Filmes biográficos podem ser completamente monótonos por sempre exaltar as qualidades do homenageado, mas felizmente o diretor José Henrique Fonseca não optou dessa forma para trazer "Heleno" ao cinema, mostrando tudo que de ruim ele possa ter feito sob uma fotografia magnífica em preto e branco e sem necessitar que o filme fosse linearmente contado.
O filme mostra Heleno de Freitas que era o príncipe da era de ouro do Rio de Janeiro, os anos 40, quando a cidade era um cenário de sonho, cheio de glamour e promessas. Bonito, charmoso e refinado nos salões elegantes, era um gênio explosivo e apaixonado nos campos de futebol. Heleno tinha certeza de que seria o maior jogador brasileiro de todos os tempos. Mas a guerra, a sífilis e as desventuras de sua vida desviaram seu destino, numa jornada de glória e tragédia.
O roteiro do filme é bem interessante e a opção por não fazer de forma linear e nem ficar dando efeitos para flashbacks deixou ele de uma forma que as datas acabam perdidas, mas não que isso venha importar com algo, apenas é um pouco difícil de se situar. O diretor fez o filme de forma que se sai da sala do cinema de forma melancólica e triste por uma carreira brilhante ser depredada por todos os problemas que viveu. A câmera sempre na forma de um olhar sobre a pessoa também agradou bastante.
No quesito atuação temos outro show de Rodrigo Santoro e Aline Moraes, ambos dois grandes nomes do cinema nacional na minha opinião. Rodrigo incorporou o papel e acredito ter até perdido bastante peso para fazer Heleno já que nas cenas finais parece ser apenas um monte de ossos. Aline, nos momentos em que está em cena mostra-se dominante do que faz sem a necessidade de fazer caras e bocas. Os demais atores também fazem bem seus papéis sem tirar o brilho dos protagonistas mas também não ficando apagados na tela.
A fotografia em preto e branco quando é bem usada fica simplesmente perfeita, e o diretor de fotografia Walter Carvalho, que tem em seu currículo apenas 72 títulos onde praticamente todos são belissimamente fotografados ao exemplo de "Central do Brasil" e "Carandiru", conseguiu chegar no tom perfeito da gramatura obtida com a película que trabalhou, os momentos do jogo com chuva são de ficar com o olho preso na tela de tão bonitos que ficaram. Como sempre falo, a equipe de fotografia não anda sem a equipe de arte, e temos no filme elementos cênicos perfeitos para retratar a década de 40 de modo a invejar muitos filmes por aí.
Como o apelo do filme é bem puxado para o drama, a trilha sonora escolhida faz o seu dever de casa, que é entristecer o espectador e com isso mesmo as músicas alegres dos salões são cantadas de forma a provocar um semblante melancólico.
Enfim, poderia considerar que beira a perfeição, mas por tratar da vida de uma pessoa em 2 horas de película certos momentos podem parecer corridos ou eliminados na edição, o que pode atrapalhar um pouco quem for mais detalhista. Mas tirando isso é um filme perfeito e muito bem dirigido e produzido. Recomendo com certeza. Encerro por aqui essa semana cinematográfica, mas na quinta já inicio a nova continuando o Festival Sesc Melhores Filmes, então abraços e até breve pessoal.
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