Invocação do Mal

9/14/2013 12:47:00 AM |

Vou começar meu texto com uma pequena polêmica, afinal será que já posso começar a dizer que James Wan é o novo mestre do terror depois de 3 filmes muito bem dirigidos? Vou voltar na polêmica mais pra frente, mas agora vamos falar do que interessa que é o filme "Invocação do Mal", o qual além de estar sendo muito bem falado por toda a crítica especializada, consegue segurar bem o misto entre tensão e sustos, sem precisar apelar para nada além do que é proposto em sua sinopse. Não pulei tanto da poltrona como fiz em outros filmes, mas confesso que em diversas cenas fiquei bem arrepiado com o que vi, e isso faz julgar que o longa veio preparado para não ficar tanto nos clichés de assustar somente com gritos e volumes elevados da sonoplastia. Também não é daqueles que você fala que não irá dormir umas noites, mas está bem longe de ser as piadas que vinham aparecendo por aí ultimamente. Então a junção boa história com boa direção resultou em algo bem interessante.

O filme nos coloca em Harrisville nos Estados Unidos. Um casal muda para uma casa nova ao lado de suas cinco filhas. Inexplicavelmente, estranhos acontecimentos começam a assustar as crianças, o pai e, principalmente, a mãe. Preocupada com algumas manchas que aparecem em seu corpo e com uma sequência de sustos que levou, ela decide procurar um famoso casal de investigadores paranormais, mas eles não aceitam o convite, acreditando ser somente mais um engano de pessoas apavoradas com canos que fazem barulhos durante a noite ou coisas do gênero. Porém, quando eles aceitam fazer uma visita ao local, descobrem que algo muito poderoso e do mal reside ali. Agora, eles precisam descobrir o que é e o porquê daquilo tudo acontecendo com os membros daquela família. É quando o passado começa a revelar uma entidade demoníaca querendo continuar sua trajetória de maldades.

O ponto forte do filme diferente do que acontece na maioria dos longas do gênero é a história, pois ela está muito bem entrelaçada, fazendo o público não só ficar atento aos detalhes que surgem em escuridões, espelhos e vozes, mas também em toda a ligação que os protagonistas contam, claro que talvez precisaríamos de um outro filme a parte que explicaria mais quem são os Warren, o que deve acontecer logo mais já que foi sucesso nos EUA, mas mesmo não sabendo disso, tudo que é mostrado consegue jogar a tensão lá em cima e arrepiar mais do que assustar, e pra quem gosta desse estilo com toda certeza vai preferir algo mais elaborado que faça você ficar mais tenso do que pulando na poltrona a cada 5 minutos não é verdade? Voltando na polêmica que joguei no primeiro parágrafo, James Wan decolou com a genialidade de "Jogos Mortais", fez alguns filmes medianos durante certo período, mas sempre produzindo muita coisa com o dinheiro ganho na série toda, voltou com um filme tenso e que assusta bastante em "Sobrenatural", que já está para surgir por aqui o segundo que está sendo lançado hoje nos EUA, e agora vem com algo mais cheio de história e pontos intrigantes, ou seja completou todos os gêneros do terror possível e bem, só tenho medo do que vai fazer com "Velozes e Furiosos 7", mas isso é um capítulo a parte do que conhecemos dele, e assim sendo já posso dizer que têm 3 dos filmes de terror que mais gosto sendo feito pelas mãos dele.

É interessante ver atores fazendo papéis bons em filmes de terror, pois geralmente ou só gritam, ou só correm, ou ficam tentando desvendar algo sem ao menos apresentar expressividade, e aqui tirando alguns personagens que praticamente são meio inúteis, ao exemplo do câmera Shannon Kook, o restante agrada muito. Quem não ficar espantado com a atuação de Vera Farmiga no longa não sabe o que é fazer um papel aterrorizante, seu olhar em algumas cenas soam desorientados, mas sempre apavorados mesmo sendo a pessoa que teoricamente vai trazer uma resolução para o caso, sempre gostei de suas atuações e aqui ela foi muito bem novamente. Patrick Wilson já nem deve estar mais dormindo fazendo todos os filmes do diretor e cheio de assombrações a sua volta, mas prefiro ele como o assombrado do que como o desvendador, ficou muito mocinho galã, mesmo se assemelhando bem à foto original de Ed Warren seus trejeitos de bom moço não me convenceram muito, mas na hora que o bicho pega aí sim vi que o ator manda bem. Agora se temos que falar bem de alguém no filme é Lili Taylor, de onde ela tirou inspiração para o personagem, pois o que vemos é ela própria e maquiagem, não temos computação não meus amigos, sua cara aterrorizante nas cenas finais é de ficar lembrando por um bom tempo depois, poderia ter sido menos sonsa no início, mas os acertos finais compensaram mais do que tudo. Ron Livingstone está bacana, mas como sua participação nos fatores mais tensos são poucos, acaba sendo quase um coadjuvante de luxo e não muito mais que isso. As crianças fazem o básico, mas por ser em número exagerado, comprovando que nos anos 60-70 o povo era maluco na quantidade de filhos, acaba que nem todas puderam ser exploradas potencialmente, destacando Kyla Deaver, que anda se especializando em filmes de terror, e Mackenzie Foy que conseguiu superar a separação malévola dos vampiros brilhantes e lobinhos bombados para algo mais demoníaco.

