É incrível como filmes de época e monarquia sempre possuem os mesmos moldes, diferenciando apenas em alguma coisa tão pequena que acaba quase não sendo relevante. No filme dinamarquês "O Amante da Rainha", temos os belos figurinos, as locações bem interessantes de sempre(apesar de se passar a maior parte em interiores), porém o grande diferencial aqui está no elenco que não desaponta em momento algum, fazendo com que tivéssemos um grande prazer ao acompanhar tudo que tentam fazer para mudar o país.
O longa nos mostra que a jovem rainha da Dinamarca, Carolina Matilde, casada com o rei insano Cristiano VII, apaixona-se secretamente pelo médico da realeza Struensee. Juntos, eles iniciam uma revolução capaz de transformar uma nação para sempre.
O bacana do roteiro está na mistura interessante que está envolvendo toda a Europa que é a implementação do Iluminismo, um período cheio de mudanças culturais que revolucionou tudo no velho continente. E esse mix envolvendo culturas, política e religião é bem casado para que a trama tivesse a densidade e não ficasse apenas no romance da rainha com seu amante, colocando até mesmo esse relacionamento na trama envolvendo tudo, o que deixou o filme com um roteiro muito bem bolado. O problema é que quem não for adepto de um filme envolvendo toda essa trama, com certeza irá cansar, pois o ritmo do longa não é dos mais agradáveis, fazendo com que seus 137 minutos pareçam ser muito mais. Mas tirando esse pequeno defeito, o diretor Nicolaj Arcel faz um drama bem pontuado onde soube administrar muito bem os atores que tinha em mãos para que fizessem seu melhor.
Já que comecei a falar sobre as atuações desse elenco, o que posso dizer é que foi um trabalho impecável, a começar por Alicia Vikander que está presente em dois filmes indicados ao Oscar nesse ano("O Amante da Rainha" e "Anna Karenina") consegue segurar as pontas dramáticas quando está envolvida de uma forma bem intrigante, dando as deixas necessárias para que os demais personagens que estejam ao seu redor amarrem o que falta ficando redondinho suas partes; no miolo do filme ela dá uma desaparecida, mas suas interpretações iniciais e nas cenas finais já fizeram por valer tudo que podia fazer. Mads Mikkelsen que é conhecido por muitos papéis em filmes americanos, faz aqui um papel intrigante e ao mesmo tempo de diálogos intensos que acabaram mostrando que realmente é perfeito para os papéis que vem tomando, algumas cenas que dialoga com a corte são de uma expressão ímpar de se ver. Mikkel Boe Følsgaard mostra em seu papel porque ganhou o Urso de Prata do Festival de Berlim, sua loucura é disparado um dos pontos mais agradáveis de se observar no longa, fazendo com que nossos olhos fiquem maravilhados com a atuação que proporciona. Os demais atores estão também interessantes, mas como aparecem sempre ligando os atores principais não convém gastar muito tempo falando deles.
O visual do filme poderia ser melhor, mas claro que se gastaria muito mais, se tivessem explorado mais exteriores da Dinamarca e outros países que o longa se passa do que ficar presos a estúdios ou locações internas, que não valorizaram tanto a construção de época que o filme merecia, porém nos cenários que temos em mãos foram bem colocados de forma a tentar engrandecer pelo menos um pouco. Destaque no quesito visual claro para os figurinos impecáveis que denotam a época que se passa o filme e claro para os cabelos/perucas de época, que até hoje não me conformo que existiu uma época que as pessoas faziam isso de usar essas perucas ridículas(fica aqui uma opinião pessoal, mas tudo bem). E também acho que deveriam ter colocado um pouco mais de maquiagem nas atrizes, pois naquela época as mulheres caprichavam no pó. Enfim, são detalhes técnicos que poderiam ter sido mais bem preocupados no quesito visual do longa. A fotografia está muito bem colocada, trabalhando jogos de sombras e misturando cores sempre puxando para o tom amarelado, e em alguns momentos jogando bem para a escuridão com nuances brancas vindas da janela, isso caprichou bastante dando o ar de época que a fotografia pede.
Concluindo, é um filme interessante que fez valer as indicações de filme estrangeiro nos diversos prêmios do cinema que temos, porém como os amigos dos Estúdios Kaiser de Cinema(onde foi exibido a avant-premiére do filme, já que estréia apenas dia 08/02 no Brasil mas nem deve vir para o interior), Marcos e André mesmo disseram, ficará apenas na indicação pois não deve ganhar os prêmios de forma alguma. Aonde estrear o longa, vale realmente a pena conferir, claro se você gosta do estilo, pois do contrário deverá achar bem cansativo. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando a semana cinematográfica com mais um indicado ao Oscar conferido, mas já me preparando para os 2 que vem na próxima sexta. Abraços e até sexta pessoal.
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