Paraísos Artificiais

5/04/2012 01:07:00 AM |

Muitos falam que o cinema brasileiro é de poucos, e isso pode ser comprovado por ver que algumas produtoras não erram mesmo revezando sua equipe nas funções como é o caso da Zazen que teve Marcos Prado produzindo e José Padilha dirigindo "Tropa de Elite 1 e 2" e agora em "Paraísos Artificiais" invertem de posição sem perder o brilho, claro que a história dos "Tropa" eram mais povão, linear, dialogado e agradava a todos, enquanto "Paraísos" tem sua história toda fragmentada e com um trabalho brilhante mais visual de câmera feito por Lula Carvalho onde o diálogo em si é a menor questão de um todo.

Em uma paradisíaca praia do Nordeste brasileiro, Shangri-La -- um enorme festival de arte e cultura alternativa -- é pano de fundo de experiências sensoriais intensas entre três distintos jovens contemporâneos: Nando, a DJ Érica e sua melhor amiga Lara. Sem que percebam, como meras peças de um caótico jogo do destino, o encontro muda radicalmente suas vidas para sempre. Uma trama envolvente, em pleno boom da música eletrônica no Brasil, que apresenta uma comovente história de amor e superação, o envolvimento de jovens de classe média no tráfico internacional de entorpecentes, intensas celebrações, conflitos e destinos cruzados pelo tempo.

A sinopse que estão colocando nos sites dos cinemas, nem quis colocar e preferi essa diretamente do site do filme, pois a dos cinemas é um spoiler imenso, e como já falei gosto de assistir a filmes sem ler nada a respeito, e nesse quesito o filme fica diríamos com um gostinho mais intrigante de se ver do que já sabendo tudo como é. Mas como nem todos gostam de surpresas, e já que lerão a sinopse dos cinemas, o que vai interessar do filme é ver como tudo isso acontece de uma forma fragmentada entre os 3 atos sem a necessidade nenhuma de uma sequência linear dos fatos e com um fechamento embora previsível e demasiadamente novelesco, porém aberto consegue agradar mesmo sendo um pouco lento demais com os acontecimentos.

Como disse não é um filme onde os diálogos pesem muito para a história, mas o trio de atores Nathalia Dill, Luca Bianchi e Lívia de Bueno, conseguem conduzir bem os momentos em que precisam falar algo, claro que alguns excessos de nudez poderiam ser economizados, mas a loucura das drogas e quem já as experimentou, o que acredito que os roteiristas com certeza fizeram, pode dizer melhor. O elenco de apoio também se mostra interessante e diria até com diálogos mais fortes para a trama, no caso falo dos atores Roney Villela e Bernardo Melo Barreto que fazem Mark e Patrick respectivamente e são basicamente o elo dos protagonistas com as drogas.

Agora falar do show do filme, que é a câmera do melhor diretor de fotografia do Brasil, sem dúvida alguma que se chama Lula Carvalho. O olhar e o efeito de distorção que ele consegue transmitir com sua câmera são brilhantes, um foco e desfoque das cenas com sentido dramático poucas vezes visto no cinema brasileiro, pois não é jogado ao vento, faz sentido pra trama e aliado a boa equipe de arte consegue dar efeitos visuais excepcionais. Só para citar uma cena que deva ser bem vista é essa da parte de cima do poster, as cores fluorescentes da maquiagem junto com o foco e desfoque da câmera é algo magnífico. Nunca experimentei drogas, mas acredito que todo o barato que deva dar no auge deva ser algo que foi transmitido pelo filme com esses efeitos, quem já usou e quiser relatar nos comentários, a vontade.

Não sou muito fã de música eletrônica, mas como contexto para o filme a trilha foi bem escolhida e as batidas vibram o cinema de uma forma bem interessante. O contraponto analisado pelo personagem de Lipe em uma das cenas finais quando fala dos sentimentos da DJ colocados na música é um dos pontos do roteiro bem introduzido onde podemos ver que a música também pode falar com o espectador.

Enfim, é um filme bem feito, que não foi feito para agradar uma maioria, mas acredito que todos que forem assistir pelo menos poderão tirar conclusões boas (ou no mínimo interessantes) e ruins sobre o mundo das drogas. Só acho que se ele tivesse o ritmo frenético de uma rave ele poderia ser mais ágil e gostoso de ver, mas é apenas um detalhe. Recomendo com essa cautela, de que não é um filme feito para agradar, mas faz seu serviço de forma bem interessante e mantém a produtora no patamar de que serviço dado é serviço cumprido. Fico por aqui hoje, mas esse foi apenas o começo dessa semana curta de estréias, mas ainda tem mais presse fim de semana. Abraços e até mais pessoal.


2 comentários:

Kascyo disse...

Filme muito foda. Queria sugestões de títulos nesse mesmo estilo, será que há? Coelho, parabéns pelo blog!

Fernando Coelho disse...

Olá Kascyo, realmente um filmaço... você queria nesse estilo de vibes eletrônicas ou envolvendo a psicodelia do mundo das drogas? Obrigado por curtir o blog! Abraços!

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