Amor é Tudo Que Você Precisa

3/13/2013 12:29:00 AM |

Sabe quando você está cozinhando e alguma coisa parece estar faltando sal, daí você vai colocar um pouco e salga demais e logo em seguida tenta lavar ou colocar água para tirar o sal? Como fica a comida? Estranha não é! O que temos no longa "Amor é Tudo Que Você Precisa" basicamente é essa mistura toda, onde você vai indo para um caminho quando tudo parece que está ficando chato demais, acontece algo totalmente imprevisível, em seguida esse imprevisível evapora e voltamos ao mais normal possível que você tinha a certeza de ocorrer logo nas primeiras cenas e assim temos um fechamento tradicional e insosso para um filme que propôs uma tonelada de possíveis finais diferentes. Posso ter deixado você confuso com tudo isso, mas antes confuso que ir assistir sem saber e reclamar o filme todo como algumas pessoas na sala onde estava fizeram.

A história nos mostra que duas famílias muito diferentes encontram-se em uma casa de campo na Itália para festejar um grande casamento, planejado nos mínimos detalhes. Mas nada ocorre como esperado... De um lado Patrick, o noivo, filho do inglês Phillip, empresário bem-sucedido, sempre envolvido em trabalho, ficou viúvo há alguns anos e não consegue se aproximar do próprio filho. Do outro lado a sonhadora Astrid, a noiva, jovem sonhadora em busca de um amor, vive o conto de fadas de um casamento, sempre apoiada por sua mãe Ida, uma cabeleireira charmosa e falante que recentemente ganhou uma batalha contra o câncer de mama. Os destinos de Ida e Phillip estão prestes a se entrelaçar, quando eles embarcam para a Itália para assistir ao casamento de seus filhos.

A sinopse por si poderia até omitir alguns fatos, mas como 99% das pessoas sabem o que vão ver numa comédia romântica, que de comédia não tem praticamente nada já vamos deixar bem avisado, então vamos deixar assim mesmo. Quando Susanne Bier fez o ótimo "Em um Mundo Melhor" e praticamente fez conhecermos realmente seu nome, pelo menos pra mim, esperava muito mais de uma comédia romântica assinada por ela. Tudo bem que a parte dramática do sentimento de conquista por vencer um câncer é legal, as alternativas possíveis de quebra do comodismo implementadas também são bacanas, mas ficar indo e vindo do tradicional para o diferente e terminar de forma mais comum possível foi jogar um balde de água fria nos espectadores que já estavam cansados com a primeira parte inteira e que se tivessem saído antes do ponto de virada achariam que não perderam nada, e aqueles que saíram somente no final também chegam a essa mesma conclusão de que não perderam nada. Podemos falar que o problema está no roteiro, não acredito, está mais com cara do peso da mão, mas como Susanne também assina parte da história então!

Das atuações, o que mais convém falar é da garra de Trine Dyrholm que ao que tudo indica raspou seu cabelo para fazer as cenas, não posso afirmar isso, mas seus gestuais mostram realmente a garra que os vitoriosos sentem ao vencer um câncer e ao mesmo tempo o medo do retorno, porém nos momentos que ela tenta forçar algum romance ou algo cômico soa estranho não parecendo ter vontade de fazer aquilo. Pierce Brosnan, muitos vão me criticar, mas pensei que tivesse morrido, pois desde Novembro/2011 não via nada dele nem ouvia falar nada, então! Mas sua atuação aqui embora sempre galanteadora, é apenas correta sem muitas expressões que falássemos ser sua volta triunfal para o cinema como galã, porém no geral agrada. Agora o casal jovem principal Sebastian Jessen e Molly Blixt Egelind, vou preferir apenas falar que foram ruins no geral,  pois se falar muito deles, estrago a única surpresa do filme. Dos coadjuvantes praticamente quem salva um pouquinho a pátria é Kim Bodnia que tem uns momentos bem cafajestes que qualquer mulher na sala você escuta reclamar, e isso é sempre bom de ver um ator que conquista o povo negativamente, poderia terminar mais vilão, mas sua penúltima cena é de ficar com uma enorme interrogação na cabeça, o porquê da diretora, sendo mulher, colocar aquilo no filme.

O visual da Itália agrada bastante, mas só por que arrumaram uma locação bacana não significa que a cada 10 minutos do longa é necessário ficar mostrando o mesmo plano com atores diferentes nos cantos enquadrando a mansão não é verdade? Esse recurso na segunda vez já está cansativo, então apenas imagine o que falei na quarta vez que apareceu! O que aparenta na questão visual é que arrumaram pouquíssimos recursos para fazer o longa e tudo é minimizado em mostrar na tela para tentar não deixar ele tão pobre, e isso incomoda demais mesmo quem não for da área, pois tudo é mostrado diversas vezes para enfatizar algo, esse recurso funciona quando um objeto vai fazer a diferença em cena, mas nessa caso não funcionou em momento algum, principalmente a cada três planos a protagonista falar que vai comprar toalhas de mesa, ou então buscar as toalhas de mesa, ou então cadê as toalhas de mesa, "Meu Deus!!! Pra que as toalhas de mesa vão servir no filme!!!!". A fotografia abusou do clareamento do rolo, deixando as imagens foscas, e isso pelo menos na minha opinião não serviu para nada e até estraga as paisagens bonitas que são mostradas para dar mais tempo e deixar o longa com 116 minutos, sendo que com uns 90 ou até menos a história seria bem contada.

Enfim, é um daqueles filmes que saímos do cinema nos perguntando o porquê daquilo, claro como disse se tivesse nos surpreendido e finalizado seria algo chocante e marcante para seu currículo, mas como vimos algo tradicional ao final, não vale a pena gastar nem os ingressos promocionais que foram adquiridos nas últimas semanas. Fico por aqui nessa semana cinematográfica, esperando a sexta que virão vários atrasados que concorreram ao Oscar para podermos finalmente dar nossa opinião. Abraços e até sexta pessoal.


2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Fernando,

Sou leitor do Tem um Coelho no Cinema e sou cinéfilo de carteirinha. Eu estou mandando esse email porque estou trabalhando numa empresa que desenvolveu um portal sobre cinema - o Cinema Total (www.cinematotal.com). Um dos atrativos do site é que você cria uma página dentro do site, podendo escrever textos de blog e críticas de filmes. Então, gostaria de sugerir que você também passasse a publicar seus textos no Cinema Total - assim você também atinge o público que acessa o Cinema Total e não conhece o Tem um Coelho no Cinema.

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Um abraço,

Marcos
www.cinematotal.com
marcos@cinematotal.com

Fernando Coelho disse...

Olá Marcos... que bom que lê meus textos... ando meio corrido ultimamente com o final da minha pós e o lançamento do meu curta, mas depois vou lá olhar certinho pra fazer o cadastro. Abraços!!

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