Alguns dramas são bem feitos no contexto histórico que se enquadram, mas esquecem de colocar a pitada que instigue o espectador a querer ver mais e isso aliado à falta de ritmo para a trama, faz com que se torne monótono conhecermos a vida de uma das estrelas mais famosas do gênero pornô em "Lovelace". O fator intrigante mostra também que embora a atriz seja bem mais conhecida pelos poucos momentos pornográficos de sua vida, ela tentou ganhar fama como combatente da prostituição e da violência feminina, mas isso o filme fez questão de destacar em uma única cena, ou seja, se queria tentar deixar a fama pornográfica não conseguiu com um filme biográfico, mesmo ele mostrando tudo que sofreu.
A sinopse da Cinebiografia de Linda Lovelace, retrata como ela foi de uma garota de família tradicional à protagonista do clássico do gênero pornô "Garganta Profunda". Ela entrou no meio através de seu abusivo marido Chuck Traynor, mas acabou não seguindo a carreira de atriz pornô, chegando até mesmo a militar contra a indústria pornográfica após se casar com Larry Marchiano.
Embora exista o conflito da violência doméstica, em momento algum o roteiro nos põe para imaginar ou até mesmo ficar com raiva do marido da protagonista, sua linearidade e suas crises já são demonstradas logo de início e isso não chega a incomodar. E com isso o filme ficou parecendo aqueles registros que algumas pessoas fazem para mostrar como foi sua vida para alguns amigos na qual os amigos já conhecem boas partes do que será mostrado, então assistem, comentam alguns detalhes e saem da sala apenas cumprimentando os anfitriões dizendo em um tom nada animador: "legal a sua história". Não sei se o livro tem esse mesmo ritmo, mas os diretores poderiam ter apimentado um pouco mais misturando sua história com seu movimento contra a pornografia, que com certeza tornaria a experiência dos espectadores mais forte e interessante.
Para compensar a falta de interesse no filme, os atores pelo menos tiveram uma desenvoltura bem forte, afinal Amanda Seyfried é uma das atrizes que mais tem aparecido nas telonas mundiais e que costumeiramente tem todo um ar angelical em sua face fazendo uma pessoa que aparentou ser bem polêmica ficou um pouco estranho, mas mostrou que ela é capaz de fazer qualquer tipo de personagem, mesmo encarando isso como um desafio, o único problema é que Linda Lovelace acabou ficando bem mais bonita do que realmente era. Peter Sarsgaard surpreendeu em fazer um homem rude e de personalidade marcante, e acabou chamando mais atenção para si do que a própria protagonista em si. É estranho ver Sharon Stone fazendo uma mãe ríspida, ainda mais com um visual tão diferente do que estamos acostumados a vê-la, mas no geral consegue agradar mesmo participando apenas de 3-4 cenas. Um ponto que gostaria de saber é quanto Hugh Hefner sendo o grande dono da Playboy pagou para ter um ator todo cheio de charme interpretando ele, pois nunca vi uma foto dele que parecesse o personagem de James Franco todo galã, mas que também nem foi muito usado, aparecendo em 3 cenas para dizer meia dúzia de palavras.
Uma grata surpresa do filme foi ele ter sido filmado em 16mm o que deu uma gramatura muito interessante para ele da mesma forma que eram feitos os longas na época em que se passa, e isso fez com que a fotografia trabalhasse sempre com muita luz, pois senão teríamos algo tão sombrio de escuro que era capaz de termos um longa de terror ao invés de um drama. Junto a isso, a equipe de arte utilizou excelentes figurinos de época para trabalhar e mostrou toda a pompa que eram algumas das estreias. Talvez pudessem ter trabalhado um pouco mais nos interiores das casas, mas como foram feitas tomadas bem rápidas nesses ambientes, quase não conseguimos observar detalhes ali.
Enfim, como disse no início ficou um longa vazio com um conteúdo que poderia ser extremamente bem explorado, mas optaram por deixar mais leve. Talvez algumas feministas de plantão até gostem dele, mas garanto que não foi nada demais para erguer a causa de um movimento. Sinceramente esperava bem mais do longa do que foi mostrado na telona, pois poderia ter um nível de polêmica acima da média, e não chegamos nem perto de existir a possibilidade de uma discussão sobre ele. Encerro aqui hoje, mas nessa semana ainda teremos mais vários posts por aqui, então abraços e até breve pessoal.
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