Quando vejo o nome de Fernando Meirelles e sua produtora O2 Filmes envolvidos em algum filme, já é praticamente uma garantia de que se verá algo grandioso na tela, quase que o mesmo que acontece com o nome Spielberg de filmes vindos lá de fora. "Xingu" é tão grandioso que se fosse uma mini-série, e acredito que brevemente se tornará pois contém também o selo Globo Filmes, seria mais bem mostrado tudo que se conseguiu captar no meio de matas e claro mostrar a história sem necessitar ser tão rápido nos fatos, o que prejudicou um pouco a narrativa da história.
O filme mostra a história de três irmãos que decidem viver uma grande aventura. Orlando, Cláudio, e Leonardo Villas-Bôas alistam-se na expedição Roncador-Xingu e partem numa missão desbravadora pelo Brasil Central. A saga começa com a travessia do Rio das Mortes e logo os irmãos se tornam chefes da expedição e se envolvem na defesa dos índios e de sua cultura, registrando tudo num diário batizado de Marcha para o Oeste.
O roteiro é muito complexo, pois mostra a história que ocorre em mais de 20 anos e com isso pra caber em um filme foram bem coesos, acelerando diversos acontecimentos, não que tenha ficado ruim, mas diferentemente do que acontece de encher linguiça, aqui temos uma redução inclusiva da história. O bom de acontecer isso é que mostra o poder do diretor Cao Hamburger de conseguir dinamizar a história que poderia ser até um pouco chata, vista pelos modos que nos foi ensinado nas aulas de História, mas gostaria de ver um material maior, quem sabe em breve saia como mini-série na Globo.
As atuações se mostram tão verdadeiras que ao final do filme onde é mostrada imagens reais de arquivo, até parece ser o próprio ator carregado pelos índios. Tanto dos protagonistas quanto o elenco indígena consegue se mostrar em cena com um domínio da linguagem puro que nem parecem ter sido selecionados nas próprias aldeias, mérito completo da equipe de Chico Accioly e Patricia Faria, que fizeram um trabalho de peneira no mesmo estilo que Meirelles fez em "Cidade de Deus".
Quando falamos de filmes feitos em campo, ou seja fugindo de estúdios, eu já começo tirando o chapéu, pois sei o quão difícil pode ser, e aqui nesse filme tudo é feito em mata de difícil acesso, onde as equipes sofreram muito com toda certeza, li em um artigo da Revista Isto É que precisou inclusive de rastreadores de cobras e onças devido a periculosidade dos locais para não ter maiores problemas. Então o que se vê na tela são árvores e matas da maior realidade absoluta e com isso a fotografia consegue ficar maravilhosa e enche os olhos com tudo que está vendo na tela grande. Eu diria um trabalho perfeito de toda a equipe de arte e fotografia.
A trilha sonora poderia animar um pouco mais, mas agrada na medida que é proposta se fazendo utilizar de diversas vezes dos próprios hinos indígenas e com isso contextualizar mais o filme no parâmetro que acredito o diretor ter desejado.
Enfim, é mais uma produção "diferente" dos padrões que estamos acostumados de ver nos filmes brasileiros, que consegue ficar no meio termo entre ficção e realidade, ou seja sem perder a coerência para "ensinar" como foi algo que apenas lemos nas aulas de História, mas também não ficando apenas nas chatices teóricas que estamos acostumados a ver nas adaptações. Recomendo assistir, principalmente por ser um bom produto nacional e claro por ter ficado bom, mas como já disse muitas vezes, ainda quero ver uma versão mais extendida. Encerro por aqui, mas quinta tem mais filmes do Festival para comentar aqui, então abraços e até mais pessoal.
4 comentários:
Bom filme, sem dúvida,
embora, em alguns momentos,
soe superficial, apenas:
os romances, a decadência e morte de Leonardo,
as motivações (o filme já começa no front).
Além de criar falsos herois,
os irmaos Villas Boas não eram
tao inocentes assim.
e verdade que a caipora participa do filme?
Olá, concordo que realmente ficou bem superficial, pois como falei, se fosse uma mini-série caberia bem mais coisa, mas como filme acho que ficou interessante, que eles não eram bem inocentes isso é fato, e se vê na cena que o Orlando e o Cláudio brigam(claro que de maneira bem superficial)... mas valeu o incremento no comentário aqui. Abraços.
Olá Fábio, não que eu saiba ou me lembre.
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