Se eu disser que fui assistir a esse filme com qualquer pretensão de me divertir estaria mentindo descaradamente. Confesso que quando vi que teria uma pré-estreia exclusiva da Rádio Difusora FM aqui em Ribeirão Preto, minha meta era ir de qualquer maneira, pois imaginava que pelo menos economizaria dinheiro, imaginando que pelo trailer que vi seria um lixo imenso ao estilo dos últimos filmes do diretor. Foi quando me pediram antes mesmo de entrar na sessão para maneirar na crítica, já entrei pronto definido que pra ser ruim era só passar por aquela porta da sala. Pois bem amigos do Coelho que vos digita, serei o mais sincero, afinal como já disse várias vezes nenhum filme comprará a idoneidade desse ser aqui, e saio da sessão de "Odeio o Dia dos Namorados", colocando o longa como uma das melhores comédias nacionais que já vi em minha vida. Realmente esperava completamente o inverso e ri muito já na primeira cena do filme e praticamente não parei de rir durante a sessão toda. Claro que o filme tem alguns equívocos de continuísmo, mas cumpre completamente com sua função de divertir sem faltar com nada, usando somente de boas sacadas e trejeitos da sociedade que estamos completamente acostumados a ver no dia a dia.
A sinopse nos mostra que Débora é uma publicitária que sempre privilegiou a carreira em detrimento de sua vida amorosa. Entretanto, ambas se misturam quando ela precisa trabalhar em uma importante campanha para o Dia dos Namorados cujo cliente é Heitor, seu ex-namorado, que foi dispensado por ela de forma humilhante. Diante desta situação, ela ainda precisa lidar com a inesperada visita do fantasma de seu amigo Gilberto, que tenta fazer com que ela repense a vida e descubra o que as pessoas realmente pensam dela.
A história que Paulo Cursino criou em si é bem simples, mas foi muito bem desenvolvida pelo diretor Roberto Santucci, que finalmente dá uma bola dentro e faz um filme interessante e muito divertido (deve ser porque não tem nada da Globo Filmes dessa vez né?), fazendo uso, claro, de piadas algumas até exageradas, mas que cabem no filme. Haverá também aqueles que vão acusar de clichês alguns trejeitos de personagens e tudo mais, porém como a construção de época foi bem encaixada, afinal quem viveu ou teve alguma tia na época que voltam na adolescência da protagonista irá lembrar perfeitamente como tudo aquilo era bizarro, principalmente com a versão musical que arrumaram para fechar o filme (outro parênteses: eu lembrava que a banda era ridícula, mas que cantavam em portunhol ruim! Foi reviver um passado que preferiria não ter voltado pra minha cabeça e que vai ficar no meu cérebro ecoando pela eternidade a música). O interessante tanto na história quanto na direção é que mesmo tendo clichês e situações bizarras, souberam colocar em doses homeopáticas para que o filme não ficasse grosseiro e com isso a diversão acaba saindo melhor do que esperada.
A atuação da dupla principal é uma química que o cinema nacional estava devendo há tempos. Heloísa Périssé finalmente acha um personagem no nível bom que tinha em "Sob Nova Direção", claro que falo dos primeiros episódios, aparentemente está bem mais madura no cinema e acaba nos divertindo muito mesmo tentando ser durona nas cenas que precisa, algumas feministas dirão que ela exagera, mas conheço muitas do estilo. Já vi Marcelo Saback muitas vezes escrevendo, algumas atuando, mas aqui tanto como preparador do elenco como fazendo sem dúvida mesmo com muito trejeito de clichê, o melhor papel que um ator cômico poderia fazer, não consigo enxergar nenhum outro ator nacional que teria feito melhor em cena, realmente está perfeito. Daniel Boaventura faz uma boa atuação nas poucas cenas que entra, mas soube aproveitá-las bem para mostrar que tem um potencial muito bom para sair de vez das novelas e começar a fazer papéis que envolvam mais entonação na voz nos cinemas. Marcela Barrozo também agrada nos seus momentos como Daniela adolescente, sendo a típica garota da época. Dos personagens coadjuvantes, alguns poderiam ter se empenhado um pouco mais para tentar se destacar, mas no geral não atrapalham o andamento do filme, claro que vale destacar o ótimo interrogatório, ops D.R., de Danielle Winits e algumas boas cenas com André Matos.
Um grande destaque da trama está na direção de arte que conseguiu minuciar tudo que tem de irritante na data comemorativa, além de retratar muito bem os anos 80 e criar um 2036 muito bacana, claro que alguém me lembre de pular esse ano ou se matar, se realmente a música da época for aquela. E todo esse conceito que Fabiana Egrejas consegue fazer é interessantíssimo, pois quem viveu com toda certeza se ligará em tudo. A fotografia também soube usar de filtros diferentes para cada época de modo que apoiasse bem a ideologia da equipe de arte sem pesar a mão. O único atrapalhe no quesito visual é que o efeito "especial" da personagem voando poderia ter sido mais bem trabalhado para não ficar tão falso, mas preferiram usar o formato de desenhos animados e caiu somente como simplório para um filme.
Outro ponto que vale algumas palavras é o quesito musical, que variando de Menudos a Michel Teló, passando por outras canções que ficaram apenas na sonoplastia, deu ao filme um tino bem apelativo ao público de hoje, e com certeza cairá no gosto popular. Escolhas sábias para manter a linhagem do filme.
Enfim, gostei bastante do que vi no cinema e recomendo para todos, mostrando que Roberto Santucci está a todo vapor, tendo seu terceiro filme nos cinemas em menos de 1 ano, claro que os dois anteriores foram bem meia-boca, mas agora veio pra recuperar o perdido. Quero ver se sobra um tempo para rever, principalmente pela cena que tanto eu quanto minha irmã, que levei dessa vez para conferir a première junto comigo, achamos que falhou no continuísmo, e mesmo sendo uma das mais divertidas, eu gostaria de revê-la para confirmar o erro. Porém tirando isso, o excesso de patrocínios citados durante todo o filme (não sou contra filme ser patrocinado, mas exagerar para falar da marca, eu acho feio demais) e o final bollywoodiano que andamos vendo em diversos filmes, vale muito ir aos cinemas conferir ele sexta-feira na estreia. Agradeço novamente a oportunidade da Difusora FM por ter me convidado para a sessão, espero estar presente sempre que tiver premières exclusivas, e fico por aqui hoje, voltando na quinta-feira para o Cinecult da semana. Então abraços e até lá pessoal.
4 comentários:
Oh Loko...será que é bom memso! Eu achei o trailer uma m...! kkk
Olá Eder, também tinha achado o trailer um lixo... mas é bem divertido o filme, claro que cheio de situações novelescas, mas ri bastante. Abraços!
queria saber que musica é aquela que é tocada quando Heitor pede Débora em casamento.
Olá Leandrinho, você fala a do começo mesmo? Preciso rever para lembrar a música, vou ver se acho na página do filme apenas essa cena a noite e tento te responder. Abraços!
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