Depois da Terra

6/08/2013 12:42:00 AM |

É interessante ver que bons artistas começam a fazer coisas diferentes quando pretendem "teoricamente" se aposentar. Por exemplo, Will Smith que já fez um pouco de tudo resolve agora atacar de roteirista e consegue criar uma ficção bem maluca para que M.Night Shyamalan, que é mais doido ainda, dirija de forma a criar algo completamente não palpável em "Depois da Terra". Falo isso, pois diferentemente de outros filmes que imaginam um futuro longínquo de nossa existência, aqui Will imagina que possa ocorrer o inverso que é a Terra dominar o homem, e do jeito que as coisas andam, acho meio difícil essa teoria. Porém se aproveitarmos ele somente como visual e entrarmos no clima de ação que a história proporciona, até que o resultado final é bem agradável.

Há mais de mil anos, o planeta Terra se tornou um lugar hostil e forçou os humanos a se abrigarem em Nova Prime, vivendo agora em naves espaciais. Depois de diversas missões, o general Cypher Raige (Will Smith) retorna à sua família e ao filho de treze anos (Jaden Smith). Mas pouco tempo após seu retorno, uma chuva de asteroides faz com que a nave onde moram caia na Terra. Com o pai correndo risco de morte, o jovem adolescente deverá aprender a se virar sozinho.

A história que Will criou e o próprio Shyamalan junto de Gary Whitta(do bacana "O Livro de Eli") adaptaram é interessante pelo fato de misturar relações familiares complexas, principalmente para quem conhece famílias de militares saberá bem o que é conviver com pessoas do tipo, uma natureza bem maluca e para temperar essa mistura toda, ainda é colocado uma ação frenética com muitos efeitos especiais. Ou seja, se você gosta desse estilo com certeza sairá satisfeito, mas se logo nas primeiras cenas não embarcar ou curtir muito, a chance de sair irritado é altíssima. O diretor acaba fazendo dessa mistura toda, um filme com uma característica um pouco diferente dos seus melhores filmes, que é a velocidade da exibição, pois aqui temos muita dinamicidade, dando um ritmo sem precedentes para o cansaço, embora tenha algumas respiradas em diversos momentos. Outro fato interessante é ele não ter optado por fazer o filme em 3D, visto que temos muitas camadas na tela e texturas interessantes para serem mostradas, mas aí é que acabo concordando com um senhor que estava ao meu lado que praticamente definiu o filme com apenas quatro palavras "Avatar sem bichos azuis", e se tivesse colocado o longa em 3D seria o próprio filme de James Cameron, com a diferença que ao invés de um general sanguinário teríamos um bichão chamado Ursa.

Outro ponto que me intrigou é no quesito atuação, pois quando vi Will e Jaden no pôster, imaginei que o pai seria dominante no filho em cena, já que é mais experiente e já fez muitos filmes bons, mas não, Jaden Smith consegue mostrar que mesmo sendo colocado na maior parte das vezes em filmes por conta de ser filho do produtor, aqui o garoto começa a mostrar um pouco mais de maturidade frente as câmeras, até tendo uma cena onde mostra que está ficando fera em expressões, claro que acharia melhor ele sem efeitos visuais, pois ficou muito feio sua cara inchada num certo momento, ainda não posso dizer que está perfeito, mas já mostra uma boa melhorada em relação à seus filmes anteriores. Will Smith está bacana, mas como passa praticamente o longa todo sentado apenas dando vozes para o filho, acaba sendo interessante apenas ouvir suas entonações e com isso podemos colocar ele como sendo quase somente um robô que nem precisaria pagar o cachê visual dele. Outro fato é a economia de atores, já que o longa praticamente é somente os dois Smith, colocando apenas alguns figurantes e as participações femininas de Zoë Kravitz, filha do cantor Lenny Kravitz, e Sophie Okonedo que não fizeram grande coisa em cena para que merecessem algum destaque.

O visual criado para o filme, foi bem construído de tal forma que ficamos muitas vezes em dúvida do que foi filmado em cenário real e o que é computação gráfica, e quando isso ocorre podemos dizer que foi um quesito executado com perfeição. Parte dessa perfeição é devido à loucura que criaram para uma Terra dominada pela vegetação e os animais, esquecendo qualquer possibilidade de vida humana por aqui. E com isso a equipe de fotografia praticamente usou só a paleta verde variando alguns tons de cinza para escurecer ou clarear um pouco as cenas. Em quesito efeitos visuais e especiais o longa também está bem trabalhado, deixando tudo com o ar mais futurista possível nas questões tecnológicas da nave e até nos materiais, visto a roupa que o personagem de Jaden usa, além claro de muitos animais computadorizados que estão presentes na trama para praticamente quem gosta de filme sem muito apreço pelo real saia deslumbrado.

A trilha sonora de James Howard, que está presente em quase todos os filmes de Shyamalan, além de ditar o ritmo frenético consegue ao mesmo tempo deixar o suspense pairando de forma bacana nas cenas mais tensas do longa e com isso acaba agradando bastante.

Enfim, é o típico filme de ficção feito para agradar mais os fãs do gênero do que ser uma história completamente nova, e embora Jaden até seja bem dirigido pelo diretor e pelo próprio pai, acredito que algum ator mais forte no quesito atuação teria dado um gás diferente para o longa. Gostei  do que vi, mas não sai tão empolgado quanto achei que sairia. Como disse no início recomendo mais ele para quem for realmente fã de coisas completamente irreais, senão acaba se tornando bem chato. Destaque de cena fica para uma das cenas cômicas do filme no final ao utilizar um sinalizador, é gargalhada certa que acaba até saindo um pouco da ideologia tensa que foi criada. Fico por aqui, mas ainda temos mais uma estreia nessa semana que veremos no fim de semana, então abraços e até bem breve.

PS: Um ponto que achei bacana e nada tem a ver com o filme, mas gostaria de expressar aqui igual fiz nas redes sociais, é o fato de ainda existirem pais que incentivam seus filhos a verem filmes legendados, como a censura desse longa é baixa, 12 anos, havia diversos pequeninos com seus pais assistindo e lendo numa boa, numa sala de tela gigante, sendo que muitos ali não tinham sequer essa idade, ou seja, acabaram de aprender a ler direito e vão ver filmes no seu áudio original, provando para as distribuidoras e redes de cinemas que ainda existem muitos que preferem isso, pois os próprios pequenos saíram correndo para avisar a projeção assim que o longa iniciou dublado.


2 comentários:

EderGustavo disse...

Fui assistir Fernando, é bacana!
Só não concordo que o M.Night Shyamalan é doidão...ele é legal fez bastante filmes bons! rs. E combinando ele com a trilha sonora do James Howard fica melhor ainda. O filme eu gostei mas não é dos níveis desse diretor, que ja fez filmes muito melhores. Esses dias eu assisti Corpo Fechado e A Dama na agua...são sensacionais!

Fernando Coelho disse...

Olá Eder, pô você foi nos clássicos também né!!! Falo doidão pelos últimos que vem estragando "O Ultimo Mestre do Ar", "Fim dos Tempos" e até "Demônio" que só escreveu e não dirigiu... A trilha do James Howard sempre é foda demais, curto muito!! Abraços!

Postar um comentário

Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...