Filmes biográficos sempre convergirão para um lado que dificilmente agradará a todos que forem assistir pelo seguinte motivo: aqueles que conhecem bem a história da pessoa irão sempre se aborrecer por faltar algo. E vendo alguns comentários na internet, não críticas, pois prefiro fazer primeiro a minha e só depois ler as dos amigos, sobre "Jobs" consegui observar que quem já leu a biografia ou era um apple-fã ficou muito bravo com muitas coisas exibidas no filme, porém como não li e nem sou viciado em coisas da Apple, o resultado que tirei do longa foi algo bem satisfatório no mesmo estilo de "A Rede Social", por mostrar que criadores iniciam querendo apenas fazer algo legal, e quando o dinheiro sobe para a cabeça ninguém fica na frente, nem mesmo os amigos.
O filme mostra a história da ascensão de Steve Jobs, de rejeitado no colégio até tornar-se um dos mais reverenciados empresários do universo da tecnologia no século 20. A trama passa pela jornada de autodescobrimento da juventude, pelos demônios pessoais que obscureceram sua visão e, finalmente, pelos triunfos que transformaram sua vida adulta.
Um fator interessante que particularmente gosto nas cinebiografias que andam surgindo é que procuram mostrar os dois lados da moeda, não ficando somente no "ah como ele era bonzinho, fez coisas boas, fez tudo lindo e tal", mas mostram que sim o cara pisava na bola, trombava de frente e sim, o dinheiro mexe com a cabeça de qualquer um, fazendo com que até mesmo seu melhor amigo inexista e você passe por cima dele. E essa forma escolhida pelo diretor Joshua Michael Stern, o qual desconheço sua filmografia, de mesmo colocando os podres na mesa, enaltecer os pontos bons com músicas empolgantes de fundo foi perfeita, pois assim como naqueles vídeos institucionais que assistimos em palestras nas empresas, ou em cursos, onde o palestrante joga você lá no buraco com todas as suas falas, mas na hora que quer você todo alegre e motivado, a música vai subindo de volume, como se fosse te dar um gás a mais, e assim como nesses cursos você sai da sala feliz e motivado com o que viu, isso ocorre aqui no filme da mesma forma, emocionando o espectador comum (os quais não se enquadram nos quesitos que citei lá em cima: leitores da biografia e apple-fãs) e agradando muito bem como uma obra de um homem que foi uma lenda nas inovações tecnológicas de uma era. Claro que ficou faltando muito para mostrar, afinal seria impossível mostrar os quase 40 anos que passou a frente da companhia, mas como um início para conhecermos como foi tudo, ficou bem bacana.
Sei também que a maior parte das críticas não favoráveis ao filme são pelo simples motivo de colocarem Ashton Kutcher como protagonista, e olha que tenho certeza de que muitos já foram prontos para falar mal antes mesmo de entrar na sala, mas tirando a forma de andar, que realmente não sei se Jobs andava parecendo um orangotango esquisito, achei bem coerente sua forma interpretativa que adotou, tendo uma postura bem diferente do que costumamos ver em seus filmes onde soa sempre mais desleixado, então acabou saindo bem. Josh Gad, que também esteve presente no outro filme tecnológico da semana "Os Estagiários", conseguiu fazer um papel verdadeiro e emocionante, por tentar ser sempre o amigo e estar junto, mas acabando sempre esquecido, sua cena principal sem dúvida alguma é sua despedida do amigo, mas sua apresentação do primeiro computador da Apple também ficou bem intensa e interpretada. Dermot Mulroney também soube dosar bastante sua carga dramática de forma a coincidir com a trama, pois em certos momentos poderia gritar, falar mais algo, mas não sempre coeso e numa linha tênue de interpretação fez com que seu personagem tivesse até mais importância do que talvez devesse ter no filme, subindo de posto de coadjuvante para a linha dos protagonistas. Tivemos outros atores que fizeram bons papéis, mas como suas participações foram bem pequenas para dar tempo de todos, acabaram não se destacando muito, porém um que vale a pena ser citado pela força interpretativa que colocou em vários atos do filme é J.K.Simmons que em vários momentos se eu fosse o dono da companhia teria mandado embora no primeiro grito.
O trabalho de época que a equipe de arte fez ficou bem interessante por mostrar detalhes inteligentes do mundo nerd, sem precisar apelar para clichés tradicionais e, além disso, souberam trabalhar bastante com as maquiagens para que os protagonistas ficassem mais próximos do real pelas fotos que possuíam. A fotografia usou o tradicional de filmes de época que é jogar a gama de cores pra tons amarelos, ficou bacana, mas poderia ter sido mais original. Porém como é um drama nem podemos querer muita diferenciação de causa, então ficou agradável pelo menos.
A equipe de trilha sonora, como disse no início, trabalhou bem tanto nas orquestradas para dar o lance motivacional que chamou atenção no filme, como nas escolhas cantadas que acredito terem vindo proveniente dos gostos musicais do próprio Steve Jobs.
Enfim, é um filme bacana, interessante e inteligente que acredito que ou você irá gostar ou odiar, não ficando no meio do caminho. Poderia ser melhor, mas agrada no geral que se propõe. Recomendo principalmente para quem gosta de tecnologia para conhecer mais como é a vida de sonhadores quando conseguem ganhar dinheiro. Fico por aqui agora, mas hoje ainda confiro mais um filme e volto aqui mais tarde para postar sobre ele. Então abraços e até mais tarde.
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