É engraçado como são as coisas, quando vi o primeiro corte do filme "O Concurso", em março quando foi apresentado em sessão privada pelo produtor do filme, sai da sessão muito feliz com o que tinha visto e esperando demais pelo lançamento, porém hoje ao assistir ele pronto, ainda continuei rindo muito e me divertindo bastante assim como os demais espectadores da sala onde fui, mas não o achei tão perfeito como tinha achado antes. Claro que como digo a função de uma boa comédia é divertir o público, e isso ele cumpre muito bem, porém não saí vibrando como imaginaria. Recomendo principalmente praqueles que quiserem uma boa diversão sem precisar pensar em nada, dos demais nem vá, pois é certeza de saírem reclamando.
O longa nos mostra que o gaúcho Rogério Carlos, o paulista Bernardinho e o cearense Freitas conseguiram se dar bem em um concurso público para se tornar juiz, mas ainda falta uma última etapa, que será realizada no Rio de Janeiro. Para isso, os três viajam para a Cidade Maravilhosa e lá encontram o quarto candidato, Caio, um carioca que acaba colocando todos numa tremenda enrascada por conta da ideia de conseguir o gabarito faltando menos de 48 horas para o dia D. Para isso dar certo, todos precisarão lidar com a bandidagem e um deles acaba encontrando uma antiga namoradinha (Sabrina Sato) dos tempos da juventude. Aí, a confusão só aumenta e o dia da prova está chegando. Será que eles vão conseguir se dar bem?
Quando fui apresentado ao filme ele ainda chamava "Concurso Público" e embora o produtor e roteirista LG Tubaldini Jr. dissesse que ele não foi inspirado no "Se Beber Não Case", as referências são muitas, afinal as são quatro protagonistas, as coisas só vão piorando a cada ato do filme e tudo mais. Mas tirando isso o longa tem sua sinopse bem própria do nosso Brasil e é interessante que mesmo utilizando de situações que muitos até irão falar que é cliché, o diretor Pedro Vasconcelos estreia bem com seu primeiro longa procurando evitar ao máximo situações que forcem o riso, e é aí que ele se diferencia do famoso americano. O que ocorre são situações que provocam o riso, por simplesmente nos fazer rir, embora sejam caricatas, mas como nós brasileiros estamos acostumados a rir do que nós mesmos fazemos, então acaba bem divertido. Assim como falei da outra vez, reintegro aqui que o longa poderia ser maior, e olha que quando vi ele estava com 100 minutos e foram cortados mais 14, deixando com apenas 86, pois alguns até falariam que seria encher linguiça, mas algumas situações simplesmente ocorrem sem muita explicação, e isso incomoda um pouco, mas preferiram assim, então o que posso falar, se tivessem colocado apenas um exemplo de onde proveio o anão na cadeia no último ato é apenas um que cito sem lotar de spoilers.
As atuações dos quatro estão muito bem encaixadas com a trama e é engraçado que eles vão crescendo em seus papéis na trama de forma que acabamos tendo eles como conhecidos ao final do filme. O destaque na minha opinião no quesito atuação fica para Anderson de Rizzi que encaixa bem demais em todas as cenas que está presente, seja se enquadrando bem nos planos ou seja no seu jeito caricato com seus santos e mandingas. Fábio Porchat também se destaca bastante na trama, embora fosse mais legal se o personagem não fosse já apresentado da forma que é feita logo na primeira cena. Rodrigo Pandolvo tem boas cenas e é engraçado seu trejeito interiorano, toda sua interpretação é válida para o longa agradando bastante no que faz, poderia apenas ser mais expressivo em alguns momentos isolados. Danton Mello mostra o tradicional carioca visto pelo mundo como malandro e até nisso consegue ser malandro para enganar na interpretação, que se olharmos mais a fundo vemos que assim como seu irmão Selton sempre tem a mesma cara para todos os momentos. Sabrina Sato estreando no cinema ainda está bem longe de ser uma atriz, mas pelo esforço e o pouco uso de roupa agrada bem, confesso que preferia a quantidade menor ainda do primeiro corte, mas a censura iria pras alturas. Pedro Paulo Rangel irrita um pouco com sua imposição vocal, mas agrada na expressividade, poderia ter optado pelo meio termo que agradaria bem mais. Nelson Freitas e Carol Castro aparecem bem pouco na exibição e poderiam dar ganho para o filme, mas agradam com o que fazem. Os demais atores acabam sempre tendo alguma participação, mas nada que venha valer a pena falar, tirando o anãozinho que agrada como mafioso, mas poderia ser menos forçado no filme se escolhessem pessoas comuns.
A questão visual da trama é bem trabalhada, passando por muitas locações durante o filme, a equipe trabalhou bem, não se apreendeu muito em colocar diversos elementos cênicos, mas agrada bastante na minuciosidade para representar cada personagem e cada lugar por onde passam. Alguns lugares poderiam ser mais bem trabalhados, principalmente na cena dos anões, porém ela não é uma das cenas mais enfáticas, então está valendo assim também. A fotografia do filme é um pouco escura, mas agrada pela quantidade de planos diferenciados não focando sempre no mesmo ângulo e isso é bacana por não ficar no tradicionalismo brasileiro que estamos acostumados.
Enfim, como disse, é um longa que diverte quem for assistir como sessão pipoca, ou seja, não esperando nenhum grande boom, mas poderia ser melhor se fosse mais longo e colocasse um pouco mais de pimenta em alguns temas. Agrada bastante e faz rir em diversas situações, claro que não como a mulher que estava atrás de mim e provavelmente saiu mijada de tanto rir, mas vale o ingresso pago para uma sessão descontraída que é a forma que eu recomendo ele. Fico por aqui nessa semana, é isso mesmo pessoal só veio essa estreia para o interior, além de "Turbo" que já havia conferido na pré-estreia, mas devo re-conferir a animação de forma legendada e volto pra falar o que achei, senão só na sexta que vem mesmo pessoal. Abraços e até lá então.
PS: Mantive minha nota dada na sessão do primeiro corte, mas poderia reduzir para 7 coelhos facilmente pela redução de tempo.
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