Algumas pessoas já andam falando que virei a casaca completamente por andar apaixonado por muitos filmes franceses, mas se posso falar com sinceridade a última leva deles de filmes dramáticos que andam aparecendo por aqui não tem como não gostar, é praticamente um misto de um roteiro bem argumentado com técnica apuradíssima de produção, então não tem como dar errado. Porém falta ainda uma coisa para que eles fiquem perfeitso, uma divulgação e distribuição de qualidade pelo país, pois muitos acabam nem passando nos cinemas ou vindo com uma defasagem imensa, esse é o caso de "O Filho do Outro", um drama altamente interessante tanto pelo lugar onde se passa como pela situação que envolve que é algo que andava um pouco sumido dos cinemas, mas que sempre gera filmes interessantes que é a troca de bebês na maternidade que acabam descobrindo seus pais biológicos somente numa certa parte de decisões da vida. E aqui o buraco é bem mais embaixo, já que envolve duas cidades/países que vivem em briga altamente explosiva Tel Aviv(Israel) e Cisjordânia(Palestina). Portanto é daqueles filmes que você pode esperar de tudo e agrada bastante pelo final interessante proposto.
A sinopse nos mostra que enquanto prepara-se para ingressar no exército de Israel e prestar o serviço militar, Joseph descobre que não é filho biológico de seus pais e foi trocado no nascimento com Yacine, criança de uma família palestina na Cisjordânia. A vida dessas duas famílias é subitamente abalada por essa revelação que as obriga a reconsiderar suas identidades, seus valores e crenças.
Nem é preciso falar muito do roteiro com a sinopse mostrada acima, já que todos sabem muito bem pelo que assistimos nos telejornais todos os dias de como é a relação entre ambos os lados e com essa sacada interessantíssima, a diretora Lorraine Levy trabalha sempre sobressaindo da ideia contrária de que muitos pensariam do porque não ficar como está, vamos tentar mudar tudo e é nisso que o longa se torna tão interessante de forma que não conseguimos tirar os olhos da tela nenhum segundo somente com nossas mentes maquinando a mil todas as possibilidades de que algo possa dar muito errado. E com isso ele acaba se tornando mais tenso do que acredito que tenha sido idealizado, mas consegue dar um sabor diferenciado do cinema que estamos tradicionalmente acostumados a ver sem que seja preciso inventar loucuras inventivas como alguns diretores preferem fazer para chocar o espectador. Assim sendo, ele acaba sendo um cult moderno que agradará não somente os críticos que gostam do cinema diferente, mas também agrada o público comum que quer ver um bom filme não encaixotado.
Das interpretações todos conseguem convencer muito bem misturando os quatro idiomas falados no filme. Somente o jovem ator Jules Sitruk poderia ser menos incisivo na forma mimada que demonstrou, pois ficou parecendo forçado, porém tirando esse pequeno detalhe, tanto a carga dramática que ele passa quanto seus trejeitos nas diversas situações agrada bastante. A forma extremista de Mahmud Shalaby o coloca à frente até mesmo do protagonista e acredito que ele num papel principal deve ser bem interessante pelas suas expressões. Mehdi Dehbi mesmo não sendo brasileiro, mostra que é carismático de tal forma que ao usar a camisa da nossa seleção de futebol em praticamente meio filme consegue demonstrar sua alegria, e nos momentos que necessita cravar uma dramaticidade faz de forma bem interessante. Os atores mais velhos Emmanuelle Devos, Pascal Elbé, Khalifa Natour e Areen Omari conseguem demonstrar tanta intensidade nas suas cenas que não falam nada que se fosse um filme mudo eles com toda certeza levariam muitos prêmios, chega a ser tão intenso que acredito que os tradutores que legendariam no caso de um filme mudo seriam dispensados do trabalho, sendo realmente incrível, e nas cenas que entram em conversa agradam menos, mas ainda assim fazem ótimos papéis.
O visual de ambas as cidades não foi muito trabalhado, pelo menos não no corte mostrado, afinal algumas cenas sugerem muito mais cenas gravadas do que as colocadas na prática, porém conseguem retratar de forma interessante tudo que se passa ali sem necessitar nenhuma cena real de confronto bélico e em muitos momentos aliado às falas dos protagonistas chega a chocar somente usando os poucos elementos de cena, conseguindo jogar a parte técnica bem lá em cima. A fotografia está bem trabalhada nas cenas noturnas e nos planos mais abertos eximindo bem a dramaticidade que cada personagem necessita mostrar, sem precisar exagerar em closes nos rostos dos protagonistas, e isso ficou bem bonito de ver, mesmo não sendo o mais paradisíaco lugar para se filmar, afinal como retratado em alguns outros sites, houve certo choque com os exércitos palestinos para filmar ao lado do muro.
Enfim, mais um ótimo filme francês que recomendo muito para todos que gostam de conflitos mais trabalhados na dramaticidade do que no choque bélico em si, e agrada bastante por não necessitar de nenhum efeito especial para transmitir toda a sensação de guerra que existe ali. É isso pessoal, encerro a semana cinematográfica aqui, mas amanhã já começo com as pré-estreias das próximas semanas, e claro irei contando tudo para vocês logo que chegar o que achei de cada um. Abraços e até amanhã.
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