Sabe aqueles filmes com essência dramática carregada, conduzido sob uma vertente diferenciada e autoral da qual você olharia e com certeza não falaria que é um longa brasileiro? Esse filme estreou nos cinemas no último mês e chega agora ao interior sob o nome "A Busca". E tem toda uma simbologia presente a cada ato que o caminho traçado pelo protagonista conforme vai desenrolando toma uma guinada inteligente e interessante de forma a encerrar no melhor momento e estilo possível que assim como costumo fazer ao achar que um filme deve terminar, falo mentalmente encerra e fecha com chave de ouro, dessa vez finalmente um filme brasileiro soube fazer isso e muito bem feito.
O filme nos apresenta um pai – o médico Theo Gadelha, 35 anos – que é obrigado a jogar-se na estrada em busca de seu filho Pedro que desaparece no fim de semana em que completaria 15 anos. O repentino e inexplicável sumiço do filho é a última carta a desabar no castelo de Theo. Seu casamento de 15 anos com Branca – médica como ele – acaba de ruir. Theo saiu em busca do filho, mas acaba encontrando seu pai, com quem não fala há vários anos. De cara para o pai, enxerga a si mesmo, redescobre o filho e se desarma com a mulher que nem por um momento deixou de amar.
A história que o diretor Luciano Moura e Elena Soarez escreveram juntos é bem tramada e cheia de elementos trabalhados que poucos diretores conseguiriam minuciar e trabalhar de forma inteligente e coesa sem perder o tom autoral que serviu de grande valia para que o filme não ficasse cansativo, mesmo tendo imagens não costumeiras para uma maioria. Quando o filme saiu dia 15 de março e vi que não seria distribuído em todas as cidades fiquei intrigado do porque um filme com co-distribuição Globo Filmes tivesse sido boicotado, mas ao ver hoje consegui enxergar que não é um longa que a maioria vai acabar gostando, somente sendo bem degustado por aqueles que se abrirem para com a ideia principal do longa e embarcarem junto com Wagner Moura na busca maior que não é seu filho e sim sua identidade.
Falar de Wagner Moura já se tornou piegas para o cinema nacional, tanto que estamos esperando seu resultado em "Elysium" e "Fellini Black and White" para ver seu andamento no cinema internacional, pois aqui novamente ele destrói numa introspecção que você na hora diz que o personagem foi escrito para que ele atuasse, e não apenas fizesse isso, mas sim colocasse toda sua alma e corpo para com o filme de forma a conseguir novamente subir um nível em sua carreira de excelente para brilhante. Mariana Lima está bem também no filme, mas como seu papel é algo mais demonstrativo de dramaticidade, em alguns momentos soa exagerado o que faz, porém acredito que uma mãe faria o mesmo desespero com o sumiço de um filho, então vou considerar como correto. O filho de Arnaldo Antunes, Brás Antunes não chega a atuar muito, pois suas cenas são curtas, mas a sua primeira cena mostra que precisa urgente de aulas de fonoaudióloga, pois é dificílimo entender o que fala. Lima Duarte também faz uma participação excelente de uma forma tocante e bem coordenada como fazia tempo que não via o ator fazer, encaixou bem para a história e agradou.
A direção de arte de Marcelo Escañuela trabalhou muito para poder colocar cenários que trabalhassem bem com cada âmbito de passagem do protagonista e acabou escolhendo lugares que muitas vezes para um filme comum seria colocado de lado por não ser "bonitinho", mas aí é que entra o trabalho da direção de fotografia do sempre brilhante Adrian Teijido que faz algo que já estamos acostumados a ver em seus trabalhos, que é inverter a iluminação colocando os protagonistas em contraluz e o cenário a favor, fazendo com que o lugar não se torne parte do filme, mas sim o filme se torne parte do lugar e assim temos algo envolvente mesmo não sendo bonito, o que fica perfeito.
A trilha sonora de Beto Villares aliada à canção de Arnaldo Antunes ficou perfeita para a trama tocando em todos os momentos no melhor estilo para marcar sonoridade e como a música "Olha Pra Mim" que também é cantada por Brás Antunes tem uma boa marcação ficou excelente para ser pontuada e dar o ritmo dramático para a trama.
Enfim, um excelente filme que vale a pena ser conferido com a ressalva apenas de que não foi feito para ser comum, mas sim para mostrar assim como disse na comédia "Vai Que Dá Certo" uma nova vertente também para o drama brasileiro nos cinemas que se mantido vai fazer história. Bem é isso que queria dizer sobre o filme e fico por aqui hoje, mas ainda temos muitos posts por aqui na semana, então abraços e até breve pessoal.
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