Outro fator muito bom foi a locação escolhida para filmar, que casa tensa meus amigos, jamais nem de graça que eu moraria num lugar desses, muito menos mantendo o péssimo gosto de móveis antigos que simplesmente preferiram manter na casa. Vamos lá em última instância você ganhou uma casa dessas, não é o que ocorre, pois falam que compraram, no mínimo tacaria fogo numas coisas que dão medo só de olhar pra elas. Mas tudo bem Coelho medroso, é um filme de terror, então a obra cênica está perfeita para assustar e parece que a equipe de limpeza nem teve trabalho algum, foi só deixar a terra do jeito sujo que está que ficou ótimo. Ou seja, fui um pouco chato com tudo, mas conseguiram caracterizar perfeitamente a época de modo a ilustrar um lugar afastado e que todo filme de terror gosta de ter. A fotografia granulada e suja conseguiu fazer do longa algo muito bonito, mesmo sendo um terror não fizeram tantas cenas escuras nem apelaram para cenas vermelhas, e isso só prova que não é necessário escatologias para que tenhamos um clássico.

Falar de parte sonora de filmes do gênero terror/suspense é algo que há controvérsias, pois alguns diretores, e James Wan é um deles, gostam muito do clássico aumento progressivo da sonorização conforme a cena vai ficando mais tensa, isso é na minha opinião algo que soa ao mesmo tempo ruim por não pegar o espectador desprevenido e nos fazer rir do amigo do lado sair pulando a cada cena, visto que ele já vai se preparando para algo pior, mas também soa bacana por não precisar somente disso para assustar usando de outros artifícios, então é mais questão de gosto mesmo. E para fazer isso o diretor optou por Joseph Bishara que vem acertando bastante nos principais filmes que optam por essa ideologia sonora.

|Enfim, foi uma sexta-feira 13 interessante que a Warner escolheu para estrear o longa, diferentemente da maioria que costuma lançar no Halloween filmes desse gênero. Aqueles que ficarem com medo pelo trailer, podem ir tranquilos que não é nada tão forte, mas devido à ser baseado em fatos reais pode ser que fique um pouco tendencioso a sair pensando em algumas coisas. Recomendo bastante por ser diferenciado quanto à forma de condução histórica que opta trabalhar mais em roteiro do que em coisas assustadoras mesmo, mas quem não gostar muito de roteiro talvez saia decepcionado ao esperar ser muito assustado durante uma sessão. É isso pessoal, fico por aqui, mas felizmente vieram mais filmes para o interior, então ainda teremos muitas atualizações por aqui. Abraços e até breve.


4 comentários:

Anônimo disse...

Vim seco pra ver se vc já tinha conferido Rush. Como a minha noiva odeia corridas, vou acabar indo nesse terror hoje.
Só topei pq vc resenhou que tem história; se for outro filme trash eu volto pra reclamar contigo! rs...
Eduardo

Fernando Coelho disse...

Olá Eduardo, acabei indo numa festa no sábado, dai que nem consegui ver o filme antes... Mas graças que esse não é frase não... Rss... Do Rush já coloquei hoje a critica. Abraços!!

Anônimo disse...

Vi o filme ontem com a minha noiva.
Começo clichê: casa abandonada caindo aos pedaços no meio da floresta, comprada de não se sabe quem, e, obviamente, com um fantasma de brinde (como manda o figurino). Mas o filme prova que não é necessário jorrar sangue na tela pra se ter um filme de terror. Sem dúvida ele proporciona bons sustos.
Agora, te digo uma coisa, tem muita gente se descobrindo no cinema. Pelo menos um cara se revelou no meio do filme: veio um grito aterrorizado do canto direito da sala que foi se afinando conforme os pulmões se esvaziavam (algo 100% comprometedor). Esse, se tinha dúvidas antes da sessão, já saiu de lá definido.
E o grito desse cara ainda assustou parte do público. Um outro que estava do meu lado chegou a pular, depois, P da vida, xingava o dono do grito desafinado rs...
Eduardo

Fernando Coelho disse...

To morrendo de rir aqui Eduardo... já vi vários filmes de terror assim que descobrimos algumas figuras desse estilo.. kkkkkkkkk pena que dessa vez fui num horário com pouca gente... adoro rachar o bico com isso... na minha sessão só teve duas meninas que se eu acho elas depois da sessão no shopping acho que socava a mão, pois na hora mais tensa as miseráveis resolveram sair correndo da sala, e elas estavam sentadas lá embaixão perto da tela, ou seja, o susto foi maior do que o filme gostaria de passar! Abraços!

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