Filmes de ficção científica nunca foram aqueles que eu fiquei esperando desesperadamente para ver, mas confesso que "Elysium" tinha um quê a mais que até estava com um certo aguarde, a estreia de Wagner Moura no cinema americano, e olha que se antes Hollywood apenas o conhecia por cima como Capitão Nascimento, agora seu Spider com toda certeza circulará por um bom tempo nas mesas dos produtores de lá. Mas vamos falar mais dele lá pra baixo, quanto do filme, possui uma história bem interessante a qual nem precisaria ir muito longe e sair do planeta para ver que muito do que anda ocorrendo no mundo anda tomando alguns pequenos rumos que quem for conferir verá e isso não é nada bom, portanto mais uma vez o Sr. Neil Blomkamp dá pequenos tapas com luva de pelica usando toda a tecnologia e a ficção para afrontar algo um pouco maior. Claro que fazendo isso acaba criando alguns pequenos defeitos, mas não chegam a atrapalhar o grande mérito que um elenco perfeito pode fazer por um filme.
O filme nos mostra que no ano de 2159, existem duas classes de pessoas: os ricos e abastados, que vivem numa estação espacial chamada Elysium, e o resto, que vive numa Terra arruinada e superpopulada. A Secretária Rhodes, uma oficial durona do governo, fará de tudo para garantir que as leis anti-imigração sejam obedecidas à risca, para preservar o luxuoso estilo de vida dos cidadãos de Elysium. Isso não impedirá o povo da Terra de tentar entrar, de qualquer forma possível. Quando o azarado Max é colocado contra a parede, ele concorda em participar numa assustadora missão que, se bem sucedida, não só salvará sua vida, mas pode trazer igualdade nestes mundos polarizados.
Um ponto bem interessante que achei do roteiro é a forma escancarada que o diretor faz sua crítica social juntamente com muita tecnologia e aliado à isso ele foge muitas vezes de cenas que seriam vistas de forma bem cliché usando apenas uma ou duas voltas que acabam deixando o longa mais bacana de se ver. Apenas ficou faltando um detalhe para que o filme ficasse perfeito, colocar algum confronto dramático mais forte, pois mesmo o personagem de Damon sabendo que tem pouco tempo de vida, em momento algum ele chega a se desesperar fortemente e nem passa esse desespero para o espectador, que acaba vendo o filme sem ficar afobado esperando uma finalização. Blomkamp consegue repetir o sucesso do seu primeiro filme "Distrito 9" fazendo bem o que sabe que é botar tudo num único pacote sem criar separações de trama, mas assim como no filme alienígena não temos o momento surpresa nem algo que fizesse todos no cinema saírem sem ar, o que é uma pena, pois o que foi bom poderia ser excelente, afinal o elenco mostrou querer muito que o filme decolasse. Agora um ponto que me desapontou muito na montagem foi o exagero de repetições de cenas, pois isso é praticamente chamar o espectador de burro, falando: "ó, você não lembra bem o que disseram no começo, então olha aqui de novo", e quando fazem uma vez até passa, mas o diretor abusa e faz pelo menos umas 5 vezes que lembro de ter contado.
Mas afinal, o que esse elenco fez de tão bom pra esse Coelho mala não parar de falar dele, pois vamos lá. Se você achou que em "A Dama de Ferro" já tinha visto uma mulher bonita que ditasse os poderes com uma postura muito mais forte que muito macho por aí, você ainda não tinha visto Jodie Foster nesse papel onde só faltou ela bater em alguém, sinceramente gostaria de um prequel onde mostrasse mais do personagem dela, pois a atriz faz muito bem tudo. Matt Damon é um dos atores que mais oscila em Hollywood, fazendo alguns filmes de forma mediana e em outros mostrando toda sua desenvoltura, aqui ele está muito bem e consegue demonstrar diversos sentimentos usando sua expressão, além de ter um ótimo final pelo menos na minha opinião. Sharlto Copley faz um vilão dos mais mal encarados possível e incrivelmente agrada com toda sua maldade, e esse mérito é todo do ator que não economiza trejeitos estranhos faciais para ir fundo na briga. Agora vamos aos brasileiros Alice Braga e Wagner Moura que fizeram um dever de casa da melhor qualidade, Alice pode até parecer inexpressiva em alguns momentos, mas quando entra com a alma de mãe defensora não tem quem a segure e ela consegue passar muito bem tudo isso, apenas gostaria de um pouco mais dela nos momentos tensos não fizesse cara de compaixão, mas sim de raiva que caberia mais ao momento. E quanto a Wagner Moura sinceramente não consigo imaginar outro ator para o papel, literalmente incorporou o imigrador ilegal tecnológico com toda sua maluquice e sua expressividade foi muito além do que já conhecíamos do ator, estando numa forma que se o filme não fosse da entrada de Damon em Elysium, com toda certeza Wagner acabaria ofuscando e muito o protagonista. Dos demais atores apenas vale destacar William Fichtner que com sua expressão quase sem movimentos em muitos momentos até pensei que ele fosse um robô ao invés de um ser humano e isso ficou bem interessante de ver na tela.
O trabalho técnico da equipe de arte é outro fator que tem de ser muito aplaudido, pois contando com armas bem tecnológicas, exoesqueletos bacanas e duas cidades muito bem montadas é de cair o queixo com tudo que foi feito. Elysium em alguns momentos parece com o brasileiro "Nosso Lar" com tudo muito puxado para o branco e arborizado, com muitas mansões lindíssimas que com muita certeza qualquer um gostaria de morar. Em contraposição a Terra tem conglomerados de favelas que muitos moradores das favelas brasileiras logo irão se inspirar para sair das pequenas lajes e partir logo para os super-prédios de favela do filme. Achei a máquina de cura um pouco pobre demais e poderiam ter mantido o lado clean, mas colocando um pouco mais de tecnologia nela. A fotografia trabalhou com uma gama bem trabalhada de paleta de cores, oscilando entre o branco estourado em Elysium e o marrom amarelado na Terra para sujar bem o povo daqui. Ou seja, um trabalho impecável da técnica que inclusive contou com efeitos especiais bem interessantes que agradaram sem que parecessem falsos.
A trilha sonora do novato Ryan Amon tem uma pegada bem interessante que mistura de forma inteligente as velocidades que a trama tem, oscilando desde momentos mais agitados até os mais calmos e com isso acerta a mão. Talvez pudesse ter colocado algo mais tenso para ajudar a criar a tal dramaticidade que gostaria de ver nos sufocando, mas acho que apenas a trilha não resolveria.
Enfim, é um bom filme que poderia até ser melhor. Fiquei até o último milésimo dos créditos na esperança de mostrar algo que indicasse uma continuação, mas infelizmente não teve nada. Quem sabe dá uma maluquice no diretor e resolva continuar, afinal até dá para trabalhar algo em cima. Quem gostar do gênero dificilmente sairá decepcionado com o que verá, mas quem não for muito adepto talvez se queixe do exagero de câmera na mão nas cenas mais corridas. Vale pelo menos o ingresso para ver Wagner Moura mostrando que os atores brasileiros podem fazer bonito em Hollywood. Fico por aqui hoje, mas amanhã já teremos mais críticas de filmes por aqui, então abraços e até mais pessoal.
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