A Hora Mais Escura

3/17/2013 06:07:00 PM |


Alguns diretores possuem uma forma diferenciada de trabalhar e Kathryn Bigelow é a que vem mais se destacando por mesmo fazendo um filme linear, conseguir amarrar as pontas de seu filme com uma trama densa e consistente. Em “A Hora Mais Escura”, a diretora abusou um pouco do drama pessoal, que poderia ter sido menos enfatizado e trabalhado mais nas cenas finais que assim como o nome do filme ficou escuro demais, mas isso não atrapalhou a trama de forma que na minha opinião ela merecia mais o Oscar por esse filme do que em “Guerra ao Terror”.

A história do filme em si é bem simples e mostra a caça e execução do terrorista saudita Osama Bin Laden por soldados americanos no Paquistão, em maio de 2011. E para isso a forma de condução escolhida pelo roteirista e pela diretora pode ser considerada um ótimo mérito, pois conseguiram amarrar a trama travando todo o embate por trás de um bom suspense que foi a caça ao maior líder terrorista que existiu para os EUA. O mais bacana na maneira que escolheram é que você dá aquela meia olhadinha de lado e vê que todos na sala estão com os olhos colados na tela sem praticamente mexer um músculo querendo saber como tudo vai rolar, sendo que por ter sido baseado em fatos reais, todos já sabemos o desfecho. Outro ponto muito bem escolhido está na edição que mesmo sendo linear, soube optar por capitular (dividir o longa em capítulos para "explicar" o que deve acontecer nos próximos momentos) o longa inteiro. Isso não é algo que costuma me agradar, mas aqui acabou ficando de uma forma interessante de se ver. Não posso dizer claro que a direção foi perfeita, visto que temos dois problemas na trama, um na escolha da fotografia extremamente escura que faz com que em algumas cenas quase não enxergamos nada, e outro na escolha de Jessica Chastain para protagonista, pois o filme merecia uma pessoa com melhores expressões, não que ela esteja ruim, mas quem sabe uma mulher de personalidade mais forte caberia melhor no papel.

Já que começamos a falar sobre as atuações, vamos ao ponto culminante que fez com que Jessica Chastain fosse indicada ao Oscar, assim como ocorreu com Jennifer Lawrence em "O Lado Bom da Vida", a protagonista aqui é opaca para a trama, mas tem uma ou duas cenas que você vê uma representação explosiva que praticamente nos assusta mudando completamente seu perfil e isso é algo que vai sempre chamar a atenção para si e fazer com que ganhe pelo menos uma indicação a prêmios, isso logo começará a ficar cansativo de ver em todos indicados, mas por enquanto atrizes aproveitem e faça sempre assim, sendo monótonas em praticamente 95% do seu filme e dando um show em 5% quando os holofotes pairarem sobre vocês. Dos demais atores, temos muitas pontas que chamam a atenção, mas a que mais teve presença em quadro é a de Jason Clarke que está muito bem principalmente nas cenas de tortura, acredito que se o foco do filme fosse mais nele ao invés do personagem de Chastain, teríamos um filme completamente mais pesado e talvez senão chamativo. Reda Kateb também faz bem suas cenas de torturado e em alguns momentos você chega a sentir até dó pela expressão que consegue transmitir.

A direção de arte trabalhou bem para deixar os cenários mais próximos de tudo que vimos nos telejornais e fizeram um bom trabalho nesse quesito, mas como disse não houve uma boa integração com a equipe de fotografia que preferiu trabalhar com filtros extremamente escuros, deixando o longa praticamente todo puxado para o preto e o cinza, de modo que chega alguns momentos que temos até nossa vista cansada de tanto esforçar para enxergar algo por onde estão andando.

A trilha sonora de Alexandre Desplat está muito bem casada com a história de forma que somos postos, a todo momento, em tensão, e isso ajudou demais a segurar os 157 minutos de filme que caso não fosse bem colocada iríamos ter muitos espectadores dormindo. A edição de som também está perfeita tanto que acabou levando o Oscar, cada ruído é importante para nos sentirmos no quadro e mais do que isso, ajuda saber onde olhar no quadro escuro que a direção optou.

Enfim, um filme muito bem feito, que pra variar assim como quase todos lançados pela Imagem Filmes acabam caindo no esquecimento ou não sendo assistido pelo público, uma vez que sua estreia foi a quase um mês e só veio parar no interior agora que muitos já até baixaram e viram em suas casas não gostando do que viram, pois assim como muitos outros é um filme para se ver em uma tela grande com um bom som, enquanto que em casa a certeza de nas cenas escuras acabar dando sono e dormir facilmente. Encerro por aqui, mas é só por algumas horas, já que daqui a pouco irei conferir uma pré-estreia para já praticamente iniciar a próxima semana, já que será o último filme que veio por essas bandas. Então abraços e até daqui a pouco pessoal.


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