Os Suspeitos

10/17/2013 02:43:00 AM |

Fico impressionado quando leio esses escritos que colocam em cima dos pôsteres nacionais de filmes, dizendo geralmente algumas inverdades as vezes para vender o filme, afinal de tirar o fôlego eu não diria, mas repleto de suspense e forte com toda certeza é, depois mudam o título original para algo que ou mude o contexto que a história quer passar ou revelam já de cara o que vai acontecer, nesse caso vamos optar pela primeira opção. Dito isso, posso até tirar alguns espectadores de "Os Suspeitos", mas não se aborreçam, pois apesar de tudo que disse, o filme ainda vale muito ser visto pela quantidade enorme de reviravoltas e principalmente pelo casting de deixar qualquer um de queixo caído, afinal estão os melhores atores de Hollywood reunidos para deixarmos mais confusos a cada momento com suas atuações perfeitas, então não se culpe se a cada 10 minutos você resolver incriminar um personagem, pois é totalmente normal num filme desse estilo.

O longa nos situa na cidade de Boston nos Estados Unidos, onde Keller Dover leva uma vida feliz ao lado da esposa Grace e os filhos Ralph e Anna. Um dia, a família visita a casa de Franklin e Nancy Birch, seus grandes amigos. Sem que eles percebam, a pequena Anna e Joy, filha dos Birch, desaparecem. Desesperadas, as famílias apelam à polícia e logo o caso cai nas mãos do detetive Loki. Não demora muito para que ele prenda Alex, que fica apenas 48 horas preso devido à ausência de provas contra ele. Alex na verdade tem o QI de uma criança de 10 anos e, por isso, a polícia não acredita que ele esteja envolvido com o desaparecimento. Entretanto, Keller está convicto de que ele tem culpa no cartório e resolve sequestrá-lo para arrancar a verdade dele, custe o que custar.

Lendo a sinopse e vendo o trailer, já dá para sentir um pouquinho do clima do longa, e coloquem mais letras na palavra longa, pois os 153 minutos parecem ser quase 300 de duração, onde o que se vê é algo que praticamente aparenta que não teremos solução, pois o diretor faz tantas reviravoltas na trama que se quisesse poderia resumir o longa pela metade facilmente mantendo a mesma tensão que gostaria, mas fiquem tranquilos, pois terá resolução, porém só bem ao final mesmo, pois antes dificilmente sem que tenha lido qualquer spoiler em algum lugar, ninguém irá acertar seus tiros em querer culpar alguém. Só vou falar um detalhe a respeito do título original "Prisoners" que se traduzirmos em qualquer ferramenta, ou até mesmo num dicionário conceituado nunca irá virar suspeitos, e a ideia do nome original fará muito sentido com relação a tudo que ocorre, melhor até que o nome nacional. Pronto juro que não falo mais nada sobre o que ocorre. Sobre o excesso de mudanças de planos na história que o diretor Denis Villeneuve, em alguns momentos até ficou bem bacana, mas começa a irritar devido a querer brincar com a inteligência dos espectadores, só não vou falar o motivo real senão irei atrapalhar toda a investigação que é o bacana de fazer durante o filme, mas até o personagem de Paul Dano que tem QI de uma criança de 10 anos faria algo que a polícia não fez, só não sei se culpo o roteirista Aaron Guzikowski por fazer isso em praticamente seu primeiro filme 100% escrito por ele, ou o diretor, que tem o costume de fazer isso, afinal assistam "Incêndios". Enfim, sobre a história poderia ser mais curta que agradaria mais, porém como o diretor optou por planos mais concisos e centrados, acaba ficando bacana seguir toda a investigação pelo lado de tentativa e erro, que acaba realmente tornando um processo longo e demorado, como acabou ficando o filme.

