Fazia muito tempo mesmo que não assistia a um filme praticamente em slow-motion, que de tão devagar quase volta pra trás, mas o melhor e mais engraçado é que o filme "O Futuro" com sua ideologia existencialista ocultada nos diálogos consegue ser ainda bem fofo, principalmente nas falas do gatinho que são muito bem encaixadas pra trama e agradam na medida, de forma que poderia ficar mais nele do que nos atores que embora atuem de forma correta, suas falas pausadas cansam demais.
O filme mostra que Sophie e Jason são um casal de classe média, com empregos pouco satisfatórios, e que decidem ter a experiência de cuidar de um filho durante um tempo, por isso optam por adotar um gato em fase terminal. Diante da responsabilidade que a adoção de um ser vivo representa, eles se angustiam e começam a buscar possibilidade de escapismo. A partir daí, do amadurecimento forçado, a perspectiva de vida do casal muda radicalmente, o que colocará em prova a fé deles em si próprios e nos outros.
O roteiro criado por Miranda July, que dirige e protagoniza também, é bem interessante pelo fato de conseguir adaptar as mudanças que muitos sofrem com a vida conjugal, antes mesmo até de casar, tanto que existem milhares de ditados populares que refletem sobre as responsabilidades e dúvidas que ocorrem com as pessoas quando decidem ter filhos, entre outras coisas de casais. Mas acredito que para dar tempo de querer ser Deus e estar em 3 lugares ao mesmo tempo, a diretora optou por um ritmo exageradamente devagar, que somente os fortes aguentarão assistir o longa num cinema sem dar ao menos algumas pescadas. Só tomem cuidado pro seu peixe não ser comido pelo gato fofo que está doente, mas que não é bobo e pode comer ele. Mas tirando esse fato da lentidão exagerada, a trama até conduz de forma interessante e até bonitinha seu conteúdo, que mesmo não dando nenhuma grande lição para o público, acaba servindo para observarmos alguns fatores humanos de nossa personalidade.
A atuação do casal protagonista é bacana, tendo uma química estranha entre eles, mas acaba até existindo algo, porém o filme já deve estar na lista de todas as escolas de idiomas, pois falam tão pausadamente cada trecho do roteiro que até a galera do nível mais básico de inglês é capaz de enter cada sílaba da palavra e quase que dá tempo de com um dicionário na mão ir traduzindo simultaneamente. A diretora Miranda July agrada com sua atuação mesmo sendo extremamente estranha, tanto no quesito visual como nos trejeitos visuais que usa. Hamish Linklater consegue fazer boas expressões durante todo o filme, além de sempre estar bem colocado em relação aos planos escolhidos, valorizando sua interpretação, mas exagera mais do que a diretora no slow parecendo que está drogado na maior parte do filme, aliás dá pra ter certeza quando conversa com a Lua. David Wharshofsky deve estar se gabando até agora das frases que foram entregues para dizer, pois não é nenhum ator bonito para se achar tanto, e também não faz nenhum tipo para ao menos parecer o que o texto demonstraria. A voz do gatinho também é da diretora, então melhor nem falar do acumulo de funções não é mesmo? Mas aqui pelo menos ficou bonitinho.
O visual que a equipe de arte montou é bem simples, e mesmo passando por 5 locações diferentes, nenhuma possui elementos exagerados que deem algum sentido maior para a trama. Em sua maioria todos estão ali apenas para composição de cena mesmo e não para idealizar algo. A fotografia poderia, mesmo não sendo um filme alegre, ter usado cores mais vivas que melhorariam o humor da trama pelo menos, pois com a velocidade lenta e imagens escuras, fica como falei no início um ótimo pretexto para dormir.
Enfim, é um filme que algumas mulheres vão gostar até mais do que homens, por ter a fofura do gato, quem acaba saindo melhor é o personagem feminino, e tudo mais, mas que só recomendo pelo contexto da história, e mesmo assim com a ressalva de não assistir ele se estiver cansado, pois a chance de dormir aumenta mais ainda. Fico por aqui hoje, encerrando a minha participação no Festival de Cinema de Ribeirão Preto, que continua ainda até quinta, mas já conferi todos os filmes, então amanhã apenas complemento com a última estreia da semana que falta assistir e já fico preparado para a próxima que também contará com o início da Itinerância da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Então abraços e até amanhã pessoal.
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