Escrever sobre filmes ideológicos é complicado, pois ou você aceita/acredita no que lhe é imposto e gosta ou você discorda completamente da ideologia e sai xingando tudo, raramente se vê o meio termo. Hoje tentarei me posicionar em cima do muro para escrever sobre "O Filme dos Espíritos" em que nos é passada um pouco da ideologia de Alan Kardec, principalmente na questão que envolve o aborto.
O filme conta a história de um homem, Bruno Alves, que, por volta dos 40 anos, perde a mulher e se vê completamente abalado. A perda do emprego se soma à sua profunda tristeza e o suicídio lhe parece a única saída. Nesse momento, ele entra em contato com O Livro dos Espíritos, obra basilar da doutrina espírita. Há também uma dedicatória no exemplar: `esta obra salvou-me a vida´. A partir daí, o protagonista da história começa uma jornada de transformação interior rumo aos mistérios da vida espiritual. O filme trata ainda de aborto e suas consequências, e exemplifica a lei de ação e reação através da reencarnação. Outro objetivo da obra é mostrar que as relações humanas, sejam fundamentadas em amor ou ódio não se rompem com a morte.
Diferentemente do último filme do gênero que tivemos esse ano, "As Mães de Chico" em que as histórias são soltas e acabam muito mal ligadas, aqui os personagens mesmo tendo histórias avulsas estão bem conectados e mesmo sendo num formato até considerado novelesco não achei que atrapalhasse a narrativa no formato de filme. Só que já estão gastando demais as fichas no gênero e o público começa a ficar um pouco cansado do que anda vendo, mesmo a sala estando "lotada" numa segunda semana de exibição, muitos saíram não com caras de que tivessem gostado do que viu.
Quanto das atuações, o batido do gênero também Nelson Xavier volta não como o médium Chico, mas agora como um médico psiquiatra das Casa André Luis(patrocinadora do filme e que fazem referência em vários momentos no longa, o que é uma faca de dois gumes, ao mesmo tempo que mostra o serviço assistencial da empresa, a repetição das cenas pode estranhar um pouco), mas incrivelmente sempre consegue fazer uma interpretação primorosa e diferenciada para cada filme. E tirando as meninas que estão num bar numa conversa absurdamente horrível (mas isso nem cabe ser discutido na atuação e sim nos diálogos), os demais atores até fazem bem seu papel, nada que dê uma honra ao mérito, mas agrada.
Como já iniciei no parágrafo anterior, pra mim o grande problema do longa está nos diálogos, que além de focados na ideologia, transformando-se muitas vezes em institucional da religião, os que fogem um pouco são jogados sem se importar com nada, daí que nas conversas soltas que fogem da ideologia do longa, vemos algo lastimável que chega a doer os ouvidos e me fez perguntar, porque a pessoa está falando isso?
A arte é bacana (principalmente nas cenas de praia), bem desenvolvida e aliada a uma fotografia diferenciada(mas novelesca) e planos até um pouco incomuns para o gênero, o longa fica interessante de se assistir. Nada muito evoluído, mas muito melhor que o outro visto esse ano.
Não é algo que eu vá recomendar, mesmo porque como disse no início, é um filme ideológico e somente pessoas que estiverem aptas a comprar a idéia irão gostar, então se você é desse tipo vá, que vale, agora se você não é favorável, evite pois além de reclamar da ideologia vendida, vai reclamar de todo o restante. É isso, encerro essa semana de pouquíssimas estréias por aqui e voltamos na sexta-feira. Abraços.
1 comentários:
Hahahahaa bem por ai, mas a Luciana Gimenez como a tiazinha la não convenceu, outra coisa, no fim SÓ recomendo pra quem for espírita ou simpatizante do Kardec, o resto vai achar esses diálogos piores dos que as testemunhas de jeová que te chamam em casa!
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...