Pois bem, costumo falar que se o primeiro filme já foi ruim, nem devemos dar chance para continuações, pois a chance de uma bomba vir em níveis gigantescos é bem alta, mas como não sou coach de diretores, sempre tem uns malucos que acham que se deu bilheteria, devem arriscar mesmo que todos que viram tenham saído reclamando. Ou seja, como disse para um amigo, o personagem Crô na novela "Fina Estampa" caiu como uma luva para dar o tom cômico bem colocado, fez a fama de Marcelo Serrado ir para as alturas, e claro acabou gerando um filme, no caso "Crô, o Filme", e nesse embora tenha sido muito forçado, ainda conseguiu forçadamente fazer o público rir, mas agora com sua continuação mais absurda impossível em "Crô em Família", o resultado foi lastimável, com uma sala praticamente vazia em pleno feriado, e ninguém rindo de nada na sessão, ou seja, vergonhoso ver o nível de filme sem história alguma, com personagens caricatos falando bordões, e nada que fosse realmente divertido, ou seja, completamente esquecível.
O longa nos conta que já famoso, bombado e dono da própria escola de etiqueta e finesse, Crô se vê, no entanto, sozinho e sem família. Carente e vulnerável, acaba ficando à mercê de supostos parentes, Orlando, Marinalva, Luane, Nando e Liz, cujas intenções não parecem ser das melhores. Ao lado das inseparáveis Geni, Magda e Jurema ativa aluna emergente, mas sempre desviando do veneno da pérfida colunista Carlota Valdez, Crô embarcará numa aventura repleta de pinta para descobrir a sua verdadeira família.
Já disse diversas vezes que se tem algo que não gosto é falar mal de diretores/filmes brasileiros, pois como produtor de formação, tenho de valorizar e torcer sempre para que cada dia melhorem nossa produção nacional, e claro nossos filmes rendam cada vez mais, mas aqui infelizmente não tem como elogiar nada do que a diretora Cininha de Paula fez, pegando um personagem divertido e caricato que foi muito bem em uma novela em 2011, que teve seu filme bem visto em 2013, mas que aqui virou um show de esquetes jogadas, que muitas vezes até parece não ter nenhuma conexão, com espaços pulados realmente, de modo a parecer até cortes mal-feitos. Ou seja, tivemos algo exagerado, cheio de gírias para todos os lados, que acabou não conseguindo convencer, nem criar uma história que envolvesse realmente, de modo que o único ponto mais satisfatório, e que já era esperado foram as últimas cenas, que tiveram um aprofundamento mais bacana e que mesmo não sendo divertido funcionou exatamente como Mel Maia diz no trailer: "está parecendo final de novela!", e sendo assim respondo para a Mel, não pareceu final de novela, mas sim uma novela completa de 25ª categoria, que metade do público acabou dispersando por falta de interesse, e só voltou a assistir no fim para saber o final.
Sobre as atuações, é fato que Marcelo Serrado domina completamente o personagem de Crô, que praticamente todos os trejeitos e expressividades lhe caem com primor, e que ele a cada filme incorpora mais gírias gays na personalidade, dando um ar moderno para a produção, e felizmente ele faz esse estereótipo bem colocado, que até passa bem longe de muitos gays que conhecemos, mas como um personagem até acaba sendo engraçado de ver, mas aqui ele forçou tanto que chegou até sair do eixo um pouco, não sendo agradável na forma de esquete, e mesmo nos momentos que até riríamos do que ele faz, o resultado acaba soando tosco, ou seja, não funciona. Jefferson Schroeder foi mais bem colocado com sua Geni, e embora seja um personagem bem secundário que a todo momento aparece, ele acabou dando um bom tom para cada momento seu. Arlete Salles e Tonico Pereira caíram bem na entrega de seus Marinalva e Orlando, fazendo tradicionais picaretas que vemos em diversas novelas, armando planos mirabolantes e caricatos, mas nada que fosse impressionante de ver. Quanto aos demais, a maioria faz figurações bem espalhadas, tendo uma ou outra frase mais chamativa, de modo que Mel Maia acaba quase sem falas para sua Liz, tendo uma certa expressividade maior nas cenas finais, e a colunista exageradíssima vivida por Monique Alfradique até tentou chamar atenção, mas de nada fez, tirando a cena de duelo que realmente foi a única que me fez rir.
No conceito cênico a trama foi toda trabalhada nas situações da escola de etiqueta, e claro da mansão do protagonista, sempre brincando de congelar as cenas e de turvar sua visão enxergando outras coisas nas cenas tradicionais, e brincando com figurinos bem coloridos tanto para o trabalho quanto para suas caminhadas, o filme até tem bons elementos visuais, mas de nada adianta para algo que foi feito em cima quase de algo cheio de esquetes. A fotografia não quis ousar e entregou um longa quase sem sombras, com poucas nuances e nem optou por brincar com o colorido ao menos para fazer rir, de modo que pareceu um trabalho bem jogado da equipe.
Enfim, um filme que mais do que não recomendar, digo que devam evitar, pois vai que decidam fazer um terceiro, e aí o risco é alto demais, e volto a dizer, que o cinema nacional sim continua crescendo e fazendo bons longas, mas sempre tem um ponto fora da curva para atrapalhar, e o de 2018 certamente já está eleito aqui. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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