Feito Gente Grande

5/06/2013 01:26:00 AM |

Filmes onde crianças são protagonistas nunca me agradaram muito, mas alguns têm seu valor. Em "Feito Gente Grande", o grande trunfo realmente foi a diretora escolher exatamente uma criança que não agisse realmente como uma criança e fosse como muitas vezes ouvimos alguns amigos falarem para filhos de amigos: "Nossa ela nem parece uma criança, ela age feito gente grande!". Com base nessa expressão, o filme é todo em cima disso das ações de pensamentos que a garotinha Raquel tem de forma bem evoluída seja discutindo com sua psicóloga, ou seja, com seus pais e amigos, mas acontecem momentos tão banais que chega até incomodar e se não fosse o gran finale totalmente imprevisível, principalmente se tratando de um longa classificado como comédia, o filme seria o mais fraco de todos do Festival, mas não vou ser inconveniente e como tudo que é diferente das contravenções me agrada bastante, adorei o final.

A sinopse do filme nos conta que aos nove anos de idade, a vida de Raquel não vai muito bem: ela tem poucos amigos e recebe uma educação amorosa, mas muito autoritária por parte de seus pais, em pleno momento de crise matrimonial. Sua rotina muda quando ela conhece Valérie, garota de sua idade, muito mais aberta às experiências da vida.

A história em si é bem simples, não tendo grandes momentos e nem grandes pontos no roteiro que marquem, mas é tão impressionante as coisas que as crianças falam no filme que nos impressiona, fazendo claro rir em diversos momentos, não como o senhor que estava ao meu lado e praticamente gargalhava de tudo, mas na medida do impossível, afinal a comédia francesa se baseia muito no absurdo, o filme tem momentos bem cômicos e interessantes. Porém como já disse o final é tão fora dos padrões que mudou completamente meu conceito do filme, estava realmente nervoso com tudo que estava vendo, pois me incomoda crianças crescidinhas demais ao melhor estilo Maísa(sim, eu falo daquela garota xarope que faz piada com o Silvio Santos) que se acham donas do saber e tem resposta pra tudo, pronto para dar uma nota abaixo da média, quando aos 45 minutos do segundo tempo o filme tem uma reviravolta impressionante que fecha com o que a garotinha está dizendo no começo do filme, e embora seja chocante para uma comédia, isso que a diretora Carine Tardieu fez me agradou demais, elevando a nota do filme e meu conceito sobre ele.

Novamente temos Agnès Jaoui, aqui ainda bem apenas atuando novamente com crianças, o que me diz que deva fazer somente papéis desse estilo, mas está bem melhor como uma mãe em crise conjugal, tendo bons momentos em cena, mas nenhum que julgássemos genial. Denis Podalydès faz um papel tão besta que chega a irritar suas ações, mas alguns momentos até tenta ser um bom ator e querer aparecer um pouco. Isabelle Carré também tem poucos momentos de tela, e nos que aparece não faz nada que impressione, tirando dois momentos que dá uma lição para a personagem de Agnès e na sua cena final, seria mais uma atriz que nem mereceria ser citada. Julliette Gombert faz jus a sua escolha entre mais de 500 crianças anônimas, pois o que faz em tela é impressionante, é praticamente uma atriz com domínio de texto de anos. Anna Lemarchant é outra criança anônima escolhida para o filme que deveria tentar e muito seguir na carreira artística, a garota fala a mil por hora textos muito bem colocados e se sai bem.

O longa possui alguns cenários bacanas e outros que aparecem mais sem nexo que tudo, e colocando janelas para semáforos, e imagens filmadas em outro estilo junto acabou virando uma bagunça tão grande no quesito visual que chega a ficar feio para um filme de grande proporção que é. Agora novamente falando da cena final, a forma escolhida para ilustrar as coisas que ocorrem caiu muito bem de uma forma leve e bacana de ser mostrada, tanto que me agradou muito.

Enfim, não é um longa que eu vá recomendar ver nos cinemas, mas como esse estilo de filme é algo dificílimo de se ver em locadoras por aí, se tiver com um tempinho vá no Festival e assista, mas se prepare que 90% do filme você irá se lembrar do brasileiro "O Diário de Tati", mas como possui um final completamente anverso a sua proposta ele se faz valer a pena. Encerro aqui esse post, mas ainda falta mais um filme para conferir hoje, então até daqui a pouquinho pessoal.


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