A comédia do absurdo é um gênero que domina muito lá fora e no Brasil ainda assusta um pouco o público que a desconhece, afinal aqui preferem mais o estilo pastelão romântico novelesco do que o absurdo cômico, mas o grande barato desse estilo é que ele mesmo sendo inusitado acaba fazendo você rir de tão surreal que é. Com a quantidade de esquetes inusitadas e misturadas num filme alemão, do qual você só entende a palavra caipirinha, "Vocês, os Vivos" consegue trabalhar bem com situações cotidianas, mas poderia ser melhor se mantivesse a mesma linha do início ao fim, pois seria mais divertido e agradável.
O filme observa o comportamento humano. Sem seguir uma estrutura tradicional, a narrativa acompanha homens e mulheres que vivem situações banais e repetitivas do cotidiano. Do homem bom ao miserável, da alegria ao sofrimento, da autoconfiança à ansiedade. Desta forma, vemos uma garota apaixonada, empresários, donas de casa, criminosos, bêbados... Oscilando entre seus sonhos e a realidade, eles estão condenados à incomunicabilidade.
A história por ser bem aberta e não seguir praticamente nenhuma linha que possamos discutir é um pouco inusitada, mas como vejo da seguinte forma se uma comédia faz rir, ela cumpriu seu papel que foi idealizada inicialmente, então o filme agrada, pois a sala riu do início ao fim da sessão, mesmo o longa decaindo em situações bem sem graça. Claro que por possuir em diversos momentos muito de humor negro, o filme abusa e faz com que algumas pessoas só deem sorrisinhos, mas no geral acaba agradando todos que forem assistir mesmo os que não sejam muito adeptos do estilo. Um fator interessante que o diretor Roy Andersson soube fazer muito bem foi intercalar as situações não insistindo tanto em uma única esquete, o que poderia ser cansativo, então quando ele vê que o momento acabaria ficando chato demais, ele intercala com outro, levanta a moral do filme e volta com a situação anterior para ela ser finalizada, e assim todas acabam ficando boas no geral.
Me recuso a falar de ator por ator, já que passaria horas aqui só pra conseguir escrever os nomes deles, então vou citar apenas as melhores esquetes na minha humilde opinião: a do vizinho que toca tuba e a do julgamento completa desde o motivo ocasionado até a sentença. E a pior sem dúvida alguma a finalização do filme com a cena do pôster.
Os cenários todos coincidiram bem para a trama, agradando mais pelos elementos cênicos que são usados do que pela criatividade em si, pois são em sua maioria bem simples, mas todos sempre bem usados para que a esquete funcione. A fotografia além de bem fora dos padrões que conhecemos, trabalhou demais em tons escuros, o que pra uma comédia é quase tão absurdo quanto da ideia inicial, já que normalmente para fazer as pessoas rirem são colocados coisas claras, mas como o humor apresentado aqui é negro, então vale tudo.
Enfim, foi uma boa abertura do 11° Festival de Cinema de Ribeirão Preto, o longa estará em cartaz nos dias 25 às 21h30 e 27 às 19hs e quem quiser conhecer um pouco mais desse estilo de cinema tão diferente, mas que diverte bastante é uma boa opção para conferir. Por ser um filme que já está rodando diversos festivais há muito tempo, talvez até poderia já existir cópias para serem locadas, mas como é um filme alemão dificilmente aparecerá nas nossas locadoras tão cedo, então fica a dica para quem for da cidade. Encerro o texto aqui, mas nessa semana além das estreias comerciais, irei conferir todos os demais filmes do Festival e irei colocando aqui minha opinião para quem quiser ler. A programação completa do Festival pode ser vista aqui, então abraços, boas sessões à todos e até bem breve.
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