Já está ficando comum, filme brasileiro que não tem selo Globo Filmes e é lançado em circuito comercial já pode falar é ótimo. Com essa deixa já coloco a recomendação para a nova aposta brasileira da Fox Film do Brasil chamada "À Beira do Caminho", que consegue envolver com doses calmas e com uma produção tecnicamente barata, onde a música de Roberto Carlos consegue transmitir pensamentos dos personagens que em muitos momentos nem são necessários serem falados para passar a emoção que a cena necessitava.
O filme conta a história de João, um homem que encontra na estrada uma saída para esquecer os dramas de seu passado. Por acaso ou sorte, seu caminho se cruza com o de um menino em busca do pai que nunca conheceu. A partir desse encontro, nasce uma bela relação que movimentará o delicado equilíbrio construído por João para enfrentar seus fantasmas.
O roteiro é bem simples embasado nas músicas de Roberto Carlos, porém Breno Silveira, mostra que não precisa de um elenco milionário nem de um estúdio super potente para rodar seu filme. A montagem que escolheu também acredito que fez bem por adotar a linearidade na história presente, porém indo lembrando o acontecimento passado em fragmentos para não deixar claro em primeiro momento toda a história de João. Eu não diria que é um filme açucarado, mas se você gostou de "Central do Brasil" vai se lembrar bem do formato e até ficar feliz com o final optado.
As atuações de João Miguel e Vinicius Nascimento estão perfeitas, pois rola a química necessária de uma formação de amizade desconhecida, onde uma frase do garoto diz tudo logo no começo da trama "uma mão lava a outra" e aliado à várias outras frases que aparecem nos parachoques dos caminhões podem exaltar o momento de cada cena. O destaque mesmo fica com os dois protagonistas, o garoto Vinicius Nascimento que com mais um pouco de estudo de dramaturgia deve logo estar entre os bons atores do cinema nacional, e João Miguel que consegue fazer um papel rude e doloroso que em seu interior se enxerga todos os problemas que passa, muito forte a personalidade escolhida para a trama. Dira Paes também faz bem seu papel curto, mas bem colocado.
A fotografia de Lula Carvalho não existe, esse cidadão que explodiu em "Tropa de Elite" e desde então só encabeça as melhores fotografias de filmes brasileiros, explora cada canto do filme, seja dentro da cabine do caminhão, seja nas paisagens captadas da estrada por onde o caminhão passa. Claro que a boa direção de arte de Claudio Amaral Peixoto ajuda bastante colocando elementos cênicos em todas as partes e junto do diretor escolhendo os melhores caminhos, ou locações para que o caminhão passasse. Mas a dupla junta, podem marcar aí, que sempre virá bons filmes visualmente perfeitos.
Nunca fui um amante das músicas do Roberto Carlos, mas hei de convir que assim como em "Mamma Mia" todas as músicas do Abba combinam com o filme, aqui todas do Rei caem como uma luva para as cenas, e dizem tudo de forma gostosa sem se tornar piegas. É uma pena que li que ele não liberou todo seu repertório para o filme, por isso algumas aparecem repetidas.
Enfim, é um filme com cara de festival, mas construído de forma interessante para qualquer espectador comum assistir e gostar do que vê. Recomendo sim para todos, pois embora tenha quase 2 horas de duração, passa de forma gostosa de assistir. Ah e como é de costume, mais um filme que não esperava nada e me surpreendeu. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas essa semana ainda tem alguns por aqui. Então abraços e até breve.
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