Com certeza algum site já fez essa piadinha, mas vou fazer também: "Se Puder... Dirija"... até outra sala e veja outro filme, essa é a recomendação mais certeira que posso fazer do filme que se coloca como o primeiro filme live-action brasileiro em 3D. E antes de qualquer coisa fica a pergunta pra que fazer uma comédia em 3D? A resposta é a mais breve de todas, para ganhar mais dinheiro com ele, afinal sendo uma comédia das mais fracas possível, logo não encherá salas, ao exemplo da sessão que fui hoje tinha 20 pessoas no máximo que contei, então essa acaba sendo a única explicação, pois alguns estão dizendo que é para sentirmos juntos dentro do carro com o protagonista, mas é a explicação mais chula possível, pois em hipótese alguma isso se faz necessário, diga-se de passagem nem o filme se faz necessário uma vez que comédias foram feitas para rir, e novamente sai da sala sem ao menos esboçar um sorriso, e tirando um senhor na sala que quase mijou de tanto rir na cena do banheiro, o restante também ficou imóvel durante toda a exibição.
O filme nos mostra que João trabalha como manobrista de estacionamento, está separado de Ana e virou pai ausente de Quinho. Infeliz no amor e na família, ele quer reverter esse cenário e promete para a ex que irá passar um dia daqueles com o filhão. Para isso, ele resolve pegar "emprestado" o carro de uma fiel cliente do estacionamento onde trabalha com Ednelson. O problema é que a saidinha simples acabou virando uma complicada aventura. Agora, João precisa devolver o carro antes que sua dona descubra que seu carro saiu para "passear" com outro motorista, mas a tarefa não vai ser nada fácil para eles.
A ideia em si é boa, e pegando a leva de filmes de sucesso como "Se Beber Não Case", "Projeto X" e até mesmo o mais recente e brasileiro "O Concurso", essa onda de deslizes que vão piorando a cada ato está no meu ver apenas no começo e veremos ainda muitas outras produções desse estilo, porém o diretor e roteirista Paulo Fontenele se prendeu tanto ao merchandising e ao 3D que esqueceu de um pequeno detalhe para que a produção funcionasse: colocar comédia engraçada e não apenas algumas esquetes cômicas jogadas de piadas para criança de 5 anos entender. E dessa forma o que poderia dar tudo certo para o cinema nacional foi por água abaixo mostrando que na cidade do Rio de Janeiro todo mundo possui um Renault, o ladrão por mais besta que seja fica batendo no vidro e o motorista argumenta sem sair do lugar mesmo com o semáforo abrindo, entre outras coisas absurdas que ocorrem no filme. Ou seja, quando você acha que o cinema nacional vai decolar aparece uma âncora para que o público reclame que nosso cinema não presta.
Embora tenhamos diálogos bem bobos, alguns atores pelo menos tentaram dar seu máximo para que a produção funcionasse, por exemplo, o próprio Luis Fernando Guimarães faz suas interpretações tradicionais que estamos acostumados a ver, tentando ser o máximo engraçado que pode, mas é difícil tentar tirar leite de pedra quando a história também não ajuda. O garotinho Gabriel Palhares tem ao mesmo tempo seus momentos que fofo, mas precisaria de uma orientadora de elenco mais forte, pois é notável a quantidade de cortes que foram preciso para que a câmera não pegasse ele fora das cenas que diz algo, porque quando não estava falando ficava parado estático igual uma múmia. Se a trama tivesse focado um pouco mais em Leandro Hassum, tenho minhas dúvidas, mas acredito que o longa se salvaria pelo menos como mediano, pois ele sabe fazer rir, mesmo que de forma forçada, as suas cenas são as que mais ficaram interessantes e divertidas. Eri Johnson poderia também ter uma cena um pouco maior, talvez até tenha existido algo na cena do parto, mas foi cortada, pois ele assim como Hassum com certeza seriam os nomes para salvar o filme. Bárbara Paz e Lavínia Vlasac ganharam o prêmio apareça correndo, diga algo e faça algumas caras e bocas que tá valendo, sem elas o filme seria a mesma coisa. Reynaldo Gianecchini e Lívia de Bueno conseguiram o feito de cena estúpida de olhares, caras e romance que acho que nem "Os Trapalhões" tiveram a ideia de fazer tão mal feita. Os demais é melhor eu nem falar para não piorar mais ainda a queimação de filme que estou fazendo.
O visual do filme embora seja praticamente só o carro da Renault, que ficou faltando um tour 360° pelo interior do carro para conhecermos mais ele, nas cenas iniciais tiveram uma preocupação interessante com a cenografia para mostrar os recursos do 3D, colocando plantas, balões, papel picado e até mesmo carros dando ré e estacionando no meio da sala do cinema, mas o contexto do filme não ficou útil nada do que utilizaram senão o carro mesmo. A fotografia conseguiu trabalhar bastante com cores vivas puxando sempre pro tom alaranjado que dá tema ao pôster, mas como os ângulos ficaram sempre no tradicional ou puxado pra algo que funcionasse o 3D, nem temos tanto o que fosse criado. Como disse o 3D até ficou interessante no quesito profundidade e em alguns elementos que saem da tela, mas sem função dramática nenhuma para a linguagem cinematográfica, então é desnecessário.
Enfim, como disse no começo, se tiver qualquer outra opção vá ver ela ao invés desse, e se não tiver economize e fique em casa. Falo isso com um pesar enorme no coração, pois como sou produtor também, torço demais para que filmes brasileiros decolem, mas não dá para elogiar algo que faltou comédia e usou de um recurso onde não era necessário apenas para tentar vender mais. Fico por aqui hoje, mas amanhã confiro o último dessa semana para falar minha opinião para vocês. Então abraços e até amanhã.
2 comentários:
História sem graça, sem sal e sem clímax.
Cara, eu não sei o que é pior: o cinema nacional ou o teatro!
A maioria é muito abaixo da média, parece que produzem qualquer coisa pra ganhar dinheiro. Quando você vê um filme um pouco melhor já se surpreende. E no teatro é 90% de certeza que o dinheiro gasto não vai valer a pena. Ambos raramente valem o quanto custam.
O problema amigo é a forma financiada brasileira que infelizmente propicia à isso... os caras conseguem incentivo fiscal e tudo mais para financiar um filme ou uma peça apenas por fazer, sem pensar em algo comercial que vá agradar o público para ter renda para fazer um novo filme/peça, o que difere de obras estrangeiras, que o governo ou financiadores obrigam a ter retorno para poder liberar um novo valor... aqui do jeito que é, o caboclo capta a verba, faz o filme, deu lucro ou não já tá pago e seja feliz, daí vai fazer algo novo é só bater na porta dos financiadores novamente e amém!!
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