A Viagem

1/12/2013 01:25:00 AM |

Vou ser simplista ao falar de "A Viagem" como um grande filme artístico, embora com ares comerciais bem interessantes, que encanta com várias histórias bem interligadas e nos conecta com algo que poucos filmes puderam fazer. O único problema é que algumas histórias são cansativas e aliado à ser um longuíssima duração pode desanimar alguns espectadores que não compreendam toda a ligação dos personagens e principalmente por não ser um filme fácil de assistir desistir de conferir ou sair da sala.

O filme mostra como seis histórias em épocas diferentes, passado, presente e futuro, estão conectadas mostrando como um simples ato pode atravessar séculos e inspirar uma revolução.

A sinopse em si nem revela praticamente nada do filme e muitos que virem o trailer e forem rápidos de conclusões já vão afirmar ser um filme sobre reencarnação. E afirmo que o longa está muito além disso, pois coloca conclusões de ligações eternas não apenas em cima de algo religioso ou místico, fazendo com que pensemos nas nossas reações de forma para com um todo na conexão com o universo maior. O trio de diretores soube conduzir as histórias de forma que elas se falem bem tanto sozinhas quanto conectadas, e aliado à isso souberam montar o filme com um ritmo perfeitamente encaixado dando a sensação real de que cada uma depende da outra, e isso é lindo, pois a maioria dos filmes que tentaram fazer isso erraram justamente na montagem, descaracterizando história de filme, e o que vemos aqui é justamente o inverso, a história acaba sendo tão dinâmica que temos tudo que o cartaz nos diz "Tudo está conectado". Reitero mais uma vez que o longa possui uma dinâmica bem interessante, porém algumas histórias são mais lentas, por exemplo a originária da música que dá nome ao filme na versão original(Cloud Atlas) que poderia continuar sendo poética, embora polêmica, mas ter um ritmo mais cadenciado assim como as demais histórias, pois agradaria mais.

Falar das atuações primeiramente tem de dar os parabéns para a equipe de maquiagem, pois cada ator principal faz pelo menos 3 personagens diferentes e muitas vezes irreconhecíveis, tanto que ao final do filme somos convidados a não sair de nossas poltronas para ver que personagens cada ator interpreta, faça o que é pedido e se surpreenda ao ver quem é cada um. Vou ser genérico então ao falar de cada ator para não estragar as surpresas finais. Tom Hanks diria que fez uma das suas melhores atuações no cinema, em qualquer um dos seus 7 personagens, mas o principal Zachry principalmente nos momentos que conversa com o demônio é impressionante os diálogos e pensamentos fluindo na mesma velocidade das emoções, perfeito. Halle Berry está demais e mesmo assim ainda acredito que poderia dar mais em alguns dos seus 6 personagens, mas suas cenas como Luisa Rey impressionam bastante. Jim Broadbent é rico em atuações, e 4 dos seus 5 personagens são brilhantes de se ver, mas sem dúvida o músico Vyvyan é onde pode demonstrar mais emoção ou talvez nas cenas finais de Cavendish, dúvida cruel. Jim Sturgess é o típico ator que você não espera nada e te surpreende, todos os seus personagens são bem interessantes de se ver, mas o carinho demonstrado nas cenas futurísticas com Doona Bae são de emoção pura. Falando em Doona Bae, nunca tinha reparado tanto nessa atriz e o que ela faz como Sonmi-451 é de uma firmeza de expressão que espanta e seu outro personagem também possui uma cena bem forte. Bem Whishaw acredito que poderia ter sido mais expressivo nos seus personagens e mesmo no principal momento seu ainda foi inexpressivo demais. Hugo Weaving no quesito atuação seu melhor personagem dentre os 6 que faz não é o principal, portanto é melhor considerar que faltou um pouquinho para agradar mais. Hugh Grant também faz agradar nos seus 6 personagens, mas assim como Weaving sua melhor atuação está muito maquiada e irreconhecível então melhor deixar como surpresa, porém no geral agrada bem. Keith David é impressionante em 3 dos seus 4 personagens, não tem como não gostar dele, principalmente nas falas bem aborígenes não ditas corretamente. Enfim, acho que falei de todos os principais, poderia falar de cada personagem individualmente, mas estragaria tanto surpresas boas quanto ruins, então como não é meu objetivo aqui, acho que já está de bom tamanho o que falei. Quanto aos demais atores e personagens foram corretos dando ajuda em cada história de forma isolada sem atrapalhar nem ajudar muito.

No quesito artístico, o filme é impecável, pois retrata épocas diferentes, com cores diferentes de formas de atuações e visuais diferentes, porém de forma com que tudo se encaixe. Com toda certeza esse filme deu uma dor de cabeça imensa nos diretores de arte e fotografia, pois tudo precisava se ligar, e no fim o que vemos é um brilhantismo artístico que nos faz mergulhar visualmente com figurinos preciosos e que nos remetem certamente a cada época. Como disse no início do texto  acredito muito mais no filme como algo artístico e não comercial, por isso esse quesito é um dos principais do filme. E já que estamos falando de visual, já dei parabéns quando falei nas atuações e não esquecerei jamais as maquiagens feitas no longa, pois é inacreditável ao final ver que alguns personagens são alguns atores, em momento algum se desconfia se não ler em algum lugar antes, e como já recomendei diversas vezes, prefira ver sem saber nada.

Agora um dos pontos mais perfeitos do longa é certamente a trilha sonora deliciosa de se escutar. O Sexteto Cloud Atlas é algo que escutaria horas afinco sem parar nenhum momento e relaxaria maravilhosamente. Aliado à ela, souberam colocar outras boas trilhas para acompanhar cada história dando o ritmo necessário para cada momento, fazendo com que o filme de 174 minutos passasse de forma bem gostosa, claro que temos alguns momentos cansativos, mas no geral a velocidade agrada. É um típico CD de trilha que valerá a pena ser adquirido.

Enfim, é um filme muito interessante, confesso que não esperava nada dele na primeira vez que fiquei sabendo sobre ele, e a cada trailer ou coisa que lia minha expectativa foi aumentando até que hoje estava desesperado para ver. Poderia ser melhor, sim, sendo um pouco mais comercial dando velocidade para alguns momentos e até tesourando algumas cenas, mas esse nunca foi o intuito dos diretores quando escreveram o roteiro do filme. Vale muito a pena conferir o longa no cinema, visto que conhecendo as pessoas ao verem em casa com certeza acelerarão partes e perderão conexões necessárias do filme. E como já disse procure ver sem ler quem é cada personagem em textos espalhados pela internet, pois a surpresa final de não saber que é o mesmo ator de outro personagem é muito satisfatória. Bem é isso o que tinha para falar desse longa, ainda temos mais 2 longas para conferir nessa semana, então fico por aqui mandando abraços e até breve pessoal.


2 comentários:

Erika Ivy disse...

merecia 10 coelhos.... :D até a hora das cansadinhas eram necessárias

Fernando Coelho disse...

Ah Erika, é um filmaço sim, mas como já te disse por mensagem, quem não estiver muito na vibe do filme irá cansar e acabar desgostando dele. Nas cenas lentas cansa demais, poderiam ali ter dado um ritmo maior!!! Abraços.

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