A Hospedeira

3/30/2013 07:35:00 PM |

Ainda não estou acreditando que uma autora consiga fazer dois livros tão diferentes de forma a nos fazer entrar num mundo paralelo que até acreditamos que esse fato possa ocorrer daqui a alguns anos. Em "A Hospedeira", Stephenie Meyer consegue nos mostrar um paralelo tão significativo que Andrew Niccol nem precisou perder muito tempo para adaptar e fazer uma obra ao mesmo tempo com fundamentos rebeldes e colocar um pano romântico bem convincente para quem sabe manter uma nova franquia. O longa, embora um pouco adocicado demais, tem um drama envolvente que mostra o quanto uma dupla personalidade pode afetar a pessoa mesmo que seja uma personalidade alienígena.

O filme nos mostra que a Terra foi dominada por um inimigo invisível, que controla as mentes e os corpos dos humanos. Melanie Stryder é uma das poucas pessoas que ainda não foi "dominada". Mesmo infectada, resiste bravamente contra Peregrina, a “alma” invasora que tenta de todas as formas se hospedar em seu corpo e descobrir seus pensamentos. A jovem ocupa sua mente com visões do homem que ama, Jared, para desviar a atenção de Peregrina, que passa a se sentir atraída por aquele humano. Enquanto isso, a Buscadora persegue Melanie para garantir a dominação da hospedeira e encontrar o paradeiro dos últimos humanos não infectados.

Muitos ao verem no topo do cartaz que é da mesma criadora de "Crepúsculo", talvez fiquem receosos de assistir pensando se tratar de mais um romance barato, mas o que ninguém esperava, principalmente eu, é que o longa tivesse todo um conteúdo por trás de forma a conseguir convencer os espectadores com um romance firme mesmo que os protagonistas não tivessem tanta química. O que o diretor e roteirista Andrew Niccol faz com a história é ditar um ritmo semelhante ao que fez em "O Preço do Amanhã", nos fazendo acreditar em praticamente tudo que vemos e acabamos convencido com uma história com fundamentos imaginários que embora ficcionais possam ser até possíveis de acontecer. Mas claro que para isso também contou com uma produção bem criativa que colocou objetos e cenários bem encaixados para manter a trama bem interessante.

No quesito atuação Saoirse Ronan poderia ter dado um pouco mais de gás da mesma forma que fez em "Hanna", mas ainda assim consegue convencer pelo menos na parte mais emotiva, porém sua expressividade apática não conseguiu me dizer se fazia parte do personagem que consta na sinopse do livro, mas ficou um pouco pesada. Max Irons faz um personagem que tem uma variação tão grande de humor que em alguns momentos pensamos até que foi alterado o ator, mas com o andar do filme, ele volta a transmitir a mesma sensação inicial e até agrada com o que faz, como disse poderia ter tido um pouco mais de química com a personagem principal, mas tudo tem seus motivos. Jake Abel pelo contrário dos protagonistas, consegue ser sensível e fazer atos que lhe aproximaram da protagonista de forma a passar exatamente o que os psicanalistas dizem que o amor é algo que envolve mais a cabeça do que o corpo e isso o ator soube fazer muito bem. Diane Kruger interpreta sua personagem de uma forma que faria muitos vilões ter medo de sua alma, e claro ao final do filme temos uma explicação palpável para sua tirania que convence bem. Outro ator que fez muito bem seu papel é William Hurt que transmite a firmeza que o personagem pede sem perder os ideais e características.

A cenografia escolhida pela equipe de arte mostrou um deserto que consegue transmitir bem toda a aridez dos sobreviventes/resistentes que brigam contra as almas. E quando eles estão nos locais mais fechados, tanto a caverna quanto a cidade ou o "ponto de encontro" das almas a luminosidade ficou bem característica e tenta revelar algo maior. Não gostei muito das lentes usadas para mostrar que a pessoa está infectada, pois ficou artificial demais, mas no geral agrada bastante. A fotografia também está bem interessante e consegue transmitir as mesmas sensações que a equipe de arte quis colocar em cada cena. Existem alguns pequenos furos de contexto, mas no geral passam despercebidos e o que está sendo mostrado acaba agradando bastante.

A trilha sonora feita pelo filho do famoso cartunista brasileiro Ziraldo, Antonio Pinto agrada bastante e consegue ajudar a por ritmo no filme de forma que todos fiquem emocionados nas cenas que passam emoção e dar velocidade nas cenas que pedem ritmo frenético.

Enfim, é um filme que agrada bastante por tudo que é apresentado e já estou esperando uma continuação convincente para ele, pelo que deixou no ar. Recomendo o filme para todos, claro que os que não curtem algo um pouco adocicado vão reclamar de tudo, mas tirando o romance que não convence muito, o filme vale bastante pelo ingresso pago. Fico por aqui hoje, mas amanhã tem mais posts aqui no blog. Então abraços e até amanhã pessoal.


4 comentários:

EderGustavo disse...

Filmaço Fernando!! Vale a pena ver!
Não por causa do romace, mas sim pelo tema filosófico do contexto do filme. Nos faz pensar em nossa existência e se tudo vale a pena.

Fernando Coelho disse...

Pois é Gustavo, o contexto filosófico vale demais para o filme... ainda bem... porque a química dos atores faltou um pouco para termos um bom romance mesmo. Abraços!

J.G. disse...

Não creio que terá uma continuação, afinal o livro é aquilo ali.

Fernando Coelho disse...

Olá J.G. O livro pode ser só aquilo ali, mas como os fãs do livro não curtiram muito e deixaram brecha para uma continuação, não duvido nada de esquecerem o livro e engatarem um novo, afinal Hollywood adora dinheiro né... abraços!!

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...