Prenda-me

5/08/2013 01:14:00 AM |

É engraçado como no cinema francês até um suspense policial consegue ser fora dos padrões normais que estamos acostumados a ver de tal forma que "Prenda-me" me divertiu muito mais que alguns filmes do Festival que estavam classificados como comédia. Chega a ser totalmente um longa de absurdos desde a conduta da policial até as loucuras que a culpada faz para tentar ser presa. Mas acaba que toda a simbologia que conseguem passar seja pelo fechamento ou qualquer outro elemento da discussão entre ambas acabam agrando. O único problema gigantesco do filme é que o diretor exagerou em querer fazer do espectador a primeira pessoa com a câmera na mão, e isso não só irrita como atrapalha completamente a narrativa do filme, incomodando demais.

A sinopse nos mostra que vários anos após a morte do marido, uma mulher decide ir a polícia e dizer que, contrariamente ao laudo policial, o homem não cometeu suicídio, mas foi empurrado da janela do oitavo andar, por ela mesma. Diante desta confissão inesperada, a delegada começa a ter dúvidas: Por esta mulher confessaria agora? Seria ela a verdadeira culpada? A delegada decide então investigar o caso a fundo, descobrindo toda a verdade por trás do assassinato. Começa um jogo de poder e manipulação entre as duas mulheres, do qual apenas uma sairá vencedora.

A história é bacana, tem tudo para agradar, mas o suspense mesmo que o filme está classificado acaba sumindo facilmente devido à tantos absurdos que temos em cena, pois qualquer pessoa em sã consciência trabalhando ou não dentro das leis saberia que qualquer policial não agiria da forma que a tenente faz. Mas até aí tudo bem, pois como no cinema temos de levar em conta que é uma ficção e não se necessita ser completamente real, é aceitável, mas daí nosso diretor Jean-Paul Lilienfeld resolve que quer um filme com a maioria das cenas de flashback todas em primeira pessoa, com a câmera na mão, e estragou algo que poderia ter sido genial, mas ficou falso e ao mesmo tempo fraco de conteúdo. Já disse inúmeras vezes por aqui que tirando momentos precisos a câmera na mão fica boa e representa algo, pois o excesso dela além de atrapalhar a visão do espectador, se não for bem feita e justificada cansa demais, estragando tudo que poderia ser ótimo, então isso pesou demais no meu conceito do longa.

A atuação de Sophie Marceau e Miou-Miou, que se alguém puder me explicar depois melhor porque Sylvete Herry tem esse nome artístico, agradam bastante pelo excessivo diálogo que mantém durante toda a duração do filme, é quase uma luta onde esperamos pra ver quem vai nocautear quem, de forma a mostrar o potencial de ambas elevando sempre ao limite. No geral, prefiro declarar como ganhadora da luta Miou-Miou, mas o filme lhe mostrará quem ganhou realmente. Marc Barbé nas cenas em que aparece é repetitivo e não tem grandes chances de mostrar se sua atuação valeria a pena, tem boas falas em alguns momentos, mas no geral é quase nula sua participação no filme, a não ser pela história contada.

Como o filme se passa 90% dentro da delegacia, a construção cênica ali até é bem bacana, nada demais para uma delegacia, mas os elementos usados pelas protagonistas são bem interessantes e servem para construir e retratar bem até onde vai toda a luta delas. Não sei se apenas eu acharei tosco demais os presidiários usando capacete, ok que é explicado o motivo na mesma cena que mostram eles, mas achei absurdo demais. A fotografia trabalhou de forma inteligente, mas bem mediana para não dizer estranha com tudo, pois poderiam fazer mais contras e preferiram iluminação direta, e quando é o momento de luz direta, colocam contra, deixando sem saber se o momento é para rir ou se é para manter suspense contrariando a história em diversas cenas.

Enfim, não é algo ruim de ver, mas também não é daqueles filmes que lembraremos daqui alguns meses. Poderia ser outro longa completamente diferente se os flashbacks tivessem sido mais reais e menos em primeira pessoa, pois eles não nos chocam de sermos nós a apanhar ao invés de ver a pessoa apanhando e acabam sendo dispensáveis se não fosse por contar o que ocorre. Recomendo mais pela diversão de ver o absurdo que é alguém querer se entregar pra polícia e a polícia não querer prender, e todo o jogo que resultará na discussão, pois tirando isso é um filme fraco. Fico por aqui, faltando apenas um filme do Festival Varilux para conferir, o qual será exibido somente no último dia(quinta-feira) aqui, então deixo meu abraço aqui para vocês e volto na quinta com ele.


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