Uma Ladra Sem Limites

5/12/2013 01:21:00 AM |

Muitos me perguntam por que com 10 curtas na carreira nunca me arrisquei numa comédia e a resposta é bem simples, porque é dificílimo fazer com que as pessoas riam de algo, e cada dia com a forma tempestuosa que as coisas andam é cada vez mais difícil. Digo isso, pois classificar um road-movie divertido como comédia é quase abusar do espectador que sai de sua casa pronto para rir bastante e apenas vê algo interessante que é "Uma Ladra Sem Limites". Em hipótese alguma vou dizer que não me diverti com a proposta do filme, mas tirando uma ou outra bizarrice que nos faz rir, o longa apenas no mostra uma viagem aonde tudo vai sendo desenrolado para que cada um dos protagonistas aprendam a conviver com o outro, mesmo inicialmente estando de lados opostos, e isso acaba sendo piegas demais.

A história nos mostra que Sandy Patterson é um paizão, trabalhador e anda louco por uma promoção para melhorar a saúde financeira da família que vai crescer ainda mais, já que sua esposa está grávida. Quando ele estava prestes a dar um salto profissional significativo, descobre que seu nome está sendo usado indevidamente por alguém em outro estado. Com a polícia de mãos atadas para resolver o seu caso, ele resolve viajar para convencer a pilantra a se entregar. Só que a missão fica ainda mais complicada na medida que outras pessoas, entre eles um caçador de recompensas, também querem a cabeça dela.

O roteiro em si é bacana, mas acaba se tornando bem fraco com o andamento completo da história, além de que o diretor Seth Gordon se tivesse mantido pelo menos um pouco do que fez em "Quero Matar Meu Chefe", com certeza teria tido melhores resultados com o longa, não deixando apenas no quesito mediano de diversão, mas chegando ao primor de uma comédia agradável e divertida aliada a boas histórias que poderiam se encaixar com o road-movie. Agora se esquecermos de que fomos ver uma comédia, é bem capaz que ele nos agrade bem mais com tudo que se passa nessa maluca história de uma ladra que só quer se humanizar e de um "mané" que deseja ser alguém, e assim é onde o foco tomado pelo diretor pode ser valorizado como algo interessante de ser assistido e assim até soltarmos algumas risadas em alguns momentos. Enfim, é uma história boa, mas que fugiu da proposta que era ser uma comédia inteligente, ficando apenas como algo que poderia ir bem além.

Se eu falar que gosto das atuações de Melissa McCarthy estaria sendo completamente contraditório com todos os outros filmes que vi dela e que nunca me convenceram de mostrar ela como uma ótima comediante, claro que faz bons trejeitos cômicos e diverte, mas está muito longe de ser alguém que eu vá rir apenas pelo que faz, e aqui não é diferente, pois começa bem com piadas até interessantes, trejeitos divertidos, mas vai decaindo de forma a ficar tão boba no final que já começa até incomodar. Jason Bateman que trabalhou tão bem com o diretor em "Quero Matar Meu Chefe", aqui está irreconhecível no quesito de fazer bons trejeitos, até se perdendo em diversos momentos de câmera. Para não parecer que sou reclamão demais, vou citar a melhor e única cena do longa que é a da cobra e o que ocorre logo na sequência, onde realmente eu ri bastante, pois nos demais momentos apenas saiu alguns sorrisinhos de canto de boca. Dos personagens secundários, quem vale realmente a pena ser citado pelos bons momentos cômicos que proporcionam são Robert Patrick, que talvez se tivesse sido melhor incorporado à história agradaria bastante e Eric Stonestreet que mesmo fazendo algumas tolices na tela, seus momentos são engraçados.

Por ser um road-movie, temos diversas locações bem interessantes para a trama, pois passam desde uma floresta, até uma estação rodo-ferroviária deserta, rodovias de todos os portes e até escritórios bem montados(até demais) que agradam por conseguir mostrar exatamente onde os personagens estão e o que acontecerá em cada lugar, isso é típico do estilo, mas sempre podemos ter alguma surpresa, e até que os diretores de arte conseguiram fazer esses locais se tornarem mais do que simples clichés desse gênero. Claro que como disse temos alguns exageros, por exemplo, a quantidade de coisas na casa de Diana e o escritório mega pomposo que acabaram de montar funcionários que acabaram de pedir demissão em outra empresa para montar a sua própria. A fotografia não sai do tradicional em momento algum e embora faça de forma correta, poderia ter abusado um pouco mais nas cenas de ação pelo menos para que desse mais emoção ao filme, mas no contexto geral, diríamos que foi inteligente da parte dos diretores de não exagerar nisso, deixando o longa mais tradicional possível.

Enfim, é aquele filme tradicional que passará umas 200 vezes na Tela Quente e conseguirá um público para rir dele, mas que no cinema conseguiu apenas algumas risadas esparsas de uma sala praticamente lotada, e isso é bem triste, pois esperava muito mais do diretor. Fico por aqui, com essa última estreia do interior, mas ainda tenho um atrasado para conferir que trombou com os horários do Festival que cobri semana passada, então terça fecho essa semana torcendo para que ao menos um me agrade mais. Então abraços e até breve pessoal, lembrando que podem comentar a vontade que sempre respondo tudo.


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