O filme “Além do Arco-Íris” vai realmente muito além da fantasia dos contos de fada, sendo uma comédia praticamente do absurdo, algo que ficaria entre o drama e a loucura das comédias que víamos como nada a ver. É algo completamente estranho que você até dá boas risadas das coisas surreais que acontecem, mas no geral o choque é maior por não sabermos que rumo as coisas vão tomar, se pode ainda piorar mais. Porém funciona principalmente como forma de criticar realmente todos os contos de fada e as comédias românticas que existem dando tudo certinho demais.
Era uma vez uma garotinha que acreditava no grande amor, nos sinais e no destino; uma mulher que sonhava em ser atriz e faria de tudo para conquistar seu sonho; um rapaz que acreditava em seu talento de compositor, mas não confiava muito nele mesmo. Era uma vez uma garotinha que acreditava em Deus. Era uma vez um homem que não acreditava em nada, até o dia em que uma vidente previu a data de sua morte, e finalmente, ele teve que acreditar.
Embora contenha diversas histórias interligadas e ao mesmo tempo soltas, o filme toma um rumo diretivo ao final que acaba ficando até interessante. Não é nada que possamos falar nossa que genial, mas acaba tendo sentido o fim que a diretora Agnès Jaoui escolhe. Confesso que quando li a sinopse imagine mais uma daquelas comédias ao estilo americano que juntam vários protagonistas e nenhum toma rumo, tendo algumas ligações, mas sempre tudo solto, o que não é o caso aqui, mas mesmo funcionando bem o final ainda assim não é uma comédia que vou lembrar muito daqui a alguns meses, principalmente pela quantidade de pessoas que estão presentes.
As atuações variam muito, tendo praticamente todos os atores momentos bons e ruins. Por exemplo, Agathe Bonitzer é daquelas que oscila em diversos momentos não transpassando realmente o que quer mostrar, acabou ficando de princesa a sapo numa facilidade que impressiona. A própria diretora Agnès Jaoui fazendo uma atriz frustrada que ensaia peças infantis beira o ridículo total. Arthur Dupont mesmo tendo seus momentos de paranoia é o que mais se mantém numa linha contínua fazendo até mesmo um bom papel. Jean-Pierre Bacri também está bacana como um compositor jovem, tendo a diversão nos seus momentos de gagueira, mas não convence muito como compositor. Benjamin Biolay é o famoso galã posto apenas para aparecer, mas a cena que acorda Agathe de um porre é perfeita.
Os cenários que o longa nos mostra é de tudo um pouco e me faz pensar se tocar violoncelo é algo tão comum na França, já que é o segundo filme que possui pessoas que tocam o instrumento e o carregam nas costas com uma naturalidade impressionante. Como temos várias histórias se passando junto, também temos muitos elementos cenográficos junto com os diferentes locais em que se passa o longa, todos estão bem encaixados, mas como é uma zorra só o filme é meio difícil dizer qual elemento é de cada personagem em si, chegando ao ponto de logo no início não sabermos mais quem é o protagonista da história. A fotografia escolhida tem alguns momentos bem esquisitos de forma que existe uma cena na moto que em pleno século 21 fizeram-na como se estivesse nos anos 50 usando um fundo de chroma-key.
Enfim, a ideia principal que quiseram passar com o longa foi bem transmitida, só acho que não necessitaria ter tantas histórias paralelas e absurdas ocorrendo junto para que a construção do filme fosse entendida. No geral a bagunça toda até diverte, mas acaba sendo desnecessária demais. Só recomendo mesmo o longa para aqueles que realmente gostem de filmes com diversas histórias paralelas, no melhor estilo novela das sete possível, senão a chance de decepção é grande, mesmo fazendo rir. Achei mediano apenas, mas quase chegando a ser ruim. E vamos para o último filme de hoje do Festival Varilux, até daqui a pouco pessoal.
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