Filmes criados apenas para festivais, sem tino comercial costumo ir ver com temor, pois já estou calejado de ver coisas que não me agradaram. Ao chegar no cinema e ver que haviam colocado um filme da sessão Cinecult na melhor sala do complexo, já pensei o que está acontecendo aqui hoje? E agora ao vir escrever sobre ele tiro a conclusão de dizer muito obrigado pelo presente para Ribeirão Preto pessoal do Cinecult (http://twitter.com/cinecult) pois o filme "Balada do Amor e do Ódio" é uma obra rara como poucas vista nos cinemas.
Durante a Guerra Civil espanhola, o Palhaço Branco, recrutado a força pela milícia destrói a foiçadas os soldados do Exercito Nacional sempre vestido de palhaço. Muitos anos depois, Xavier, o filho do palhaço vai trabalhar como o Palhaço Triste num circo onde encontra figuras das mais extraordinárias. Ali ele encontra Sergio, outro palhaço. É o início da historia dos dois na luta pelo amor da mais bonita e sedutora mulher do circo.
A história embora você esteja lendo e falando nossa parece que vi isso esses dias mesmo, sim você viu algo hollywoodiano chamado "Água Para Elefantes" que faltou tudo, amor, drama e ficou sendo mediano. Aqui no parente próximo franco-espanhol temos praticamente a mesma história, claro envolvendo algo mais forte que é a loucura, a vingança e o ódio só que embasado praticamente nos mesmos moldes: a briga de dois homens por uma mulher. E com essa essência, o filme retrata um circo decadente e o que uma fagulha de ódio pode causar num homem que ama.
A forma de condução da história chega a ser fortíssima devido as cenas escolhidas pelo diretor Alex de La Iglesia, não que isso seja ruim, muito pelo contrário, ele conseguiu que em hipótese alguma o filme ficasse superficial, sendo uma marcação nua(literalmente) e crua na pele do protagonista ou porque não dizer dos protagonistas. As descaracterizações finais dos personagens, ao beirarem a loucura e chegarem aos semblantes que estão no pôster é genial, em momento algum de um filme eu imaginaria como chegariam a esse ponto. Confesso que ao começar o longa estranhei por demais, pensando nossa é um filme de guerra que vim assistir, mas o delinear que segue me fez viajar pela história depois.
A fotografia escolhida pelo diretor também mostra que não é necessário criar um picadeiro magnífico para mostrar um circo e escolhendo ficar com os bastidores, aí sim pode demonstrar a essência dos personagens e tirar o máximo de todos os atores que fazem o círculo principal da narrativa. Com figurinos não evoluídos, podemos apenas nos prender na maquiagem dos personagens e na atuação clara e bem presa ao roteiro.
Como já falei em vários parágrafos acima, os atores conseguiram passar a essência e principalmente sem colocar spoiler, mas o plano final mostra exatamente tudo(infelizmente nossos amigos do Cinemark cortaram os créditos finais), mas o fechamento da cena me fez ir embora feliz por demais. Carlos Areces soube mostrar desde um singelo palhaço triste até um assassino violento(o que faz todo o link com o que fala para o personagem de Antonio de la Torre numa das cenas iniciais). Ok, vou parar de falar senão vou entupir o texto de spoilers.
Para que eu não fale muito mais, apenas vou colocar isso: Assistam esse filme que beira toda uma beleza tanto na questão mais singela do amor, até a sobriedade profunda do rancor e do ódio violento. O ganhador do Leão de Prata do Festival de Veneza 2010, deu o ar da graça aqui no Brasil no RioFan 2011, Festival esse que o filme que produzi("Caolha, O Tentáculo da Vingança") teve a honra de participar e agora está em cartaz aqui no interior. Simplesmente sensacional, recomendo com certeza e só não foi melhor devido a legenda extremamente fina(infelizmente meu espanhol é péssimo, então precisei ler praticamente tudo), mas tirando isso é um espetáculo de ser visto. Encerro por aqui, hoje e até mais. Abraços.
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