O Cavaleiro Solitário

7/07/2013 11:07:00 PM |

Essa semana mesmo dei uma entrevista sobre os filmes western que produzi e uma das perguntas foi se o gênero poderia voltar com tudo nos cinemas. Quando respondi que sim não tinha em mente que na mesma semana poderia ver um grandioso exemplo disso que é "O Cavaleiro Solitário", pois ele traz completamente a essência do velho oeste e da colonização dos EUA de uma forma incrível, lotada de efeitos especiais para que ninguém tenha praticamente nada para reclamar. E o melhor, não basta um longa ter apenas efeitos, pra ficar perfeito ainda conta com uma história muito bem roteirizada que agrada na medida certa, só cansando um pouco devido o excesso de fatos que quiseram mostrar e com isso a sua duração ficou exagerada, mas tirando isso ele possui alta comicidade, fatos bem encaixados e atuações mais do que perfeitas.

O filme nos situa em Colby, Texas, 1869. John Reid é um advogado que acaba de retornar à sua cidade-natal, onde vive seu irmão Dan, a cunhada Rebecca e o sobrinho Danny. John está disposto a cumprir a justiça ao pé da letra, levando os criminosos ao tribunal, apesar da resistência local. Ao acompanhar o irmão e outros Texas Rangers em uma patrulha pelo deserto, o grupo é atacado pelos capangas de Butch Cavendish, um bandido que tem a fama de comer carne humana. Todos são assassinados, com exceção de John, que fica à beira da morte. O índio Tonto o encontra e, ao perceber que um cavalo branco escolhe John, passa a ajudá-lo. Tonto acredita que John foi escolhido por um mensageiro espiritual e que, como voltou da morte, não pode mais ser morto. A partir de então John passa a usar uma máscara e, ao lado de Tonto, faz de tudo para reencontrar Cavendish.

O bacana da história é que ela se liga inteira com todos os fatos, de forma que Tonto ao contar a história inteira para um jovem garotinho dentro de um museu coloca sua visão dos fatos e essa se mostra bem crível para todos os fatos. Além disso, como não lembro muito da história da série original, tudo que me foi mostrado considerei praticamente algo novo e com isso acabei achando brilhante e agradável demais. O diretor Gore Verbinski acostumado à grandes produções não economizou nem uma vírgula que fosse em munição, a qual parece nunca acabar, nem em cenários grandiosos com planos bastante abertos, aonde enaltece todo o velho oeste como deve ser feito, com a cidadezinha largada no meio do deserto, os índios afastados, o ponto de briga entre índios e brancos, aqui sendo a prata ao invés do costumeiro ouro, e claro vilões e mocinhos muito bem caracterizados correndo, pulando, explodindo tudo que vier pela frente, mas não de forma jogada ao acaso, tudo tem seu motivo muito bem explicado. Além dos planos abertos para valorizar o cenário, o diretor também trabalhou bastante com planos intimistas onde foca os personagens no seu auge da interpretação, como sendo uma das poucas coisas que se diferenciou dos tradicionais westerns, mas com isso colocou sua marca no gênero também.

As atuações como disse no início estão perfeitas, mas era inegável que Depp se sobreporia à Hammer, visto que ele é um dos atores mais interpretativos que conhecemos atualmente. Falando sobre Johnny Depp, enfim vi um personagem que se você não lesse nos créditos iniciais, cartazes e tudo mais, não saberia que é ele, pois faz algo novo tão interessante e bem maquiado que nos encanta e conseguimos sair da sessão bem felizes com o que ele nos mostra. Falei que Armie Hammer não se sobrepõe, mas nem por isso podemos falar que não está ótimo no papel do Cavaleiro Solitário, agradando com boas interpretações do texto, fazendo toda a ação que é necessária ao papel. William Fichtner está incrível como vilão de uma forma que poucas vezes vimos com fator crueldade, só é uma pena que por ser um filme padrão Disney economizaram nas cenas que mostram mais sangue, senão com toda certeza o público acabaria odiando mais ainda ele, tornando um dos vilões mais temidos da sétima arte. Tom Wilkinson também faz um papel bem interessante, que ao final nos dá a ligação mais completa ainda com a trama, agradou bastante mas poderia ser mais incisivo nas cenas iniciais. Ainda bem que Ruth Wilson aparece pouco na trama, pois não mostrou a que veio na trama, fazendo algumas caras e bocas que soaram bem simplórios. Helena Bonham Carter fazendo um papel menos excêntrico agrada bastante e embora apareça pouco acaba fazendo um papel bem marcante para sua carreira. Bryant Prince ficou com uma cara de assustado em seu primeiro longa, mas agradou nas cenas que precisou mostrar atuação. Os demais atores acabam aparecendo pouco, mas sempre em prol do filme, fazendo com que suas atuações sejam marcantes e agradem bastante na tela do cinema.

Fazia tempo que não via um visual western tão bem trabalhado com todos os elementos cênicos que o gênero pede, a ideia da ferrovia como elo de ligação acaba soando 100% natural ao final da trama e encaixa muito bem com o demais do enredo. Tudo é mostrado com detalhes para retratar bem o local onde se passa e os objetos que auto-explicam a ligação de cada um dos personagens. Outro fato é o tom amarelado escolhido pelo diretor de fotografia que acaba soando magnífico principalmente nas cenas que contrasta com o brilho da prata, tanto que em alguns momentos o prateado domina a cena invertendo os valores e mostrando tudo que quer dizer apenas no visual lindíssimo que o diretor não economizou em planos abertos para mostrar tudo. Outro fato bem interessante é a profundidade que conseguiram tirar sem necessitar de câmeras 3D e fazer com que o espectador pague mais caro por isso, até poderia ter sido convertido que ficaria bem bacana, mas ainda assim prefiro da forma que foi mostrado. Além disso tudo, temos que aplaudir muito a equipe de maquiagem, que fez de Johnny Depp um personagem único no seu repertório e que ficou irreconhecível tanto na pele do índio Tonto quanto no visual envelhecido do mesmo personagem.

A trilha sonora de Hans Zimmer mostra sua volta por cima de boas tramas e aliada a lembrar os velhos filmes do gênero faz com que nos empolguemos e balançamos os pés junto com a música. Ela entoa com o ritmo escolhido para o filme transformando ele num clássico bem agradável.

Enfim, um excelente filme que vale completamente ser assistido várias vezes e só não agrada mais pela alta duração que acaba cansando um pouco no miolo, mas tirando isso é sensacional e muito bem dirigido, atuado e principalmente produzido. Recomendo com toda certeza para todos que gostam tanto do gênero quanto de bons filmes de ação. Aparentemente vocês devem achar que existe uma cena pós créditos que apenas mostra o personagem de Tonto caminhando, mas fica apenas nisso, então quem quiser ir embora logo no começo dela não fique com medo que não irá perder nada. O filme continua em pré-estreia durante toda a semana com apenas um horário em diversas cidades e na próxima sexta vem com tudo para lotar salas. De estreias por aqui veio somente esses, então encerro por aqui, voltando apenas na quinta-feira com um Cinecult bem atrasado, então abraços e até breve pessoal.


1 comentários:

Anônimo disse...

"quando um homem se une em sociedade devem abrir mão das leis da natureza e assumir as leis dos homens para que a sociedade como um todo possa prosperar" ( min 29 )

Lindas palavras se não fosse a ineficiência do Estado em fazer as leis "dos homens" serem cumprida.

O Estado é uma ficção como o próprio filme, pois os agentes humanos detentores do poder público o manipulam segundos seus próprios interesse.

Justiça severa e fiscalização fazem o Estado democrático de direito ser uma realidade.

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