Acho que poderia pular esse parágrafo sobre o elenco, pois falar desse time é quase como escalar uma seleção que você tem certeza que ganhará o campeonato. Se você acha Hugh Jackman violento nos Wolverine, você não mexeu com alguma filha dele no filme, o homem vira outro e junte a isso um pouco de bebida, e tenha um personagem monstruoso de bom com ótimos diálogos colocados numa interpretação forte e convincente. Jake Gyllenhaal já fez personagens melhores, mas seu policial engomadinho, afinal fiquei com dó da equipe de maquiagem que deve ter passado todas as gravações colocando gel no cabelo dele, consegue passar toda a sensação de não querer perder uma causa somente com olhares e medindo cada fala para que seja bem pontuada e interessante. Maria Bello acho que realmente tomou os remédios das cenas, pois passa mais tempo deitada no filme que quase esquecemos que atua nele. Dylan Minnette obedece completamente seu pai e também fica na casa o longa inteiro sem dizer praticamente nada, ou seja, se não tivesse um pequeno momento de discussão com o protagonista, praticamente esqueceríamos que fez parte do longa. Terrence Howard tem bons momentos coesos, onde mostra seu sofrimento, mas é coadjuvante muito pequeno para a trama, e poderia ter dado mais pelo filme. Viola Davis sabe como fazer do menor papel um salto dramático, e nas poucas cenas que está enquadrada, consegue chamar toda a atenção para si de forma bem coerente com boa interpretação dos diálogos sem pensar duas vezes. Melissa Leo está irreconhecível visualmente, tanto que demorei muito tempo para perceber que era ela, mostrando mais um bom trabalho da maquiagem para envelhecimento, e também consegue fazer dos seus pequenos momentos algo sensacional para ser muito lembrada talvez até para uma indicação de coadjuvante quem sabe, onde consegue ter um gestual melhor até que de diálogos. Agora se temos de lembrar de alguém que está irreconhecível é Paul Dano que vem evoluindo demais a cada filme que é contratado, e quase não dizendo uma sentença inteira já que seu personagem é meio perturbado, consegue irradiar sensações somente com olhares, o que impressiona demais, estarei no aguardo de um protagonista forte para ele conseguir finalmente uma indicação considerável, pois merece pela evolução. Pra quem nem ia falar dos atores, acabei falando demais deles, então vamos considerar o restante como figuração.

As locações bem velhas, mostram uma cidade bem diferente do que costumamos ver em outros filmes, talvez pelo bairro ser mais deslocado, afinal se considerarmos o tanto que o policial anda de carro na última cena para encontrar um hospital dá pra notar a distância que está do centro que tanto conhecemos em outros filmes. E com isso, o longa capricha nos elementos cênicos para termos em diversos momentos tudo como pistas da investigação, além de trabalhar bem com os próprios suspeitos no quesito visual do figurino. A fotografia soube dosar tanto a escuridão quanto as cenas com chuva e neve, de modo a não ficar nem muito escuro nem claro demais, usando em alguns momentos tons avermelhados que instigam a tentarmos matar algumas charadas, mas na verdade é só sangue mesmo sendo derramado.

O compositor poderia ter sido mais incisivo em alguns momentos para deixar o filme mais tenso e descontrolado, mas optou pela serenidade na maior parte, sem dar nenhuma pista aparente e também não ajuda a ditar um ritmo, o que é uma pena, afinal poderia ter colocado algo que acelerasse tudo e quem sabe a duração passaria mais rápido.

Enfim, é um excelente filme pra quem gosta de policiais com boa dose de suspense, mas se não for muito fã do gênero talvez se incomode demais como percebi em algumas pessoas da sala, que fugiram tão rápido quanto ao acender das luzes do cinema. Mas quem espera ver algo depois ou durante os créditos com a deixa na cena final, pode sair tranquilo que não possui nada. Acredito que se fosse mais enxuto e direto ao ponto, poderia até perder um pouco do charme investigativo, mas seria mais adequado, ou quem sabe se tivessem dado um ritmo mais agitado agradaria também um pouco mais. Porém vale bem o ingresso pelo nível artístico dos atores e também para brincar de detetive tentando solucionar o caso no menor tempo possível. Fico por aqui, mas ainda sobrou dois dessa semana para conferir, além dos vários que virão na próxima, ou seja, teremos muitos filmes ainda pra comentar nos próximos dias por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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