Jardim Das Folhas Sagradas

11/29/2011 12:34:00 AM |

Leiam os três itens acima no pôster, pronto está dito o filme "Jardim das Folhas Sagradas" por completo, pois ele não irá fugir delas: a questão ambiental (além de todo o verde envolvido no filme o protagonista é vegetariano), preconceito racial (mais do que o envolvimento da discórdia de ter um negro na chefia de um banco famoso, existe ainda a questão homofóbica envolvida) e o conflito religioso (que aqui além de envolver o candomblé mixa a briga que envolve as três principais ideologias da Bahia, as religiões católicas, umbanda e evangélica), misture tudo isso e você terá um resumo do filme completo, porém o que poderia ser mais bem explorado, acaba sendo jogado para os leões julgar e acaba sendo um filme para uma minoria e os que não forem adeptos de qualquer um dos pontos que o longa escolhe como "correto" acabará saindo como preconceituoso ou sem entender ou as duas coisas juntas.

O longa de ficção é construído a partir de Bonfim, um bancário bem sucedido, negro e bissexual, casado com uma mulher branca e de crença evangélica. Ele vive na Salvador contemporânea e recebe a incumbência de montar um terreiro de candomblé no espaço urbano. Para isto, enfrentará a especulação imobiliária numa cidade de crescimento vertiginoso, o preconceito racial e a intolerância religiosa. Este homem, embora questione a tradição da própria religião, tem a missão de montar um ambiente sagrado e de respeito à natureza, superando as contradições e conflitos trazidos pela modernidade. 

O filme que conta com uma fotografia muito interessante voltada para os tons verdes, já que a preocupação ambiental existe e é iminente desde todo o trabalho que o protagonista diz ter com a natureza, mas o problema maior do longa está em ser feito para poucos entenderem, pois voltado para as crenças do candomblé muitos acontecimentos do longa passam em cima dos rituais, e com isso as outras causas tais como a bissexualidade do protagonista, a divergência do candomblé com o vegetarianismo e até o preconceito racial com relação a grandes cargos passam batidos do longa e se perdem no emaranhado que o diretor quis mostrar. E ele mesmo acaba sendo preconceituoso com relação às evangélicas, ao zombar dos atos que fazem, não que elas não façam todas aquelas coisas ridículas, mas não era necessário evidenciar.

Como não sou a melhor pessoa para falar sobre religião aqui, caberia nesse momento meu professor de Ciências Sociais, Luis Rufino, melhor explicar o filme pois como um bom antropólogo que ele era saberia explicitar melhor os problemas do longa, então vou me abster de tentar entender o longa como um filme para o público em geral e apenas dizer que não gostei de nenhuma atuação nem da forma como a narrativa do filme flui. A única resposta que busco é como um filme desse cai nas salas de cinema, com muitas cópias espalhadas pelo Brasil enquanto filmes que são bons acabam sendo jogados apenas em algumas salas? Definitivamente nunca irei entender a distribuição brasileira de filmes.

Para não julgar mais, apenas falo que não recomendo o filme para ninguém a não ser que você seja um antropólogo ou estudioso do candomblé e queira ver apenas um filme com uma boa fotografia, mas sem uma resolução adequada. Encerro por aqui, mas daqui a pouco a crítica do filme italiano de hoje. Abraços pessoal e peço que não me julguem por se o filme existia alguma coisa a mais que eu pudesse captar.

PS: A nota está embasada apenas na fotografia que achei bem bonita, ao misturar o verde com cenários urbanos da Bahia.


4 comentários:

Anônimo disse...

Caro Coelho, concordo com vc qto ao quesito "distribuição de filmes no Brasil". Aqui no Rio (RJ) o filme está sendo exibido em apenas três salas situadas na zona sul da cidade (bairros diferentes) e em um horário "lado B", ou seja, 16h. Isso em uma cidade grande como é a minha. Infelizmente ainda não consegui assistir o filme.

Fernando Coelho disse...

Olá Anonimo(pessoal, ponha nome odeio responder pra anonimo), a distribuição no Brasil é uma máfia, isso é um ponto. Mas no caso desse filme, digo que é sorte sua ter economizado dinheiro. Valeu o comentário. Abraços.

motonáutica disse...

Boa tarde. Como antropólogo, quero uma visão do filme relacionada totalmente a cultura do local, estudo antropologia jurídica e quero uma opinião pelo lado psicológico, ligado totalmente aos diferentes elementos da cultura. Obrigada. Fico no aguardo de um contato.

Fernando Coelho disse...

Olá motonáutica, não sou nem antropólogo nem psicólogo, mas tendo uma visão do que estudei na faculdade, ele até propõe uma reflexão quanto a cultura do local, e a forma que o protagonista busca conseguir atingir seu objetivo de implantar sua ideologia, porém existem inúmeros erros no filme que acabam mais irritam assistir o longa do que ficar analisando os pontos bons. Quem sabe você como antropólogo, pode assistir e colocar aqui para o pessoal que gostar mais da área, pois me recuso a ver novamente ele. Abraços!

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