É interessante ver a quantidade de filmes que têm saído dos quadrinhos para a telona, e mesmo que você assim como eu foi assistir sem que soubesse que "Dose Dupla" também é um, com toda certeza acabaria remetendo facilmente pelos trejeitos dos personagens, pelas coisas que ocorrem e principalmente pelos créditos finais todos desenhados. Pois bem, agora que já sabemos fica até mais fácil entender e até gostar mais do que é mostrado nele, pois acabamos adentrando a outro estilo de filmes e não ficamos presos apenas na ficção tradicional, pois quadrinhos sempre são mais exagerados, ainda mais se for policial. Então dito isso, o longa é bem bacana tanto no quesito de ação quanto nas boas piadas e sacadas, além de possuir diversas reviravoltas no roteiro, algumas até confusas demais, que fazem dele algo divertido e bem feito para assistir numa noite tranquila.
A sinopse nos mostra que Robert "Bobby" Trench e Michael "Stig" Stigman trabalham juntos há dez meses e tentam fazer negócios com Papi Greco, um poderoso traficante mexicano que atua nos Estados Unidos. Como Papi está desconfiado da dupla, se recusa a negociar com eles. A saída então é roubar um banco que, supostamente, receberia o faturamento deixado toda semana por capangas do traficante. Entretanto, a quantia disponível no cofre é muito maior do que Bobby e Stig imaginavam, o que deixa claro que há mais gente envolvida na situação. O que nenhum dos dois imaginava era que o parceiro fosse um agente infiltrado, com o objetivo de desbaratar Papi Greco: enquanto Bobby era da Narcóticos, Stig integrava o setor de inteligência da marinha.
O roteiro é bem trabalhado, mas como disse, a quantidade de reviravoltas nos deixa bem confusos em diversos momentos, o que não é bom para uma trama policial sem ser de suspense. Filmes de ação pedem linearidade e apenas piadas bem sacadas para que o espectador se divirta e sai contente com o que viu. Porém isso não estraga a boa interação que o diretor conseguiu fazer tanto entre as cenas quanto com a boa dupla de atores, que estão em perfeita sintonia para fazer com que o filme tenha um resultado mais do que expressivo. Alguns momentos poderiam ter até um pouco mais de ação, principalmente o começo que demora a deslanchar e passar mais interesse ao espectador, mas no geral a forma rápida de movimentos de câmera agrada bastante.
Fazia tempo que não via uma dupla masculina com tanta sintonia como vi hoje entre Denzel Washington e Mark Wahlberg, de forma que não sei se haverá continuidade na série, mas gostaria de vê-los juntos mais algumas vezes. Denzel ultimamente tem ido bem devagar com seus personagens de forma que aparenta estar um pouco cansado de atuar freneticamente como fazia, mas com seu jeito devagar acaba conquistando bem o público. Mark já atua de forma inversa, mas incorporou um personagem tão interiorano que em alguns momentos parei para pensar de onde no meio do deserto americano saiu esse personagem? E isso não condiz com um militar, mas no quesito química com seu "parceiro" caiu muito bem. Edward James Olmos faz o traficante mais cliché possível, com direito a torturas, sotaques e tudo mais, porém suas cenas são tão divertidas que acabamos gostando dele. Paula Patton é muito bonita e faz bem seu papel, mas sua inserção na trama é a mais confusa das reviravoltas da trama, tanto que soam inexpressivas suas ações em diversos momentos, mas isso é mais um problema de roteiro do que da própria atriz. Um grande destaque embora apareça em poucas cenas é Bill Paxton que faz as melhores ligações da trama e cai muito bem como vilão. Os demais acabam tendo participações menores ainda, então nem convém falar muito, apenas poderiam ter feito um pouco mais nas suas cenas.
O visual desértico que conseguiram dar para a trama nos faz lembrar os filmes de faroeste, além da quantidade de tiroteios e toda a sintonia existente na trama, porém a equipe de arte faz questão de deixar bem claro que não é um faroeste ao trabalhar com elementos cênicos mais atuais, deixando esse conflito estético para aqueles que olharem de forma mais técnica. Não digo que tenha ficado ruim, apenas ficou um pouco confuso. Já a fotografia não teve dúvida alguma, se assegurou que o gênero era um misto de policial com faroeste e mandou ver na paleta amarelada, que acabou ficando interessante e bem usada.
Enfim, é um bom filme que poderia ser bem melhor se o roteiro e a direção se decidissem à que rumos deveriam tomar, pois ficaram oscilando tanto entre o suspense policial cheio de reviravoltas com o faroeste de ação que saímos da sala apenas rindo das boas piadas sem saber realmente o que assistimos. Espero que talvez tentem fazer um segundo filme para corrigir isso, já que os quadrinhos de Mateus Santolouco aparentaram ser bem interessantes. Fico por aqui, mas ainda temos mais dois filmes para conferir nessa semana cinematográfica, então abraços e até bem breve pessoal.
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