A Família

9/22/2013 12:35:00 PM |

Uma coisa interessante que anda ocorrendo em Hollywood é a melhoria na qualidade dos roteiros das comédias, mas ao mesmo tempo que estão melhorando o conteúdo estão esquecendo de algo essencial: fazer o público rir. Em "A Família" até temos situações bem inteligentes e com um teor cômico bacana, mas o máximo que exala do público são sorrisos, não temos na sala ninguém gargalhando ou rindo bastante, o que é uma pena, pois a história em si é algo que poderia render bem, mas acabou ficando apenas no meio do caminho.

Após entrar para o programa de proteção à testemunha, uma família tradicional ítalo-americana ligada à máfia é transferida para a França. De início eles se adaptam à nova vida, mas aos poucos os velhos hábitos voltam à tona e eles passam a resolver os problemas que surgem a seu modo. Ao mesmo tempo, líderes da máfia nos Estados Unidos, procuram pelo grupo em busca de vingança. O agente do FBI Stansfield fará de tudo para protegê-los, mas nem sempre contará com a ajuda do pai da família, Fred Blake, e nem dos outros membros.

É bacana ver filmes onde o roteiro é a melhor parte de um filme e aliado à atores que dão o seu máximo em cena fica melhor ainda. Porém custava aos roteiristas colocar uma ou duas piadas que fossem que adentrasse bem e divertisse? Ou então que o diretor tendo dois grandes atores nas mãos fizesse com que eles tivessem mais graça, ou pelo menos que fosse apelar pro estilo que De Niro já fez muito nos "Entrando numa Fria"? Mas não, preferiu optar por esquetes até divertidas, mas sem nada demais para engrenar, fazendo um filme bem correto e que até diverte o espectador, mas que dentro de pouquíssimo tempo nem lembraremos da existência. Outro fator que incomoda também muito é as conversas dos jovens para falar o que fez em determinados momentos todos utilizando micro-flashbacks, que poderiam ocorrer normalmente sem precisar disso, e que acabam cansando quando já está no segundo momento, imagina lá pro quarto e quinto! Além disso, temos mais um problema que já até ando acostumando em filmes hollywoodianos que é a população local falando um inglês perfeito apenas com algum sotaque mínimo para tentar disfarçar, então pecaram bastante nesse quesito, já que na França raramente se vê pessoas falando em inglês. Enfim, Luc Besson já fez coisas bem melhores e poderia ter utilizado toda despretensão do roteiro para ficar inteligente também agradasse como comédia.

Os atores estão bem engajados com a trama, pelo menos a maioria, e isso é agradável de ver numa produção. Embora aparente estar bem cansado, o que pode até ser algo do personagem mesmo, Robert De Niro agrada muito com seus trejeitos e mostra que ainda tem gás para fazer muitos filmes onde não exijam esforço físico seu e isso é bem bacana pra um ator que já passou dos 70. Em compensação o cansaço de Michelle Pfeiffer já mostra que a atriz está chegando bem ao fim da linha ou não gostou do roteiro, pois na maior parte das cenas seus trejeitos não conseguem agradar. Da mesma forma Tommy Lee Jones, que já havia dito que o melhor que fez foi assumir sua velhice no "Um Divã para Dois" e deveria investir nesse estilo que com certeza ganharia mais do que interpretar policiais, aqui não convence de forma alguma. Agora se teve uma atriz que detonou no quesito interpretação é Dianna Agron que soube dosar todos os estilos dramáticos de forma clara e objetiva, agradando na maior parte das suas cenas. O jovem John D'Leo também agrada, mas como possui mais cenas sem utilizar falas acaba ficando devendo um pouco para o filme. Dos demais todos aparecem bem pouco, fazendo uma ou no máximo duas cenas de no máximo 3 minutos, então nem servem de parâmetro.

O visual do filme é bacana por colocar eles numa casa estranha e ela servir do modo mais simplório para praticamente tudo, mesmo algumas cenas ocorrendo na escola e fora da casa, a concentração principal da família é nela, e é onde a equipe de arte mais precisou trabalhar, afinal como já dizia um amigo é muito mais fácil arrumar as coisas do que fazer uma bagunça convincente, e aqui souberam bem fazer isso. Além dos elementos cênicos presentes visualmente, o uso do filme de máfia "Os Bons Companheiros" com De Niro como principal também foi uma das sacadas mais exemplares do filme, pois foi sem dúvida uma das melhores cenas ele explicando a história no debate. A fotografia usou planos bem tradicionais e misturou o uso de paletas escuras, mas sempre iluminando bem para não ficarmos sem visão de nada.

Enfim, é um filme com um potencial enorme para ser usado que derrapou apenas em ficar com um tom morno de comicidade, já que poderia escrachar bem e divertir mais os espectadores. No geral até podemos nos divertir com o que é mostrado, mas nada muito além disso. Fico por aqui agora recomendando apenas com essa ressalva de ir sem pretensões de gargalhar, mas volto no fim da tarde com mais uma comédia, daí vamos ver se sairei do final de semana com pelo menos uma risada ao invés de sorrisos. Abraços e até mais tarde pessoal.


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