Muitos devem se perguntar, porque o filme se chama "Shame", e incrivelmente a resposta vem que a distribuidora não fez o usual, que é traduzir o nome e revelar exatamente o que acontece. Digo mais, o nome em inglês não só diz tudo como é se você analisar o filme com conceitos bem morais você irá se chocar. Por isso abra sua mente ao ir assistir, claro quem for pois não é um filme feito para agradar uma maioria, e se instigue após vê-lo se você está entre o conceito moral familiar ou embasado na outra teoria sem ter o conceito que a palavra significa realmente.
O filme nos apresenta Brandon que é um homem de 30 anos, vivendo em Nova York, que cultiva cuidadosamente sua vida privada, permitindo saciar seu vício sexual. Depois que sua irmã mais nova, a rebelde Sissy resolve mudar para seu apartamento o mundo de Brandon sai fora de controle.
Com essa sinopse em mente, o roteiro parece até simples, e realmente não tem grandes sobressaltos, mas a sacada está justamente no nome e na forma ética que cada pessoa irá tratar o filme, pois o diretor Steve McQueen não teve medo de polêmico e botou sal na ferida de uma das coisas que mais acontece hoje no mundo masculino moderno e que entre aspas contraria as ideologias morais da família. Na minha opinião esse contraponto é uma das boas sacadas do filme apesar de tudo que vai se ouvir falar por aí.
Michael Fassbender mostrou-se muito corajoso de aceitar o papel, onde passa os primeiros minutos em nu completo fora ao final muitas cenas de sexo bem feitas e outras coisas mais, além de claro bons diálogos falados com precisão e um minimalismo onde nem era necessário aparecer seu rosto apenas suas costas para sentir a facada culminando no peito da irmã. Carey Mulligan também está bem no papel e seu canto de "New York, New York" foi visceral de uma forma que eu nunca tinha visto antes, como o chefe de Fassbender diz em cena: "Fez até um marmanjo chorar". Os demais personagens acabam sendo meros coadjuvantes com falas e corpos, então nem é necessário ficar falando muito deles, apenas citar que estão bem em cena.
O diretor de fotografia soube ousar sem sair da proposta polêmica do diretor, focando no começo em cenas de sexo mais abertas e ao final já preferindo focar mais na expressão dos atores e não em cima do carnal mesmo. Mas ainda na minha opinião o plano inverso dele "conversando" duramente com a irmã mostrando um desenho infantil na TV ao fundo foi um dos melhores, onde mostrou a precisão de um bom roteiro dialogado, onde não precisamos ver os rostos e bocas falando para sentir o peso da emoção causada.
A trilha pontual chega a incomodar, mas essa era com certeza a idéia do diretor, então ela causa, não espere gostar da trilha de fundo, pois não é esse o objetivo então toda a sonoridade rolando causa nos momentos necessários a visceralidade que a cena pede.
Enfim, é um bom filme? Com certeza. Aberto para todos? Jamais. É um filme simples porém pesado dramaticamente. Recomendo assisti-lo sim, para confrontar as idéias de se ver como o homem moderno prefere sua privacidade às vezes esquecendo/tendo vergonha ou pudor do modo familiar que "fomos" ensinados por nossos pais, mas essa é a minha visão particular do filme, a qual cada um poderá julgar e ter a sua, os comentários abaixo estão abertos justamente pra isso. Encerro por aqui hoje nessa pré-estréia, mas segunda tem mais um pra encerrar a semana, então até lá pessoal. Abraços.
2 comentários:
Já faz um tempo que ouvi falar sobre esse filme e desde então tô louco pra ver. Ótima crítica!
Olá João Paulo, eu nem sabia direito do que se tratava o filme, mas depois do que vi a indicação do Fassbender ao Globo de Ouro fui pesquisar. Como a distribuidora não "aportuguesou" o título nem imaginava que fosse sair tão rápido. Filmaço, vale a pena ver. Depois comente aqui o que achou. Abraços.
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