No Lugar Errado

10/29/2013 01:10:00 AM |

Filmes experimentais ou são geniais quando conseguem acertar roteiro, atuação e enquadramentos, ou se erram qualquer detalhe vai tudo pro buraco. E infelizmente o que ocorre no filme "No Lugar Errado" é tanto atores de nível fraquíssimo que não conseguem dar conta do roteiro, quanto as cenas colocadas fora do palco apenas para dar acima de 70 minutos para ser considerado um longa e não um média-metragem, o que acho inadmissível, pois captar verba como sendo longa e encher linguiça para dar o tempo é falta de criatividade.

A sinopse é bem simples e não espere ver mais do que está escrito nela na tela: Quatro grandes amigos se reúnem após um longo período de tempo separados e, após alguns drinks e conversas, fatos incômodos sobre as relações deles começam a surgir.

O fator inusitado de gravar uma peça para ser transmitida num cinema já é algo interessante, e o fato de a cenografia praticamente inexistir, já que são dois pufes jogados no chão, um pedaço de pano que se passa por tapete, latas, garrafas e os protagonistas que servem na maior parte como elemento cênico, já que ficam calados parados diversas vezes apenas refletindo e gastando tempo de duração. Já estou sendo enfático e até chato nesse quesito, pelo seguinte motivo, sei o quanto é duro captar verbas para um filme, e o primeiro ato que determina conseguir ser aprovado em leis em nosso país é a duração de um filme, já que ou se consegue dinheiro para curtas-metragens ou para longas, enquanto médias acabam sendo jogados às traças, só que o espectador não é bobo de ver um filme que começa a enrolar, enrolar, ficar parado em diversos momentos, por uns carrinhos para passar na rua, mostrar umas cidades, pra quê? Fala que quer fazer uma web-série de 10 capítulos curtos que fica mais bonito, ou então arrecade menos dinheiro e faça um média, ou ainda já que é uma peça, arrecade dinheiro por outras formas para exibir a peça, grave e distribua de alguma outra forma, que sairá muito mais bonito do que enrolar cenas pra nada.

Ok, fui chato em explicar esse fator de captação de dinheiro, mas não pensem que não gostei da história, pois em fato ficaria muito bacana a construção dela vista por outros elementos sem ser necessariamente um palco, apesar de a iluminação centrada num único ponto e filmado tudo em preto e branco ter agradado bastante, mas aí entra o maior problema de tudo, além claro de não ser um longa, a atuação fraca do quarteto. É notável em diversos momentos que eles não conseguiram dominar o tempo para que a trama corresse como deveria ser, e ainda digo mais, nos ensaios a peça deve ter tido duração de uns 40 minutos, aí o diretor e o produtor mais maluco chegou neles que já não eram um time de ponta e falou: meus caros, vocês precisam alongar suas falas e movimentos para que tenhamos uns 60 minutos pelo menos pra que a encheção de créditos e cenas fora da peça completem os 75 minutos e todos saiam felizes e contentes pela floresta negra das leis brasileiras audiovisuais. E os pobres atores caíram na história do vigário, e pioraram o que talvez estivesse aceitável num primeiro ensaio, o que é uma pena, pois ainda gostaria de ver esse texto bem trabalhado na mão de alguém que fizesse jus à colocar a obra nos cinemas.

Bom como já falei da cenografia, da fotografia e da atuação sem alongar muito no texto, apenas digo que relações com namoradas de amigos e bebida não combinam, então optem por uma das duas coisas e sejam felizes, pois somar as duas coisas é bomba na certa. Fico por aqui hoje, mas amanhã fecho com o último filme que falta conferir do Festival de Cinema de Ribeirão Preto, que continua até na quinta com a programação que você pode ver aqui, e na quarta fecho a semana com a última estreia que deixei para ver propositalmente por último orando para que seja razoável pelo menos. Abraços e até mais pessoal.

PS: Estou sendo bonzinho na nota por ter gostado da iluminação, da captação em preto e branco, e da história, mas se colocar o conjunto da obra como foi feito, a situação com certeza reduziria uns bons coelhinhos da nota.


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