver no nosso cotidiano, que o filme foi extremamente bem construído na ideia, e depois reconstruído em cada país que foi lançado (volto a recomendar, que sei que muitos baixam na internet filmes, mas esse aqui, tente ver a versão do cinema nacional - não digo dublada - mas sim a versão para os cinemas brasileiros, que contém tudo traduzido em minúcias e mostra tudo da forma que vemos no nosso computador diariamente). Ou seja, um trabalho da equipe de arte primoroso e incrível de ver. A fotografia foi mais escura propositalmente para criar tensão no público, mas em momento algum temos cenas jogadas na tela, de modo que tudo é completamente funcional, visível e perfeito para quem desejar montar o quebra-cabeça completo.
Enfim, um filme que posso classificar como incrível, que pensei seriamente em dar nota máxima, mas que mesmo sendo impactante, faltou ser chocante (ao menos para mim, que não sou pai, talvez outros sintam mais!), de modo que recomendo o longa por demais para todos que gostem de um longa investigativo de primeira linha, e vou parar de falar, que daqui a pouco conto o final do filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: Daria 9,5 se tivesse forma de dar nota quebrada, mas não faço picadinhos de coelhos, então vai ser 9, mas que bem que raspei a trave de dar 10.
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