Imagine uma pintura de Renoir e veja que além de terem tons diversos sempre alegres, somos apresentados a algo que acaba sendo impressionante pela naturalidade que consegue passar. A frase dita no filme “Renoir” diversas vezes: “O cinema não foi feito para os franceses” acaba sendo uma crítica que ao mesmo tempo soa de forma irônica e contraditória com o que é mostrado no próprio filme, pois assim como a obra perfeita do pintor que mesmo sendo diferente dos padrões de uma época, temos excelentes filmes franceses que foram feitos saindo dos padrões.
O longa nos situa em Côte d'Azur, 1915. Pierre-Auguste Renoir é atormentado pela morte da esposa, as dores da artrite e a preocupação com o filho Jean, ferido na guerra. Eis que surge em sua vida Andrée, uma jovem bela e radiante que desperta no pintor uma inesperada energia. Rejuvenescido, Renoir a torna sua musa, mas o paraíso logo será abalado pela volta de Jean, que também se rende aos encantos da misteriosa ruiva.
A história é comovente, bem ditada, com um ritmo interessante, porém seu terceiro ato acaba sendo enrolado demais e chega a cansar um pouco diferentemente dos seus outros dois. E embora seja muito bonito de ser apreciado o longa mostra um retrato interessante e doloroso que não retrata tanto a beleza que se passa por trás das obras do famoso pintor que conhecemos. O que o diretor Gilles Bourdos faz com o filme é algo que poderia ser encarado tanto como uma própria pintura do artista de beleza triunfal, mas também trabalha de forma dura com a película colocando os tons acima da normalidade, assim como o pintor faz em suas telas. Inegavelmente podemos olhar para o longa de duas formas e isso acaba agradando mais do que a própria história em si.
Já havia me apaixonado ontem por Christa Theret em "O Homem Que Ri" e depois do que apresentou hoje fiquei mais fã ainda dela, tanto de sua beleza quando fica nua na maioria do longa quanto da sua forma de atuar que chega a colocar a jovem de apenas 21 anos entre uma das grandes promessas do cinema francês. Michel Bouquet também faz um Renoir que reclama de tudo, mas é singelo com sua dor e problemas que possui, de forma que o ator simplesmente acaba indo na contramão do que poderia fazer e agrada bastante. Vincent Rottiers como o jovem Jean é simples no que faz e objetivo quanto a sua interpretação e com isso acaba sério demais para quem virou depois um grande cineasta. Thomas Doret é um garoto interessante e pode fazer bons papéis, mas aqui não foi tanto aproveitado, tendo em alguns momentos, boas tomadas que esperava que ocorresse algo mais profundo.
O visual do filme é mais do que impecável, é lindo demais, temos locações perfeitas e magnificas de forma que as pinturas não só mostram que era fácil para Renoir ter inspiração para seus quadros como também faz com que o filme fique mais lindo ainda, como já disse mais que uma vez, parecendo que estamos olhando para um quadro e não apenas para um filme. A fotografia nem teve trabalho de ser brilhante afinal com a paisagem cenográfica das locações, só precisaram escolher bem os ângulos para botar as câmeras e se deleitar com o visual e a iluminação natural e fica claro que se quiserem emoldurar cada frame do longa num quadro está perfeito.
Enfim, é um obra biográfica bem interessante que não precisou ficar chata para contar uma história, dando um deleite ficcional bacana e intrigante de forma a entreter o espectador que se deslumbrará com visuais perfeitos e ótimas atuações. Vale com certeza ser conferido tanto no Festival Varilux que está sendo exibido quanto no lançamento nacional no dia 5 de julho pela Europa Filmes. Paro de falar desse filme aqui antes que coloque mais spoilers do que já pus e vamos pra mais uma sessão, ou seja, deixo meu abraço aqui mas daqui a pouco tem mais post aqui no blog.
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