Quando falamos que um filme é extremamente linear, muita gente reclama, então porque não fazer um filme cíclico? Essa é a idéia de "360", um filme lotado de estrelas do cinema internacional, onde praticamente ninguém é coadjuvante e vão se interligando até formar o ciclo completo de forma que conseguem faze-lo quase sem muitas reviravoltas com cada personagem e por incrível que pareça, isso flui naturalmente sem atrapalhar o fluxo dele.
O filme inspirado em "La Ronde”, clássica peça de Arthur Schnitzler, nos mostra um olhar sobre o que acontece quando parceiros de diferentes classes sociais se envolvem em relacionamentos físicos. 360 junta uma moderna e dinâmica ciranda de histórias em uma só, ligando personagens de diferentes cidades e países em um conto vívido, cheio de suspense e profundamente comovente.
A história do filme roda numa sintonia que como estamos acostumados a sempre esperar reviravoltas na história, ficamos a todo momento querendo ver algum conflito extremo, mas por ser cíclico sempre um personagem sai e outro entra sem precisar que o que ocorre com o personagem anterior seja algo forte a mudar o rumo da história. A direção de Meirelles é intrigante quanto a isso, pois faz com que o filme esteja andando e a cada virada de personagem, tenha uma boa passagem sem que o fluxo seja estragado nem que um personagem tenha mais relevância que outro.
Falar das atuações num filme onde o elenco é perfeito e não tem coadjuvantes é algo dificílimo, mas vou destacar alguns que gostei tanto da forma que atuou quanto da forma que deu a atuação, falo de Anthony Hopkins e Ben Foster que foram dois gentlemen com Maria Flor, fazendo com que a atuação dos 3 fossem um dos pontos mais interessantes do filme. E também posso destacar o papel de Vladimir Vdovichenkov que é um personagem interessante para o que podemos dizer de quebra da história para ter o fechamento. Mas poderia falar bem de todos, pois fazem bem seus papéis sempre dando a deixa para que a história seguinte caminhe bem.
Acredito que esse tenha sido o filme que Meirelles teve a maior verba em quesito de produção, e com isso o longa passa por diversos idiomas, cidades e países, tendo um visual de locações grandioso, de forma que a equipe de arte trabalhou muito bem para que tudo fosse interligado sem atrapalhar o andamento da história. Não que seja um filme onde os objetos de cena aparecessem nem chamassem a atenção, pois em suma fica tudo nas locações por onde os personagens estão, mas tudo está bem colocado para não chamar atenção. A fotografia de Adriano Goldman também é algo bem primoroso, utilizando todos os elementos possíveis para que uma cena interligue na outra sem transparecer as mudanças de cenários e deve ser vista com bons olhos. E claro já que temos várias interligações não podíamos ficar sem falar de Daniel Rezende, editor que sempre é parceiro de Meirelles nos seus filmes e fez inclusive a mistureira completa de imagens de "Árvore da Vida", mas aqui ele acerta a mão diferentemente do filme do Malick.
O longa conta com boas trilhas também dando um ritmo nas cenas que precisa e segurando nas que é necessário também. Não é algo que seja muito prestável de atenção, mas está lá condizente em cada cena, segurando o clima.
Enfim, Meirelles mostra que continua sendo um ótimo diretor e como já disse em entrevista que tem realmente de ficar lá fora, pois lá os investimentos no cinema acontecem e dá para fazer bons filmes. Recomendo o filme para todos, mas algumas pessoas podem achar um pouco estranho o ciclo do filme, mas ao final tudo fecha de forma interessante e agrada bastante. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas amanhã tem mais aqui no blog, abraços e até lá pessoal.
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