É interessante como filmes baseados em histórias reais podem realmente nos tocar de uma forma que não tem como explicar. O longa "As Sessões" poderia ser mais um filme apenas que contaria a história de alguém com uma doença mas a forma tocante que o diretor soube escolher para retratar o artigo escrito pelo personagem principal é de uma maestria que poucos poderiam fazer. Além disso, soube trabalhar com um time de primeira linha de atores que encarnaram os personagens sublimemente Faltando apenas para o longa ser perfeito, talvez ser um pouquinho maior na duração para contar mais algumas histórias que passaram batido.
O filme nos conta a história de Mark O'Brien, um homem que viveu a maior parte de sua vida em um pulmão de ferro e está determinado - aos 38 anos - a perder sua virgindade. Com a ajuda de seu terapeuta e a orientação de seu padre Brendan, ele se propõe a tornar seu sonho uma realidade.
A sinopse em si pode ser vista de forma bem simples para tudo que o longa pode nos submeter, pois a força dos atos ocorrem de uma maneira tão natural que nos vemos ao mesmo tempo que emocionados com algumas expressões, também nos vemos divertindo com situações que poderiam ser vistas como simples, mas devido à deficiência do personagem principal fica até incoerente o que poderia ocorrer. O diretor e roteirista Ben Lewin soube mixar bem os pontos cômicos com os de apelo mais dramático para que o filme mesmo tratando de algo delicado envolvendo sexo com deficientes ficasse de forma leve e conciso sem que traumatizasse o público que vá assistir, e isso acaba deixando o longa interessantíssimo que como disse apenas pecou por não ter sido até um pouco mais longo (possuindo apenas 97 minutos), pois poderia ter contado mais sobre o último relacionamento do protagonista que ficou apenas remetido por um único encontro. Mas ainda assim consegue nos tocar com os diálogos muito bem escolhidos e interpretados pelos atores.
O que temos nesse longa mais uma vez é um filme onde a atuação mostra um nível acima da média, mostrando que todos poderiam ter sido facilmente indicados à qualquer prêmio. John Hawkes simplesmente detona em cena, seu físico, sua voz, sua interpretação nos remete de uma forma que com toda certeza diríamos que ele é um deficiente e sabe o que é passar por aquilo, chega a ser algo até pesado o que faz, mas ao mesmo tempo pelo personagem ser um poeta, o texto consegue suavizar os sentimentos de uma forma bem poética. Helen Hunt tem sua volta à grandes papéis de maneira triunfal, ousando até em nu frontal por mais de uma vez e mostrando que aos 50 anos está uma coroa bem enxuta; e claro além disso faz uma atuação que lhe rendeu várias indicações à prêmios merecidamente, pois o que faz em cena é de uma perfeita atuação pra cima. William H. Macy é daqueles atores que você com certeza já viu fazendo ponta em algum outro filme, pois seu rosto é muito fácil de ser lembrado, mas aqui ele domina bem a postura de um padre, que mais poderia ser chamado de psicólogo visto que suas cenas são mais como um divã de confissões do protagonista, porém seus trejeitos e conselhos bem dialogados acabam saindo de uma forma suave e bacana de ser vista. Uma atriz que acaba sempre estando em cena e merece um bom respeito pelo que faz é Moon Bloodgood que faz a acompanhante do protagonista e suas falas encaixaram muito bem com suas expressões de forma que numa primeira olhada achamos que seu personagem seria jogado fora, mas no final acabamos nos afeiçoando com ela.
O quesito visual do longa poderia ter sido um pouco mais trabalhado, pois mesmo falando que sua casa só tinha o pulmão de aço, poderiam ter incrementado com algo mais, além dos demais locais por onde a trama se passa ficar sempre no simples demais. Essa é uma opção que a direção costuma fazer, mas poderia ter ficado com cenas mais ricas não deixando apenas nas mãos dos atores e do roteiro o longa inteiro. A fotografia soube trabalhar bem principalmente nas cenas onde tivemos pouca iluminação e o ar dramático que foi preenchido pelas técnicas empregadas acabam sempre nos fazendo emocionar com tudo que conseguiram passar para as câmeras.
Enfim, um ótimo filme que poderia ter sido indicado à muitas outras categorias do Oscar e não apenas para Helen Hunt, mas infelizmente é assim que Hollywood funciona nem sempre escolhendo os melhores. Também fomos boicotados com esse maravilhoso filme pelo interior, visto que a Fox Searchlite trouxe pouquíssimas cópias para o país, por sorte nossos amigos dos Estúdios Kaiser de Cinema conseguiram junto com o Rubens Ewald Filho liberação com a distribuidora para estar fazendo uma cabine especial nas suas dependências para convidados. Torço para que venha logo para DVD para que os amigos e leitores do blog possam conferir, visto que nos cinemas do interior dificilmente irá estrear, pois recomendo demais o filme. Bem é isso o que tinha para falar dele sem dar muitos spoilers, fico por aqui, mas essa semana será bem recheada, então abraços e até mais tarde pessoal.
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