É interessante como alguns filmes podem nos trazer sentimentos esquisitos, de forma a sairmos da sessão pensando, será que gostei ou não do que vi? Com "O Mestre", fiquei exatamente com essa sensação, pois o filme tem boas atuações, uma história convincente, bons planos escolhidos pelo diretor, mas ao final saí meio confuso quanto a estar feliz com o que vi, e pelo que notei a face de todos na sala saíram iguais a minha, confusos e olha que a sala estava lotada.
O filme trata da fundação da Causa, uma organização religiosa criada por Lancaster Dodd nos anos 50, depois dos horrores da Segunda Guerra Mundial. Freddie Quell é um ex-alcoólatra, veterano da Marinha, que volta da guerra e regressa ao lar, aflito e inquieto quanto ao seu futuro. Ele se torna aprendiz de Lancaster Dodd, mas começa a questioná-lo quando o culto ganha proporções de fervor cego.
A história em si é algo bem interessante de se observar, pois essa mistura de hipnose com religião, a famosa cientologia é ainda algo intrigante que muitos acreditam. E a forma que o diretor nos apresenta o filme fica no ar sua opinião, sem deixar se é pró ou contra tudo que é feito, e isso é legal de ver, pois qualquer outro diretor senão Paul Thomas Anderson teria feito um filme exprimindo sua opinião de forma bem clara apoiando ou atacando. O ritmo escolhido para o longa também diríamos que foi na medida, nem muito rápido nem lento demais, e aliado aos planos que foram bem variados, a dinâmica proposta acaba se tornando satisfatória no geral.
As atuações estão dignas de serem indicadas à vários prêmios, bem como foram. Joaquin Phoenix está num personagem que diria que se o visse na rua falaria que era mais um bêbado jogado às traças, pois incorporou o papel e o que vemos é alguém bem ruim das pernas que voltou de uma guerra acabado e acaba caindo nas mãos(boas ou ruins, cabe aqui você espectador julgar) de um homem e sua "religião", muito bom o que faz em cena. Philip Seymour Hoffman faz algo que se você botar nesses programas de culto com certeza observará os olhos fervorosos que acabam te convencendo de tudo, mas de uma forma tão dócil que você acaba levando e agrada muito o que ele faz. Amy Adams é aquela crente fervorosa, mulher do pastor que com toda certeza você já viu por aí nas ruas tentando convencer você de seguir a religião dela, mas diferente das normais que conhecemos, aqui ela retrata uma pessoa muito introspectiva, sua atuação está tão forte quanto sua pessoa, muito bom de se ver. Rami Malek também tem seus bons momentos, mas tem algumas cenas suas que não me convenceram. Enfim, um filme onde todos os atores parece que você já viu na rua, e isso é bacana de se ver, pois nos aproxima deles.
Outro ponto muito bom do longa está na sua fotografia, que hoje compensará mais falar dela do que da direção de arte de época que diria que faltou um pouco para retratar os anos em que se passa o filme, tanto no quesito figurino quanto nas locações. Mas a fotografia soube compensar isso, pois tem amplos campos abertos de visão e soube trabalhar com a luz na medida certa para que esses mesmos cenários que não eram tão bons para constituir época ficassem inteligentes e agradáveis de se ver. O que Mihai Malaimare Jr. faz aqui com a direção de fotografia é o mesmo que o consagrou em Tetro, dando sensações e camadas para o longa.
A trilha sonora de Johnny Greenwood também é algo que vale a pena prestar atenção, pois soube marcar ritmo e agradar de uma forma gostosa de se ouvir, pontuando o filme nos momentos que foram precisos.
Enfim, é um longa bacana que poderia agradar mais, porém no geral o que o diretor nos traz faz valer bastante o ingresso mais como obra de arte do que como uma diversão para um momento de descontração no cinema. Recomendo ver com ressalvas pois não serão todos a saírem felizes com o que vão ver. Fico por aqui, mas daqui a pouco estou indo para mais uma sessão da madrugada, e amanhã colocarei a opinião do que verei aqui. Abraços e até breve pessoal.
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