Existem alguns filmes que você vai assistir esperando uma coisa e após ver, sai da sala com outra ideia completamente diferente. Quando vi o gênero comédia, e dois atores que fizeram rir muito em outros filmes, já criei uma expectativa do que iria encontrar, mas embora não tenha saído do cinema com dor no maxilar de tanto rir de "Os Estagiários", vi como uma empresa pode mesmo que criando um novo produto de sua gama, fazer com que o merchandising excessivo não deixe um filme monótono. E aliado à saga moral de que em equipe tudo pode funcionar, no melhor estilo de filmes esportivos que estamos acostumados a ver, o longa consegue agradar tanto aos nerds de plantão que irão entender todas as piadas, gírias e afins que utilizam durante toda a exibição, quanto aqueles que não entendem nada de computação e queiram apenas um entretenimento numa sala escura.
O filme nos apresenta Billy e Nick como sendo vendedores cujas carreiras foram bombardeadas pelo mundo digital. Tentando provar que não são obsoletos, eles desafiam as chances e conseguem um estágio na empresa Google, junto com um batalhão de brilhantes estudantes. Mas ganhar o estágio foi apenas o começo. Agora eles devem competir com um grupo de elite de gênios da tecnologia provando que necessidade é mesmo a mãe da reinvenção.
O roteiro que Vince Vaughn assina é interessante pelo fato de mesmo sendo cheio de clichés tradicionais, conseguir transformar um produto, o qual com toda certeza patrocinou, pagou, cedeu instalações, equipe e tudo mais, num filme inteligente por mostrar que a rivalidade tecnológica está cada dia mais destruindo funções básicas e ao mesmo tempo em que ajuda, atrapalha por acabar com certas convivências do dia a dia. E da forma que o diretor Shawn Levy optou por segurar a trama colocando desafios e até mesmo uma partida de quadribol mais nerd impossível, o longa consegue se manter agradável, não sendo nem uma obra de arte nem algo piegas de assistir, tornando ele bem leve e divertido na medida de passarmos pelo menos a maior parte do filme com um sorriso no rosto, claro que tirando o cara do meu lado que se duvidar saiu mijado de tanto rir, e em alguns momentos imaginei que ele estivesse vendo outro filme diferente do meu. No geral o saldo é que será mais um daqueles filmes que veremos passar em 150 mil horários na TV aberta, pois faz o gênero de qualquer canal.
As atuações embora pareçam bem exageradas em certos momentos, conseguem agradar por ser possível determinar o estilo de cada personagem logo no início, claro que isso acaba sendo um cliché enorme, mas funciona bem em comédias. Vince Vaughn poderia ficar mais voltado para escrever, pois não diverte mais como antigamente, aqui seu papel é bacana por vermos nossos pais que não têm nem noção do que é mexer em sites e tudo mais na internet, mas cadê o humor tradicional que fazia? Owen Wilson é outro ator depois de "Meia-Noite em Paris", e consigo enxergar um ator mais encorpado com interpretações e menos com humor bobo e isso é até mais interessante de ver nele, espero que mantenha, pois é bem mais agradável assim. Josh Brener é o novo Jesse Eisenberg no quesito desespero, fazendo suas primeiras cenas quase narrando seus textos na velocidade 100 palavras por segundo, mas no andar geral consegue depois cativar o espectador para o seu papel e acaba com interpretações interessantes. Aasif Mandvi coloca seu sotaque indiano tão forte no filme que mesmo que quisesse mostrar não ser indiano não conseguiria, e o jeito "mal" de ser que impõe para testar os estagiários é muito bem feito, divertindo mesmo não sendo o ponto cômico do filme. Tobit Raphael vai precisar de muitas aulas para seus próximos filmes, pois no primeiro além de um personagem forçado, não demonstrou querer engrenar em nenhum momento. Max Minghella consegue fazer bem o papel de arrogante mimado, mas poderiam ter explorado um pouco mais um lado forte dele para que virasse realmente um "vilão" ou antagonista para realçar o personagem que acaba ficando no limbo na maior parte do filme, quem sabe não mostraria mais seu potencial. Tiya Sircar consegue demonstrar uma habilidade interpretativa interessante que provavelmente adquiriu depois de tantas séries, acredito que em breve assumindo um papel maior consiga se destacar mais ainda do que já fez bem nesse filme. Dos demais atores que não são poucos que participam no filme, vale a pena destacar apenas algumas pequenas cenas de Rose Byrne e Dylan O'Brien, pois os demais apenas surgem em cenas não fazendo muito para se destacar. Além desses toda a figuração da equipe real do Google saiu muito bem e o presidente e fundador Sergey Brin consegue aparecer notavelmente em duas cenas inclusive com fala para claro ter seu primeiro título como ator.
A sede do Google já é um tremendo cenário para qualquer filme que quisesse mostrar um ambiente tecnológico diferenciado e com isso a equipe de arte teve pouquíssimo trabalho para elaborar muita coisa fora do que já possuíam, e conseguiram bem inventivamente trabalhar para que o resultado ao menos visual fosse agradável e divertido, sem precisar apelar para escatologias e coisas do tipo que muitas comédias americanas andam usando para divertir, com isso o resultado final ficou bem bonito na tela grande e deixa os nerds sonhadores com mais vontade ainda de trabalhar num escritório da empresa. A fotografia optou trabalhar com cores bem vivas para realçar a modernidade e dar velocidade ao filme, além disso, souberam na boate não exagerar em brilho para não soar apelativo.
A trilha sonora consegue ser um ponto a parte do filme, usando de músicas antigas e novas, encaixando cada uma no melhor momento possível que poderia ser usada. E além do setlist muito bom, conseguiram trabalhar bem nos momentos onde não entra nada cantado, apenas ritmando bem para segurar a velocidade do longa lá nas alturas.
Enfim, não posso afirmar que foi a melhor comédia que já vi, mas me agradou muito tanto pela forma de um produto ou marca ser trabalhado sem que o merchandising matasse a ideologia de filme, e com isso acaba tendo um resultado mais positivo do que negativo, divertindo como entretenimento e agradando de forma maior a todos que gostam bastante de tecnologia, afinal quem consegue viver sem o Google? Então que tenham muitos estagiários e profissionais competentes por trás para que continuemos usando essa ferramenta. Poderiam apenas não ter exagerado tanto em clichés e colocado umas piadas mais engraçadas e humoristas mais fortes na trama para ser um filme perfeito, mas aí estaria exigindo demais de Hollywood. Fico por aqui hoje, mas ainda nessa semana temos muitos filmes para postar aqui, então abraços e até breve pessoal.
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