Sudoeste

4/10/2013 12:20:00 AM |

Hoje poderia estar aqui feliz por mais um belo filme do cinema brasileiro, mas infelizmente a exibidora do filme, no caso o Cinépolis Santa Úrsula, assim como já estamos acostumados com os filmes que são exibidos lá, destruiu toda a sensibilidade que o longa poderia passar. Primeiro oscilando entre os formatos de janela até acertarem o correto que é diferenciado de qualquer filme, depois oscilando o som, principal elemento que o diretor colocou pensadamente no filme, entre dolby e mono, ficando com essa última opção praticamente 90% do filme e quando voltava o dolby estava tão alto o volume que era quase uma explosão, ou seja, o que assistimos de "Sudoeste" foi praticamente algo estranho e não o longa realmente que o diretor Eduardo Nunes concebeu. Agora após todo o desabafo, vamos falar sobre esse filme que é daqueles que temos de assistir pacientemente interpretando cada elemento da narrativa, pois ele discorre de forma fora dos padrões que estamos acostumados, tendo duas vertentes de tempo completamente diferentes, a de Clarice que tem seu tempo na mesma velocidade do vento e o tempo dos demais integrantes da pequena vila, que parecem parados no próprio tempo.

Assim como já disse um pouco no primeiro parágrafo, a sinopse nos mostra que numa vila isolada do litoral brasileiro onde tudo parece imóvel, Clarice percebe a sua vida durante um único dia, em descompasso com as pessoas que ela encontra e que apenas vivem aquele dia como outro qualquer. Ela tenta entender a sua obscura realidade e o destino das pessoas a sua volta num tempo circular que assombra e desorienta.

Como disse, nos momentos em que consegui assimilar o filme real concebido pelo diretor, o que vi é que ele tenta nos mostrar em todos os momento a influência do vento no caso a referência ao nome sudoeste que muitos falam na navegação ser um vento desordeiro, que nada naquela vila parece ser  comum para os padrões, parece que esqueceram de crescer, esqueceram de viver a própria vida, e quando ele insere para mostrar a sua vida inteira para Clarice, temos algo surpreendente que são as pessoas conseguirem observar o seu crescimento junto com ela própria. Isso ficou muito bem agradável e de fácil compreensão, pois o diretor se preocupou com a sonoplastia completa, com os elementos corretos, com tudo para que não ficasse apenas um filme autoral e porque não dizer experimental, mas sim uma obra completa.

A atuação da protagonista Simone Spoladore é complexa e ao mesmo tempo singela de uma forma que somos colocados à prova quase durante o longa todo, pois como o filme é em preto e branco a similaridade com a personagem de Mariana Lima e em certos momentos acabamos ficando até confusos com tudo que é mostrado. Raquel Bonfante fazendo Clarice jovem está também muito centrada com seus atos e as vezes nem nos damos conta de que é apenas uma garotinha que está fazendo um papel tão forte. Mariana Lima como disse nos confunde muito com a protagonista, mas seu papel no geral, embora forte em alguns momentos, acaba sendo esquecido de certa forma se não fosse essa aparência confusa que o diretor nos quis pregar. Dira Paes sempre acerta bem no cinema, e não seria diferente aqui, mesmo que seu personagem apareça apenas três vezes, ela consegue se sobressair e mostrar muito mais do que as pessoas que apenas à vê nas novelas. Os personagens masculinos embora não se destaquem tanto quanto os femininos vale ressaltar o papel de Julião Andrade que com uma postura firme faz de seu personagem uma silhueta de como é o homem das antigas do interior.

No quesito visual, confesso que não sou dos mais adeptos da linguagem que acaba sendo mostrada em preto e branco, pois mesmo jogando o trabalho da fotografia lá em cima, os cenários acabam se tornando insossos, sem vida e mesmo conseguindo identificar completamente o local onde passa o momento dos personagens, acabamos vendo apenas uma parte do que realmente é, sendo que se fosse colorido o longa teria sido mais trabalhado no visual e não tanto na sonora como o diretor fez. Como falei da fotografia, não tem como negar que o trabalho no clássico preto e branco é algo que fica lindo e seria hipócrita dizer que para a fotografia eu não goste, mas já falei o motivo acima então nem convém dizer mais, aqui ela até é bem usada para mostrar que por ter parado no tempo a vila, até as cores não existiam, mas é só. Outro ponto que vale a pena ressaltar é a maquiagem que mesmo estando em P/B ficou nítida para ser bem notada, excelente.

Da parte sonora, vou falar somente do que ouvi, pois como já disse várias vezes não tivemos como apreciar o principal ponto que acredito ser forte do longa que é toda a sonoplastia do vento e as canções características para marcar cada momento da vida da protagonista. O que conseguimos ouvir ficou muito bom e espero ver logo mais no Canal Brasil, afinal é um filme característico de passar lá, para poder confirmar tudo.

Enfim, é um bom filme que acredito ser bem melhor, mas como não vi em totalidade nem por culpa da película, mas sim do cinema irei avaliar ele como o que vi. Então quem puder ver em outro lugar e dizer realmente se o que disse é melhor mesmo, os comentários estão abertos. pra isso. Fico por aqui hoje, mas na quinta estou de volta com os filmes do Festival SESC Melhores Filmes, abraços e até mais.


0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...