Vamos fumar, fumar e fumar. Um filme altamente estranho que foi patrocinado pelos desenhos dos maços de cigarro(fotos de doenças causadas pelo fumo) é assim que eu posso definir esse "diálogo" quase teatral chamado "Natimorto" em que muitas cenas o que temos é a voz off do narrador para suprir a necessidade de entendimento.
O longa mostra a história de um caça-talentos que traz uma jovem cantora a São Paulo a fim de apresentá-la a um renomado maestro. Enquanto esperam o dia da audição, permanecem num quarto de hotel onde ele lê o futuro da cantora nas advertências dos maços de cigarro.
A história é até interessante, tanto que nos momentos que o protagonista ou o narrador está explicando a ligação da imagem de advertência do cigarro com as cartas do tarô, você até fica pensando "Nossa até tem cabimento isso", ou como a protagonista fala "Isso daria um belo livro", o que aliás é, pois o filme é baseado no romance homônimo de Lourenço Mutarelli, que inclusive atua como protagonista da história ao lado de Simone Spoladore.
A trama caberia perfeitamente numa peça pois 99,9% do cenário é um quarto, e acredito eu que ficaria até mais interessante para uma platéia o formato, como todos que me acompanham aqui no blog sabe que não sou fã de filmes que necessitam a todo momento de um narrador falando para entendimento da cena, e aqui o que mais temos é isso. Não que as falas dos atores não causem impacto, muito pelo contrário, tem cenas em que a câmera permanece intacta por mais de 5 minutos com os atores declamando falas e mais falas sem parar, mas não me cai bem a voz off(famosa voz de Deus, ou voz onipresente que sabe de tudo), mesmo sendo Nasi(ex-vocalista do Ira) com uma voz fumante perfeita para o longa.
Um ponto positivo para o filme é que por se tratar de um único ambiente na maior parte do tempo, o diretor soube se aproveitar de luzes(com função dramática claro, vindo da iluminação piscante provável de um letreiro do hotel fora do quarto) e de planos fechados vindos de diferentes posições, o que em alguns momentos nos deixa até perdido sem saber qual o motivo da loucura do diretor pra estar fazendo um plano desse.
Enfim, como falei os atores estão muito bem em cena, e se não tivessem ai sim o filme iria pro brejo, o roteiro é bacana, a forma que é contado é interessante, mas ainda assim não o recomendo, pois agora pensando se fosse uma peça de teatro, o público sairia intoxicado de tanto cigarro, eu apenas vendo pela tela já fiquei mal de tanto que foi consumido em cena. Além de que tirando "Enterrado Vivo" sou contra filmes que se passam apenas em 1 ambiente, pra mim é falta de criatividade ou dinheiro. É isso encerro aqui, mas amanhã tem mais, essa semana vocês vão cansar de textos meus, e pelo que andei observando semana que vem também, aguardem. Abraços.
2 comentários:
Respeito a sua crítica, mas um dos alicerces do filme é a mensagem (subliminar) do apartamento como um útero e essa fobia é proposital. Nisso se faz a relação com o Natimorto. O livro inclusive não detalha cenas fora do apartamento (não que o filme tenha que seguir à risca) mas essa prisão foi um bom ingrediente, e expôs muito mais os autores. Esse é um filme para ver com o estômago, pois realmente o cigarro incomoda muito.
Eu gostei bastante do filme.
Obrigado pelo comentário Vinicius, pensando por esse lado até é interessante o lance do apartamento. Em momento algum falei que não gostei do filme por causa disso, eu prefiro vários lugares, o que me incomodou por demais foi sim a voz off, que fica auto-explicativo, isso sim me fez ficar nervoso. Mas de todos os filmes do Festival que assisti foi o que mais me agradou. Valeu.
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